Genuíno
ge-nu-í-no
adj. (adjetivo)
1. Que não sofreu alterações, nem falsificações; verdadeiro.
2. Diz-se pessoa sincera: expressou-se de modo genuíno.
3. Puro; cujo a fórmula não foi alterada: composto genuíno.
Não dormimos! Karla Camila ordenou que fossem buscar minhas coisas no quarto que eu estava hospedada durante a madrugada. Enquanto ela se move pela própria suíte, resolvendo coisas para sairmos de Milão sem levantar suspeitas, eu respondo os parabéns que começo a receber em redes sociais e, inclusive, ligo para meu pai.
— Está tudo feito! Saímos em uma hora e meia para estarmos na Grécia antes do amanhecer. Vou tomar banho. – Camila diz, ao desligar o telefone.
De costas para mim, ela puxa os cabelos longos e castanhos para fora do caminho, e exibe as tatuagens perfeitas. Os desenhos estão por quase todo o corpo de Camila, e finalmente, eu me acostumo sobre todas as diversas nuances dessa mulher. No final de tudo, as tatuagens representavam o poder que ela tem. O poder que faz ela exibir tantas tatuagens em um meio preconceituoso, e mesmo assim tem a capacidade de fazer todos engolirem a presença dela no jornalismo e curvar a cabeça respeitosamente para o que ela era. Por duas vezes. Vale lembrar sobre a sexualidade assumida dela.
— A não ser que tenha o desejo de tomar banho primeiro, então eu posso esperar. – Camila joga o olhar para trás, disposta a me ceder usar o banheiro primeiro, enquanto tira suas jóias lindíssimas de diamantes.
— Não, tudo bem! Eu posso esperar você sair. Só estou observando suas tatuagens. Tem alguma história sobre elas? – Eu pergunto, mas o silêncio prevalece. — Não quer contar?
— Deixe essa história para outro momento! Não podemos nos atrasar para o voo. – Ela é pragmática ao dizer, negando com a cabeça.
Talvez fosse mais a questão da pressa do que não querer contar mesmo. Não parece típico de Camila que ela se mova com tanta rapidez para ir ao banho.
— Sim, senhora! Eu me contento com a visão das suas belíssimas pernas, nesse vestido quase transparente e revelador. E posso comentar da sua bunda? – Eu dou um sorriso maroto para a mulher que vira e repreende-me com o olhar.
Ela não se dá o trabalho de me responder, apenas guarda as jóias e pega um conjunto de lingerie. Percebo como, sistematicamente, Camila tem leves manias quanto a maneira que ela arruma as roupas, e o jeito que, em todo segundo que ela passa pela cama, alinha o lençol.
— Qual seu problema com o lençol? – Eu pergunto, antes que ela entre no banheiro.
— Transtorno Obsessivo Compulsivo. – Então todas as manias dela começam a fazer sentido.
Camila tem manias que levam tempo. O jeito que ela escreve um texto, apaga e volta a escrever a mesma coisa, a necessidade em manter o local totalmente limpo, e também a mania de escovar os dentes de maneira excessiva, e agora, noto como ela ajeita o lençol repetidamente na cama. Eu nunca comentei nenhuma mania dela no ambiente de trabalho porque achei que não fosse nada demais, mas então, isso é TOC.
Não são hábitos notáveis para quem está longe. É difícil notar algo errado no comportamento de Camila, a não ser que esteja em uma convivência constante. Bem camuflado.
Ela entra no banheiro e fecha a porta. Escuto a água do chuveiro cair no chão poucos minutos depois. Camila não demora no banho, e sai já arrumada e de cabelos penteados. Levanto-me da cama, vendo que não é um bom momento para enrolar. Eu tiro os brincos de esmeralda da orelha, guardando com cuidado, então levo as mãos para o fecho do colar.
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O Diabo veste Prada
FanfictionMãe solteira e jornalista recém-formada, Lauren Jauregui vê seu mundo, até então com pouquíssimo senso de estilo, virado de cabeça para baixo ao ser contratada como assistente pessoal para a diabólica editora-chefe de uma das mais renomadas revistas...