25 de Dezembro, 1978
Quando vão parar?
Meus joelhos estão sangrando, as correntes esmagando meus pulsos e tornozelos, meu rosto está vermelho e molhado de tanto chorar.
- OLHA PARA ELE! - O General puxa meu cabelo com força me obrigando encarar Bucky sendo apagado naquela cadeira.
Seus gritos são a pior tortura que já enfrentei. Vejo as veias de seu pescoço saltando e suas mãos se contorcendo. Um oficial se aproxima com um caderno de couro vermelho em mãos. Os médicos e soldados sacaram suas armas.
- Aproveite a vista, princesa. - O homem jogou minha cabeça para frente, dando um tapa em meu pescoço.
Odiava essa parte mais do que qualquer outra. Esta era a hora que Bucky se perde e o Soldado assume.
As palavras faziam seus olhos revirarem, suas mãos se contraírem ainda mais, os gritos cessarem e seu corpo cair em um profundo abismo de espasmos.
- Bucky... Bucky... - As lágrimas rolavam desenfreadas enquanto tentava pronunciar seu nome o mais alto possível. Eles saiam em sussurros e entre soluços. - Amor...
- CALADA! - Um soldado bateu com a coronha da arma em minha têmpora.
Silêncio.
O Soldado levantou da cadeira. Seu olhar estava vazio assim como seus movimentos. O suor fazia sua pele e cabelos brilharem.
- Enfoque-a. - O General saiu de trás do homem que leu as palavras.
Sem hesitar ele veio em direção a mim. Suas mãos tomaram meu pescoço me fazendo grunhir. Estava sendo levantada do chão, ainda presa pelas correntes. Fui jogada contra a parede.
- Bata nela. - O oficial se aproximava sadicamente. - Veja se ela reaja.
Sua mão subiu e desceu em meu rosto. A dor física era inexistente. Eu via conflito em seus olhos, e isso partia meu coração. Bucky estava lá dentro, lutando contra isso porque sabia quem eu era.
- James... - Sussurrei entre o sangue que escorria em meus lábios. - Por favor, James...
Não vou lutar contra ele. Não vou ferir esse homem mais ainda.
Ele hesitou?
O Soldado Invernal parou. Desobedeceu uma ordem.
- Estávamos certos, então. - O nojento doutor se aproximou. - Essa idiota corrompeu ele.
Sua mão gelada e imunda segurou meu rosto enquanto Bucky se contorcia em agonia.
- Você nunca mais vai vê-lo! - A outra mão repugnante me arrastou pelo cabelo. - Diga adeus, Soldado Invernal. Vocês serão separados! Já temos o que queríamos.
O verme me arremessou contra alguns soldados que me arrastaram até uma maca.
- Espere. - O General sorria. - Deixe que ela se despeça dele... Nunca conseguiremos apagar as memórias dela, mas as dele...
O imprestável estava certo. Bucky estava atordoado demais para manter alguma memória minha viva daquela despedida.
- James... - Cambaleei até ele, que respondeu levantando a cabeça. - Eu te amo, tá me ouvindo? E vou fazer tudo de novo se for preciso!
Sua mão tocou meu rosto arrebentado.
- E-eu te conheço, certo? - Lágrimas caíram de meus olhos, o que assustou o pobre coitado.
Minha resposta foi beijá-lo e olhar naqueles olhos azuis assustados.
Voltei até a maca enquanto o arrastavam para mais uma cessão de tortura.
Injetaram uma anestesia em mim, e a última coisa que escutei foram seus gritos.
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26 de Dezembro, 1978
Este lugar cheira mal.
Não estou na minha cela, mas estou limpa e remendada. Vejo uma muda de roupas e botas no pé da cama. A luz entra por uma janela ao meu lado, iluminando um armário, uma escrivaninha, uma cômoda e uma porta. Tudo em madeira.
As roupas são de soldados. Botas pretas brilhantes, calça preta , blusa de gola alta sem mangas também preta e um sobretudo azul marinho.
Uma insígnia. Parecia uma ampulheta vermelha em um fundo preto.
A Sala Vermelha.
- Soldada. - Uma mulher de coque apareceu na porta. - Seu antigo companheiro treina as agentes de mais alto nível nesta instalação. Você irá assumir as alunas de baixo e médio nível... Além de um homem. Nosso mais novo experimento. Aqui está seu cronograma. Terá missões individuais periodicamente. Bem-vinda a Sala Vermelha, programa Viúva Negra.
Me vesti o mais rápido possível e fui até a sala principal. Estive aqui muitas vezes, treinando garotas ou competindo com elas. Sempre ganho, mas meu coração se aperta ao vê-las nestas condições.
Não consigo ignorar o fato de que Bucky está com aqueles vermes nojentos e desprezíveis. Meus instintos querem socar tudo e todos. Mas tenho certeza que depois de ficar aqui por um tempo irei voltar para HYDRA... Sou "propriedade" e parte do projeto deles.
- Você ficará conosco por sete meses. Daqui da Sala Vermelha será mandada para a Gulag, depois de 2 meses volta para casa. - A mulher do coque surgiu mais uma vez do nada. - Senhoritas dos níveis baixo-médio, está é sua nova instrutora. A segundo Soldado Invernal, Agente55.
Que pesadelo.
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HYDRA, 26 de Dezembro, 1978
- Soldado?
- Pronto para servir.
- Sua missão é se infiltrar na subdivisão da SHIELD em Washington.
- Sim, senhor.
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Cavaleira das Trevas • Bucky Barnes
FanfictionUma jovem selecionada foi designada para ser a dupla do maior soldado da história: o Soldado Invernal. Mas após anos de tortura, será que eles ainda se lembram um do outro? RANKING: #1 in Espionagem - 10.04.2023 #2 in Espionagem - 03.04.2023