O Diabo veste Prada

Aguerrido

*Esse capítulo veio mais cedo porque foi comprado por uma leitora do Twitter, Aninha. Agradeçam à ela. 😂😂😂

Aguerrido

a-guer-ri-do

adj. (adjetivo)

1. Que possui uma inclinação para o combate ou para a luta; que é ensinado a combater guerras; guerreiros.

2. Que se comporta de maneira violenta; que tem inclinação para a violência; exaltado.

3. [Por Extensão] Acostumado a circunstâncias em que há luta ou obstáculos.

4. [Por Extensão] Que possui ou demonstra coragem; valente.

Tivemos uma bela semana em Paris, e as crianças se divertiram (eu incluo a Lauren no crianças). Lauren e Aurora se deram terrivelmente bem, e o azar é meu. Ainda assim, quando pisamos em Nova Iorque, no dia seguinte tinha algo a ser feito.

Jamie entra na minha sala, sempre pronta para me paparicar e obedecer a qualquer coisa absurda que eu possa pedir. Nada que me afete ou faça com que eu volte atrás com o que disse para minha namorada.

— Algum problema, senhora Cabello? – Jamie me pergunta formalmente, vendo minha expressão séria.

— Serei direta, Jamie. – Eu começo, afastando a cadeira da mesa e cruzando as pernas e os braços — Eu agradeço seu... Tempo trabalhando comigo, mas receio informar que ele chegou ao fim.

Eu observo a expressão da mulher atentamente, esperando ver qualquer sinal de negação, mas ao invés disso, consigo ver que ela já esperava por algo assim. Ou está fingindo muito bem. Jamie é uma boa profissional, e a minha decisão de valorizar seu trabalho, mesmo em uma demissão, é por reconhecer que ela é boa no que faz. Só não serve para trabalhar para mim.

O fato é que a contratação foi por Dominic, e eu não esperaria para me desfazer dos resquícios que meu amor insano deixou na minha vida, e isso incluí Jamie. Uma nova página sendo escrita, é uma página sem espaço para o antigo.

— Eu fiz algo errado? – Jamie pergunta.

— O que fez, não importa! – Não me dignei a lhe explicar o óbvio — O máximo que posso fazer por você, é lhe permitir que saía pela porta da frente, com louros por um bom trabalho e uma carta de recomendação.

— Entendo! – Ela diz, e eu soube que ela não entendia.

Isso já estava planejado há algum tempo. Já tinha substitutas para Jamie e Lauren nas funções delas.

Lauren aceitou a transferência de setor essa manhã e hoje seria o último dia dela trabalhando comigo. Ela ficaria melhor em outro canto que não fosse guardando a minha porta, e talvez, parando de me levar café. Não reclamaria dessa parte, apesar de ter certeza que sentiria falta da minha assistente sarcástica e irritante.

— Eu te desejo uma boa sorte na sua caminhada, Jamie. Seu irmão é jornalista e vai te ajudar a alcançar o patamar que deseja, mas não serei um meio para isso. – Eu digo, e o pensamento sombrio me faz sorrir. Se Carlos tivesse tempo para tal coisa.

— O mesmo sobre a senhora, Camila! Boa tarde – Ela não é sincera, e observo o olhar que ela dá para Lauren sentada e trabalhando enquanto pega sua bolsa.

E à noite, eu faço uma breve visita aos meus pais, pedindo as chaves do apartamento de Marcelo no Tennessee, onde eu encararia meus medos e meu luto, por fim.

👠

Lauren está há um mês de ir para o New York Times. Lex chegou a lamentar esse fato depois do ótimo trabalho dela temporariamente como jornalista na Vogue. Não me impressiona porque eu sabia do desperdício que era Lauren ser minha assistente. Por sinal, ela continua tomando o próprio tempo, chegando alguns minutos mais cedo na Vogue para me levar café e variavelmente algum tipo de coisa salgada para comer.