XII.

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━━━━━━━◤Aviso importante ◢━━━━━━━━

*Nesse capítulo contém gatilho*

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Depois de acertar todas suas pendências no hospital, o casal foi para a casa Agreste. O loiro se mostrava bastante preocupado, a menina tentava acalma-lo, mas era apenas um teatro, ela não estava bem, sentia a necessidade de se mostrar indiferente, para que não afetasse as vidas a sua volta; o problema era que já estavam todos afetados.

- Você deve estar faminto, pode ir na frente, me deram comida no hospital; irei tomar um banho e já desço para jantarmos. - Disse docemente.

A garota foi para o banheiro repetindo a famosa frase, "eu estou bem", uma fachada. O loiro que sentia a bambeza por não ter comido nada até o momento, desceu até a cozinha para jantar. Ele tentava não pensar em todo o sofrimento de mais cedo, sem embargo a voz da garota pedindo ajuda ecoava em seus ouvidos.

- Adrien... - Ela choramingou.

Aquela garota forte, que foi do caminho do hospital até sua casa com um sorriso no rosto, não era a mesma que tinha sido agredida, não tinha como ser; o desespero dela era nítido. Ela não estava bem, era impossível ela estar bem.

Lembrando do desespero da garota, o loiro começou a pensar o que se passava na cabeça dela. Marinette supostamente já teria tido um relacionamento com aquele homem, sem mudanças ela apanhava, mas ela nunca fez nada; entretanto ela não fazia nada em relação a ser agredida pelo namorado por ter medo dele, ela amava ele; e mesmo que esse amor tenha acabado aquilo ainda abalava ela.

Uma mulher tão forte, decidida, confiante, durona, entre outras coisas que chamavam a atenção do Agreste; Marinette precisou de outro homem para a defender, ela não conseguiria sozinha. Ele pensou com sigo mesmo, se ele que conseguiu bater no homem se sentia inútil, o que sua mulher tão segura de si sentia ao saber que apenas apanhou sem chances de fazer nada, sem poder fazer nada além de apanhar?!

Ela não tinha sido agredida apenas fisicamente, tinha sido agredida psicologicamente. A mulher forte, decidida e confiante agora era um nada. Não se sentia apenas inútil, se sentia suja, fraca, impotente, ridícula; se sentia quebrada de uma forma que causava desespero por saber que não havia concerto.

As pessoas gostam de julgar. Para os de fora tudo tem uma explicação lógica para atos de outras pessoas. Todavia não é bem assim, nunca encontramos boas respostas para nossos atos, algumas respostas só fazem sentido para nós. Egoísmo, uma das palavras mais usadas; sete letras, quatro sílabas, um acento agudo, e a palavra dada quando alguém busca a felicidade ou seu bem-estar. Querer ser feliz não é pecado, porém é egoísmo, uma palavra tão reles como o jeito que é colocada em toda situação possível.

As pessoas acham certo abrir mão de sua felicidade para ajudar o outro, o termo "cada um no seu quadrado" não se encaixa nessa situação. Se você procura a sua felicidade você é egoísta, mesmo se sua felicidade não atrapalhar ninguém, pensar em você é egoísmo. Nada obstante, se você não pensar em si mesmo, quem irá pensar?

É por isso que tudo hoje é julgado como ato egoísta, porque é mais fácil julgar do que entender. A mente é algo complicado, pensamentos não foram feitos para serem entendidos e sim sentidos, sentir o peso que eles têm.

O que faz você pensar em morrer? O que te leva a cortar seus pulsos te causando mais dor? O que te leva a tomar remédios para que você durma, como se dormir fosse fazer a dor passar? O que te leva a fazer um nó no seu pescoço e pular de uma cadeira, ou se enrolar na sua cortina? O que faz você desistir da sua vida? Quão forte é o peso desses pensamentos? Quão forte é a dor no seu peito, ou o sentimento de vazio? Que te consome e te deixa sem ar. Quão difícil é tentar continuar vivo? Sabendo que tudo te machuca. O quão forte é a dor de ter que chorar no banho para que ninguém saiba que você está mal? Se não te chamaram de egoísta.

O Acordo | AdrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora