The Inner Beast. Vol 1. [EM RETA FINAL]

12 - Em Seus Olhos Posso Ver.

As manhãs na mansão tornaram-se diferentes, pouco a pouco os inícios do dia eram mais coloridos e tranquilos.

A antiga rotina de todos na casa teve um rompimento desde quando Bello chego, e isso estava sendo o mais saudável para todos, pois, ele sempre tinha planos e idéias para passatempos que envolviam todo mundo.

Desde jogos até brincadeiras, eles se uniam para participar, coisa que a Fera de um tempo atrás seria totalmente contra.
O intenso frio da época havia chegado ao seu fim, porém ainda não totalmente.

O clima permanecia fresco, durante a noite podia se sentir uma brisa mais gelada unida da chuva que sempre fazia visitas insistentes.

Naquele dia Bello havia levantado um pouco mais tarde devido ao seu aniversário na noite anterior, e lembrar daqueles momentos lhe causava borboletas no estômago, uma felicidade misturada com algum outro sentimento que parecia ter o poder de o presentear com asas.

Adam por sua vez, "acordador tarde" de carteirinha, havia levantado mais cedo já vestido e perfumado. Na copa, todos podiam notar aquela mudança repentina, contudo, nenhum deles queria tocar no motivo daquilo - mesmo que estivesse no ar pra todo bom entendedor -.

── Hum! Olha só!

Murmurou antes de comentar a Madame Dubois que estava servindo a mesa para o café da manhã. A mulher conseguia ver nas orbes do rapaz aquele garoto contente e sonhador que cuidava anos atrás e há tempos nunca mais tinha o visto.

Talvez fosse pela perda do pai? O castigo e sumiço da mãe? Ela não sabia, mas se alegrava que ele estivesse assim novamente.

── A que se deve esse capricho e todo esse ânimo? Parece até que virou uma outra pessoa, filho.

── Ahh, Madame! ─ o rapaz exclamou contente. ── Eu devo realmente ser uma outra pessoa, melhor, né? Durante todos esses anos eu fui uma pessoa cruel e sem coração... Espero que todos me perdoem algum dia.

── Há muitas pessoas que erram e não fazem questão de se arrepender, você assumir seus erros é sinal de coragem. ─ ela terminou de colocar os itens necessários da refeição matutina a mesa.

── Se eu tivesse conhecimento que meu pai era uma pessoa ruim, de princípios torpes, eu poderia tentar ajudá-lo de alguma forma...

── Creio que não, filho... ─ respondeu com tristeza Madame Dubois. ── Seu pai preferia mil vezes viver em sua ignorância que abrir os horizontes. Eu me lembro nitidamente dos momentos em que ele dizia que homossexuais deviam morrer, sofrer, e essas coisas.

Adam sentiu como se suas pernas e coração fossem totalmente congelados por um raio frio e sem vida coberto de medo ao saber daquela informação.

Então seu próprio pai não o apoiaria em sua própria sexualidade? Aquilo por mais incrível que possa parecer era novidade para o rapaz.

Suas mãos foram direcionadas até a xícara de café, ele trouxe aos lábios bebericando, mesmo que estivesse em um tom agradável de açúcar a bebida havia amargado em seu paladar momentaneamente.

── Ei...─ a mulher chamou pelo rapaz repousando a mão em seu ombro. ── Não podemos mudar pessoas ignorantes do dia pra noite, querido. Podemos tentar ajudar a votar em pessoas que não sejam favoráveis ao ódio, tortura. Ajudar a enxergar que todos são humanos indepente de raça, cor, sexualidade. É difícil, mas com muito amor e fé, unidos poderemos mudar o mundo. Uh?

── Você está certa madame... ─ a Fera sorriu fechado. ── Meu pai se dizia de direita, como se fosse algo a se orgulhar. Sinto pena dele. Na minha mente não é possível um ser humano se declarar a favor de pessoas que torturam e matam uma sociedade inocente que só quer viver e ser feliz.