14 - Nunca Mais.

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Haviam quase dois meses que o povo da pequena cidade não tinha mais o privilégio de se deparar com o mais exótico morador; Bello.

As fofocas corriqueiras não paravam, ninguém sabia o que havia acontecido para o sumiço tão repentino do garoto que andava pelas ruas com seus livros abertos e a mente num lugar longínquo, mesmo que os cidadãos quisessem se enganar dizendo para sí mesmos que estava tudo bem, não era a verdade, todos estavam se mordendo de curiosidade.

Gustave sem ver o amado estava prestes a ter uma síncope devido à tanta ansiedade por não saber nada do paradeiro daquele que ele tanto "amava", em uma tarde o homem de olhos azuis e Fernando, seu amigo, foram até a casa afastada do comércio e já sem muita paciência começaram a bater na porta a espera de que o dono dela aparecesse.

Maurício abriu a porta, seu olhar era de tristeza e perda ficou ainda pior quando viu de quem se tratava.

── Bom dia Gustave... Fernando. ─ cumprimentou educadamente os dois mesmo que estivesse visivelmente triste. ── Em que posso ajudar vocês?

── Maurício... Meu querido e velho amigo Mauricio! ─ Gustave respondeu com um sorriso brando, sua cara nem tremia. ── Estávamos eu e meu amigo passando aqui perto da sua casa e veja só, resolvemos passar para fazer uma visita!

── Mentira, ele tá quase tomando tarja preta porquê não sabe mais do Bello. ─

Fernando soltou de uma vez recebendo um olhar mortal de Gustave.

── Bom... Quer dizer. Não é bem assim que as coisas são. ─ o homem de olhos azuis rebateu nervoso. ── Mas, onde Bello está? Podemos falar com ele?

── Meu filho não está aqui...

Maurício respondeu simples e abatido, realmente estava com essa mesma aparência quando era visto andando pela rua e nenhuma das pessoas sabiam o motivo. Achavam que ele tinha enlouquecido de vez.

── Ok... E onde ele está, Maurício? Hum? ─ Gustave indagou começando a se cansar de sua falsa amizade.

── A Fera pegou ele... ─ o idoso respondeu baixinho.

── Quê?! Fale logo onde ele está seu vel...─ Gustave já prestes a se exaltar, Fernando o segurou falando-lhe pelo olhar para não esbravejar. ── Digo, perdão. Onde ele está, Maurício?

── A Fera, a Fera pegou ele! Está preso lá dentro daquele casarão no meio da floresta!

Maurício respondeu por fim tudo sem nem se importar com o que os dois pensariam ou deixariam de pensar.

Tanto Gustave quanto Fernando não queriam acreditar no que seus tímpanos estavam testemunhando. Os lábios rosados do homem de olhos azuis formou um sorriso maléfico.

── A Fera das lendas? Um homem que parece um bicho selvagem e vive numa mansão assombrada? Pegou Bello, é isso, Maurício?

── Sim!!! Ele pegou Bello e o aprisionou lá, eu preciso de ajuda para salvar meu filho das garras daquele monstro! ─ o idoso disse tudo de uma só vez.

── Não se preocupe Maurício... Tudo há de acabar bem.

── Então vocês irão me ajudar?! Oh, muitíssimo obrigado Gustave! Achei que não acreditariam em mim!

Os dois então apenas se viraram começando a caminhar para fora da propriedade de Maurício, Gustave estava em silêncio e andava rápido, quase não olhava os carros que passavam na rua.

Fernando parou em sua frente segurando em seus ombros olhando-o no fundo de suas pupilas.

── Gus, Gus!!! ─ o mais baixo o chamou a atenção. ── Onde está indo assim com tanta pressa sem nem olhar para os lados? Maurício está apenas delirando pela idade, vamos procurar aquele rapaz que é melhor, Bello deve estar por aí com algum livro.

The Inner Beast. Vol 1. [EM RETA FINAL]Onde histórias criam vida. Descubra agora