XV.

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O loiro não teve outra alternativa, ele respirou fundo e foi atrás da mestiça. Sempre ouviu homens mais velhos dizerem que ser amado por uma mulher era prazeroso, mas para isso haveria de ter grande paciência e calmaria. Nunca achou que eles estivessem certos, eles falavam de suas mulheres como se elas fossem dragões de várias cabeças, mas no final eles as amavam e dariam a vida para faze-las felizes. Talvez fosse o que o loiro precisasse fazer, respirar fundo esquecer o resto do mundo, fazer sua mulher feliz iria trazer felicidade para ele, até porque, quando se ama alguém o que te faz feliz é ver esse alguém feliz.

Entretanto as coisas não eram tão fáceis assim, nunca conseguiriam recomeçar do zero, mesmo que o loiro abrisse mão da amargura, ou de sua vingança que acabava de se tornar figurante na história; o orgulho, o medo de sofrer, tudo aquilo era a grande barreira para que Adrien pudesse se libertar e sentir outra vez. Se sentia trancado em uma sala totalmente escura, sem janela, apenas uma porta trancada com mais de sete chaves, uma sala completamente segura, nada nem ninguém o encontraria ali. A vontade de abrir aquela porta e respirar de novo era grande, mas o medo das consequências era maior.

— Qual o problema agora? — Ele perguntou irritado ao entrar no quarto.

— Nada querido, eu só quero evitar mais discussões. — Ela disse de frente para o espelho. Teve a visão clara do loiro atrás de si a cruzar os braços.

— Deixa, eu te ajudo. — Disse vendo a mestiça tentar tirar seu curativo.

— Eu não preciso. — Foi ríspida. — Obrigada pela preocupação, mas eu consigo sozinha. — Olhou profundamente em seus olhos pelo reflexo do espelho.

Aquela conexão, que abalava ambos intensamente, a grande vontade de chorar, o medo que transmitia, tirando os efeitos dolorosos, aquela conexão era a coisa mais preciosa que eles tinham. Como muitos dizem, os olhos são a janela da alma, e por eles que conseguiam entender os mais assustadores e profundos sentimentos um do outro.

— Eu sei que você é capaz, mas eu quero...

— Pronto. Já tirei. — Avisou.

— Essas brigas bobas está nos desgastando demais, precisamos chegar a um consenso, esquecer o passado e começar do zero, ou continuar vivendo nesse inferno — Ele disse suspirando.

— Afinal por que você odeia falar sobre o passado? — Perguntou saturada cruzando seus braços e encarando o loiro.

— Porque você está nele! — Exclamou com veemência. — Você não entende que é tudo por causa de você? Esse tempo todo eu tentei te odiar, quando surgiu a primeira oportunidade de derrubar seu império eu investi, mas você retrucou com um acordo de casamento. Eu sabia que seria meu pior pesadelo. — Confessou.

— Mas também sabia que era a oportunidade única de me destruir. — Ela completou. — Você acha que eu sou o que? Acha que eu não sei que você só se casou comigo por pura vingança? — Ela afrontou.

— Se sabia desde o início então por que propôs? Então por que não fugiu?

— Porque eu fujo de você a mais de cinco anos. Eu estou cansada de fugir. — Respondeu o fitando.

— Então pare de fugir. — Afrontou.

— É o que estou tentando. — Disse firme e deu um suspiro. — Por que é sempre assim? Começamos bem, alguém surta, nos acalmamos e pedimos desculpas, então voltamos ao início.

— Quando estiver pronta para um diálogo sem um surto apenas me chame. — Disse se virando.

— Aonde vai? — Indagou preocupada.

O Acordo | AdrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora