Cavaleira das Trevas • Bucky Barnes

"A Confusão"

18 de Novembro, 2013

- Bom dia... Como você está? - Steve entra no quarto de maneira silenciosa.

- Bom dia... Bem melhor do que ontem. - Me sento na cama enquanto ele se ajeita em uma cadeira perto de mim. - Nossa, não me lembro de muitas coisas...

- Fury me entregou este arquivo com suas informações mais antigas.

- Ah sim, Stark disse que minhas memórias mais velhas foram danificadas... Assim como as... Qual o nome?

- Episódicas.

- Sim, episódicas...

Leio tudo naqueles papéis. É tão estranho ter outra pessoa contando meu passado para mim... Não me lembro de nada, e por hora essas coisas não parecem reais. 

- Então eu me lembro das coisas mais recentes... Como vocês e até o que fiz duas semanas atrás...

- Suas memórias não tem um alcance de mais de um mês... E você só se lembra do coisas superficiais dessas semanas... - Ele se aproxima e senta na cama. - Você mal me disse seu nome quando nos conhecemos, só que queria ver Natasha... Queria poder te ajudar! 

- Nossa, aqui diz que treinei desde Junho com vocês e me tornei parte da equipe oficialmente... Diz minhas habilidades e que conheci Romanoff no meu antigo trabalho de agente especial da Polícia de Nova Iorque... O que explica algumas das marcas de tiro e faca pelo meu corpo...

- Qual o seu nome? 

- Elizabeth White. 

- Lindo nome! Sua idade?

- Tenho 25 anos, e nasci em Chicago...

- Posso? - Ele aponta para o lugar vazio ao meu lado na cama. Alguma coisa diz para eu negar, mas cedo. - Obrigado... 

- Aqui diz que somos muito próximos... Melhores amigos.

- Sinto a mesma coisa!

- Mas a sua memória foi comprometida também, não foi?

- Foi... Só queria te fazer sentir melhor. - Ele ajeita meu cabelo e me deita em seu ombro. - Somos melhores amigos sim... E uma ótima dupla. 

Fecho os olhos e me recordo do dia anterior: 

" 17 de Novembro, 2013

 - Certo, você é muito misteriosa. - Bruce me conduz até o laboratório. - Fury não nos deixou tocar nem analisar você, mas permitiu que fizéssemos isso!

Ele aponta entusiasmado para uma tela com ondas oscilantes. 

- O que seria isso? - Imito seu movimento.

- Um leitor de memórias. - Tony entra na sala. - Vamos ver tudo o que você já viu até hoje, desde memórias antigas até memórias marcantes. 

- Não sei se isso é uma boa ideia. - Não sei o que eles esperam com isso. 

- Vai ser bom analisarmos a mais nova Vingadora. 

- Ela não é uma criminosa. - Steve entra na sala. 

- Mas é bom sabermos com que dividimos nosso café. - Stark me conduz até alguns eletrodos. - Vou colocar eles bem aqui...

Sinto a cola grudar em minha testa e ouço o barulho de máquinas ligando.

- Vai ser indolor. - Bruce mexe em alguns painéis. - Se esbarrarmos em alguma memória dolorosa paramos imediatamente antes que seu cérebro ceda.

- Ceda?

- É, sucumba, deteriore, caia em um abismo profundo e escuro, esqueça tudo. - Tony não parece preocupado... Ele confia até demais em seus inventos. 

A experiência começa e de início nada acontece. Nada nocivo... Vejo informações básicas e irrelevantes. Stark, Bruce e Rogers se reúnem envolta dos monitores e assistem ao filme criado por minhas lembranças.

Mas algo acontece. 

Os fluídos do gerador principal esquentam, giram o motor do computador principal mais rápido e tudo graças as minhas memórias... Memórias que deveriam ter ficado na penumbra.

- Para o experimento! Para! - Steve corre em minha direção, enquanto Tony tenta detê-lo.

- Não se aproxima dela! - Ele aponta para um tanque onde os fluídos continuam a aquecer. - Aquilo foi criado através do Tesseract! Se explodir, vamos causar danos cerebrais à ela e a todos nós!

- Uma memória de uma realidade alternativa! - Bruce tenta falar por cima de meus gritos. 

Minha cabeça dói, me contraio e caio de joelhos no chão. Arranco os eletrodos mas é tarde demais. 

Os tanques explodem e a próxima coisa de que me lembro é de acordar na enfermaria da Torre Stark. "

- O que foi? - Percebo que espasmos correm por meu corpo. Sinto a mão de Steve em minha perna enquanto seus olhos escaneiam minha alma. - Tudo bem, Lizzie?

- Cometi o erro de me lembrar de ontem. - Me afasto de seu ombro e brinco com seus dedos. - Obrigada, Steve... Por ficar do meu lado... Me ajudar com isso...

- Tudo por minha melhor amiga. - Sua mão acaricia minha bochecha. - Elizabeth... Feliz Aniversário de 25 anos! 

Ele me abraça de forma carinhosa, com cuidado e respeitosamente. Sussurro um obrigada em seu ouvido enquanto recebo um beijo em minha bochecha. 

- Rogers, eu não sou sua melhor amiga. - Olho bem fundo em seus olhos. 

- O que? Por que?

- Não posso ser sua melhor amiga apenas... Isso... Isso não é coisa de melhores amigos. 

Ele sorri. 

- Então o que é isso? 

Me sento em seu colo, acariciando sua nunca e observando seus olhos. 

- Eu não sei o que é isso... - Me inclino para perto de seus lábios. - Você me ajuda a descobrir? 

Steve me beija como se não houvesse amanhã. Sinto suas mãos percorrendo minhas costas e pernas, enquanto as minhas acariciam seus cabelos e maxilar. 

Ele me joga contra a cama e sinto seu corpo quente contra o meu. 

Minutos passam e Rogers deita em meu peito. 

- Descobri que não somos mais melhores amigos. 

- Então o que somos?

Ele se levanta e apoia os cotovelos ao lado de meus ombros, colocando seu rosto a centímetros do meu. 

- Eu não sei o que sou seu. - Seus olhos penetram minha alma. - Mas você é minha. 

Rio e beijo seus lábios. 

- Claro, se você quiser e...

- Fica quieto! - Beijo-o mais ainda.

Embora ele crie um redemoinho em meu ser, sinto que algo não está certo. Não sinto borboletas nem uma paixão intensa... O que está errado? 

Fury.

Nick escreveu todo um relatório sobre mim! Ele pode me ajudar a sanar essa inquietação em minha alma. Ele é o único que sabe quem realmente sou! Além de Natasha...

Ainda não a vi... Sinto que ela é muito importante para mim e meu futuro... Mas por que? Quem é essa mulher? Quem é Nick Fury?

E quem é Elizabeth "Lizzie" White? Sou eu mesma? 

Se sim, por que não me reconheço?