Cavaleira das Trevas • Bucky Barnes

"Os primeiros passos"

Wakanda, arredores do Palácio

15 de Maio, 2029

- Mamãe! - Olho em volta procurando a criaturinha que me chama. Percebo que a vozinha vem do topo da colina e que a melhor opção é largar meu cesto de feno e esperar o ataque. - Mama! 

Uma pessoinha de 5 anos corre em minha direção, destrambelhada e rindo alto. As outras crianças que estão sempre em volta da cabana correm para dizer "oi" enquanto as cabras se agitam.

- Mamãe, ele quer me pegar! - O mini ser humano olha para trás, gargalhando da figura musculosa que a segue. Os dois sempre brincam no caminho de volta da cidade para casa. 

- Corre, bebê! -  Abro os braços para pegar meu bebezinho no colo. 

- Foi por pouco! - A criaturinha ri, mas cai na reta final. 

- Te salvei! - Levanto-a do chão. - Alex, você tá bem, amoreco?

- Sim, mama! - Ele beija minha testa. - Ganhei do papai! 

Bucky percebe que Alexander "ganhou" a corrida e finge chegar cansado. 

- De novo? Parabéns, pequeno! - James beija a cabeça do garotinho e bagunça seus cabelos. - Oi, boneca! 

Recebo um beijo na bochecha de cada um dos meus meninos. 

- Oi, amor! Como foi no Palácio? - Bucky ri. - Alex ganhou tratamento especial, é?

- Tia Shuri disse que me adora! Ela me deu uma bala! - O garotinho agita o presente de um lado para o outro. - Posso comer, Mama?

- Pode sim! E depois, que tal ir alimentar as cabras? - Alex sorri e desce de meu colo saltitante.

- Cada dia mais fofo. - James me abraça por trás enquanto escuta minha declaração. - Dá para acreditar que ontem ele tinha quatro anos? 

- Ele está crescendo tão rápido! E fico feliz que seja aqui em Wakanda... - Bucky acredita que aqui seja mais seguro do que em qualquer outro lugar. A HYDRA pode vir atrás de Alex para conseguir um novo soldado. - Amor? Te amo!

- Te amo, querido! - Abraço aquele homem carinhoso atrás de mim.

- Você também me ama, Mama? Papa? - James ri e pega o baixinho no colo. 

- Amamos muito! - Beijo sua testa. 

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27 de Maio, 2023

- MAMA! MAMA! - Alex berrava no topo da colina. 

- ME SOLTA! - Dois homens amarravam correntes em mim, me forçando a berrar assim como meu filho. Meus joelhos sangravam embora estivéssemos em um gramado. - ALEX!

- MAMA, POR FAVOR! - Eu sabia que lágrimas estavam escorrendo por suas bochechas. Eu tinha que sair dali. 

Depois de muito minutos, consegui enforcar os dois homens com as correntes e arrancá-las de meus pulsos. Peguei suas armas e corri colina acima. Alexander estava amordaçado, acorrentado a um de seus captores enquanto soluçava. Indiquei que não fizesse barulho e cobrisse os olhos. Atirei em todos que estavam ao seu redor. No processo, levei dois tiros, mas libertei meu filho. Alex pulou em meus braços, chorando. 

- Me desculpe, amor! - Limpava seu rostinho molhado e vermelho. 

- Tudo bem, Mama! A culpa não foi sua! - Seus bracinhos me abraçavam forte. - Você está bem?

- Só se você estiver! - Ele tenta me animar. - Cadê seu pai?

- Eu não sei! Arrancaram ele de mim, Mama! - Lágrimas rolavam por suas bochechas. - Eu quero o papai! 

- Eu também, amor... - Peguei sua mãozinha e adentrei a floresta que cercava nossa colina e cabana. Wakanda não era um lugar seguro, não mais. 

- Helena! - Como um anjo, Sam desce voando e para ao meu lado. - T'Challa me contatou! Estão tentando deter os caras, mas pediu para te encontrar.

- Sam! - Abraço o velho conhecido. - Não sei onde está Bucky! Você pode ficar com Alex? Levá-lo com você?

Wilson estava usando nossa casa em Nova Iorque durante esses cinco anos. Assim poderia morar perto da noiva, Sharon, e visitar o Complexo. 

- Claro! Olá, baixinho! - Alex responde, acenando e abraçando a perna do Tio. - Se cuidem!

- Vocês também! - Abraço Sam e me ajoelho perto de Alexander. - Vou achar o papai, tá? Obedece o Tio Sam! Eu prometo que volto!

- Vocês dois?

- Nós dois vamos voltar!

Alex me abraça bem forte. Ele sabe quem somos e para ele, somos os únicos heróis possíveis e imagináveis. Ele nos ama e admira. E eu ensinei a ele que nunca quebramos uma promessa. por isso, vou achar James a todo custo. 

Os dois saem voando, e isso me faz lembrar que devo adentrar mais na floresta.

Saio do outro lado, sem nenhuma pista. Mas ouço um grito, que me traz péssimas memórias. 

- James! - Corro em direção ao som gutural e encontro um grupo de homens segurando o soldado. Correntes, amarras e cabos impedem que ele se mexa.

Atiro nos homens e levo mais um tiro. A adrenalina era tanta, que mal sentia se estava perdendo sangue ou não.

- Ora ora, a namorada está salvando o cavaleiro. - Um homem a princípio desconhecido agarra meus cabelos. - Onde está a criança? ONDE?

Recebo vários tapas enquanto domam Bucky novamente. 

- Vamos pechinchar? - Ele cola em meu rosto. - A criança por seu maridinho, aqui...  Não? Então, ele pela criança? Não também...

- Me leve. - Estou quase desmaiando. - Não tenho o soro, mas posso transformar qualquer um em Soldado Invernal...

- Você é uma égua indomável... Por que aceitaria uma rebelde? 

- Porque farei tudo que quiser se deixar meu filho e ele irem embora. 

- Tudo? Absolutamente tudo? 

James se esperneia. Seus olhos dizem "não", assim como cada fibra de seu ser. Mas eu não posso dizer isso, tenho que concordar, pelo bem deles. Eu posso fingir ser obediente, posso sair dessa com vida e sã... Preciso arriscar.

- Sim, tudo... Absolutamente tudo.

Eu sei o que ele quer de mim com esse "absolutamente tudo", e não tenho outra escolha. Bucky é solto e atingido por um tranquilizante. Não consigo me despedir. 

- Vamos, minha cara. - O homem tira uma luva, revelando uma única pista de quem é. Com seu rosto e corpo cobertos, a única coisa que sei é que sua pele é parda, com dedos longos e finos. Sua mão é bem cuidada, e traz um anel de prata no dedo anelar. - Hora de nos divertirmos.