15 - A Voz Da Multidão.

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Bello nunca tivera corrido tanto na vida como estava agora, mas ainda assim sabia que estava longe de chegar a cidade. Seu coração batia no mesmo ritmo em que seus pés tocavam o chão a cada passo daquela corrida pelo socorro.

É costume de muitas pessoas dizerem as outras: "Para quê essa pressa? Vai tirar o pai da forca?", e esse momento era exatamente o que iria acontecer, ou quase isso, mas ele iria salvar o pai de qualquer modo.

Ao chegar na metade do caminho o garoto parou, levou as mãos até os joelhos para recuperar o fôlego, respirava como um cachorro com a língua para fora.

── Meu Deus, eu nunca vou chegar até meu pai...

Ele lamentou com tristeza e desespero, mesmo que a mansão da Fera ficasse numa parte um pouco mais alta que a cidade, era um caminho ainda muito comprido se fosse necessário ir de um lugar para outro correndo.

── Bello! Olá! O que está esperando aí?

O garoto quase teve um infarto quando ouviu seu nome no meio da floresta e uma luz forte se lançou sob seu corpo. Quando Bello examinou de quem se tratava; era Maria.

Uma mulher que vivia na cidade e todos consideravam que ela fosse louca, pois, vivia andando sozinha pela floresta e não tinha amizade com muitas pessoas, porém Bello nunca a destratou como algumas pessoas da cidade costumavam fazer.

Ela tinha uma moto pequena cuja andava para todo canto, e agora estava ali na frente do garoto. A mulher usava um vestido longo e um capuz que sempre cobria seus cabelos deixando-os invisíveis, ela nunca trocava de roupa e sempre sumia da cidade.

── Maria! ─ ele exclamou contente sentido-se salvo. ── Mas, em nome do Cristo, Maria, o que você tá fazendo aqui uma hora dessas?!

── Eu te responderia essa pergunta com: "O que você está fazendo aqui no meio do mato uma hora dessas. Mas, eu estava dando um passeio noturno, apenas. Quer carona pra volta da cidade?

ela indagou docemente, parecia até um anjo enviado por Deus que estava na hora certa e no momento certo.

── Claro! Claro! Quero sim! Tenho que salvar o meu pai, você viu algo quando saiu de lá?

── Bom, eu vi mesmo uma movimentação estranha com aquele Gustave e o amigo, um carro do asilo psiquiátrico... Enfim, sobe aí na garupa.

Bello fez o que ela mandou, antes de se sentar na moto como pedido ele ajeitou o aparelho celular em seu bolso de maneira que não caísse e segurou sua capa dourada agora já sentado na garupa da moto de Maria.

── Atenção senhores passageiros com destino a cidade, essa nave tem duas saídas de emergência na esquerda e na direita, em caso de queda, é só pular. Obrigada!

Maria imitou uma comissária de bordo enquanto acelerava a moto em ponto morto.

── Mas... Maria, isso é uma moto, se eu cair daqui vou beijar o chão. ─ Bello observou enquanto a olhava agora com desespero. ── Você tem carteira pra pilotar isso aqui, né?!

── Ahhh, claro que tenho carteira Bello. Relaxa. ─ ela respondeu sorrindo agora ligando a moto. ── Comprei ela pelo correio.

── Ahhh bom, ent...─ o garoto repensou naquilo que ouviu e arregalou os olhos. ── Espera, o QUÊ?!!

── E lá vamos nós!!!!

A moto disparou tão depressa que parecia uma vassoura encantada passando entre as árvores. Em certo momento eles passaram por cima de uma pedra no caminho, o que fez com que Bello flutuasse no ar ficando com as duas pernas abertas.

The Inner Beast. Vol 1. [EM RETA FINAL]Onde histórias criam vida. Descubra agora