O6 - Seja Nosso Convidado.

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Adam praticante tentou derrubar a porta do quarto onde o rapaz estava, seu punho batia uma, duas, três vezes até que ele pudesse ouvir a voz de seu "hóspede", porém como não houve essa ação por parte do garoto dentro do quarto, ele apelou para o que sabia fazer de melhor; berrar com os outros.

── Olha aqui! ─ começou. ── Se não me falha a memória, e eu tenho muito boa memória, eu acho que te disse para descer e jantar comigo. Não foi?!!

── Gratidão, mas eu não estou com fome! ─ Bello respondeu educadamente de dentro do cômodo, suficientemente alto para que ele ouvisse.

── Por Deus, saia daí antes que eu quebre essa porta! ─ Adam berrou em resposta tomando o "não" como uma ofensa.

── Hum. ─ Lemuel pigarregou atrás do homem Fera para chamar sua atenção, com sutileza. ── Meu Senhor, eu sei que provavelmente eu devo estar equivocado, não sou dono da razão. Mas eu creio que essa não é a melhor forma de conquistar o afeto do garoto.

── Por favor, seja um cavalheiro. Isso lhe foi ensinado por toda a vida. ─ Horácio implorou temendo o pior devido ao temperamento de seu patrão.

O homem se afastou da porta levando em consideração o que seus funcionários lhe disseram, talvez de fato tivesse um pouco de veracidade no que eles tinham dito.

Adam parou de socar a porta como se fosse um saco de pancadas e encarou todos ao seu redor começando a dar mais atenção à eles, bem no fundo ele sabia que todos ali eram sua única família.

O homem Fera se esforçou para ser o mais sutil possível.

── Mas é que ele está sendo tão difícil. Como vou fazer alguma coisa se ele fica "se fazendo" assim? ─ Adam indagou, entre dentes como sempre quando tinha seus momentos de raiva ou seja quase todos.

── Seja delicado, Senhor. ─ Madame Dubois ajudou. ── Eu te disse minutos atrás que o rapaz é meigo, leve. Tente mostrar para ele que você também é assim.

Adam levou a destra até o rosto e massageou brevemente as têmporas, tornando a olhar para a porta. Mais uma vez ele daria ouvidos a eles, ao menos tentaria.

──... Você então vai descer para o jantar? Sim ou não? ─ Ele perguntou com a voz sem mostrar raiva.

── Não! ─ Bello respondeu de uma vez só.
Adam como uma criancinha mimada que fora um dia, ergueu as sobrancelhas e olhou para seus criados apontando para a porta querendo dizer que ele era o culpado.

── Seja suave, gentil... ─ insistiu Horácio já com maus pressentimentos.

O homem Fera já se cansando de toda essa burocracia encostou a testa na parede, se afastou em seguida umedecendo os lábios. Se agarrou em sua capa a amassando entre os dedos.

── Me daria o maior dos prazeres se me acompanhasse no jantar... Por favor.

── Não, obrigado!

── NÃO PODE FICAR AÍ PARA SEMPRE! ─ Adam bradou sentindo o sangue borbulhar em suas veias.

── Oh se posso, já estou aqui! ─ Bello respondeu do quarto.

── ÓTIMO! Então vai morrer de FOME! ─ Berrou Adam junto de um rosnado furioso. Ele se virou para seus criados perdendo toda a paciência que tinha lhe restado. ── Se ele não comer comigo, então ele não irá comer nada, ouviram?!

── Mas meu senhor, o garoto...

── JÁ CHEGA! ─ Adam interrompeu Lemuel que iria falar. ── Eu disse uma vez e vou repetir. Não quero vocês se intrometendo na minha vida, quero que vocês sejam como objetos sem vida, quietos! Que você seja um candelabro, você um relógio, e você como um bule e xícara.

The Inner Beast. Vol 1. [EM RETA FINAL]Onde histórias criam vida. Descubra agora