"O Amanhecer"

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10 de Março, 2018

- Bom dia, Bucky! - Shuri puxa o homem adormecido para fora da cápsula enquanto me seco. - Ele parece bem, está como você... Desnorteado. 

A jovem o deita em uma maca e sai da sala. 

- Olá sargento! - Me aproximo fazendo o máximo de silêncio possível enquanto pego sua mão direita. - Feliz aniversário! 

- Boneca! - Ele sorri sem conseguir olhar nos meus olhos por causa da claridade. - É meu aniversário? Por quanto tempo dormi?

- Dormimos por dois anos! - Passo a mão por sua testa e cabelos molhados. - Como se sente?

- A fera está adormecida, mas não exterminada. - James parece recobrar os sentimentos aos poucos e entre gemidos. - Pera... Como assim dormimos

- Entrei em suspensão também... - O ajudo a sentar. 

Seus olhos são um misto de emoção, gratidão e confusão. Ele me entendeu e eu o entendi. 

- Certo pombinhos, meu irmão foi generoso o bastante para deixar vocês ficarem por aqui em análise! Existe uma cabana perto do lago onde vocês podem trabalhar e viver em paz. - Shuri entra na sala como um tornado e sinaliza para que a sigamos. - Ah, James! 

- Bucky, por favor.

- Bucky, você terá de ir sem o braço... 

- Não vou machucar ninguém! 

- A única regra além da que vocês trabalhem e cooperem para as análises, é que você deixe o braço. - Ela sorri com compaixão. - Além do mais, ele é ultrapassado! 

- Não, não posso! - Suas bochechas ficam coradas e James começa a se afastar. - Me desculpem, mas não! Não posso, por favor!

- Shuri deixe o mapa comigo, vou até lá mais tarde. - A princesa cientista entende minha deixa e sai da sala agradecida. - Amor?

- Boneca, eu não posso! Não posso fazer isso comigo... Com você?

- Comigo, querido? O que quer dizer?

Seus olhos marejam enquanto seus cabelos formam uma cortina de confusão e medo. 

- Ei, meu anjo, tá tudo bem! - Puxo seus fios castanhos escuros para trás. - Conta para mim!

- Eu tenho... vergonha... - Bucky ainda não me olha. - Me sinto uma aberração... Feio e... Não quero fazer você passar por isso, me ver assim! Como vou te abraçar? Te segurar? 

- Como você sempre fez! Vai segurar minha mão, acariciar meu rosto e o que mais quiser como sempre fez e sempre fará! - Levanto seu rosto caído. - Não é aquilo que te define para mim! Não é aquilo que vai me fazer parar de te amar! 

James enxuga uma lágrima que conseguiu fugir de seu controle. 

- Eu não te mereço mesmo! - Seus olhos penetram minha alma. 

- E se você OUSAR dizer que é feio ou uma aberração, meu punho vai conhecer seu rosto! - Ele ri, e isso não tem preço. - Vem, vamos conhecer nossa nova casa!

O lugar é deserto, com uma vista magnífica e uma espetacular pilha de fenos para os milhares de bodes que pastam por ali. 

- Bom, teremos muito trabalho cuidando desses bichinhos e daquelas fofuras. - Algumas crianças nos observavam ao pé de uma árvore. Depois de acenarmos elas saíram correndo para longe. - Vem querido, vamos ver como é por dentro. 

A tenda é minúscula, com apenas uma cama dura, alguns aparadores pequenos, potes, jarros e mantas. Em um canto estão nossas roupas: para mim uma túnica branca e um macacão jeans acompanhado de botas e uma camisa azul regata. Bucky acha uma túnica vinho, calças escuras e blusa combinando - com uma manga faltando, e um chale - quase poncho - para cobrir onde seu braço ficava. 

Cavaleira das Trevas • Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora