Recomeço

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Recomeço

re-co-me-ço

s.f (substantivo feminino)

1. Novo começo; ação de começar novamente: o Ano Novo é uma chance de recomeço; seu recomeço foi difícil, mas ela conseguiu.

2. Reinício; ação de iniciar, de dar início mais uma vez: a empresa fechou as portas para um recomeço.

Quando eu não investi noite passada, Lauren não fez menção alguma de que gostaria de sexo. Não sei o que ela pensou, não sei o que deixei a aparentar, mas se houve algo, Lauren não deixou transparecer e nem me perguntou se tinha algo errado.

O que Michael disse, morreu no segundo que entramos no carro... Para ela, não para mim. Eu precisei de tempo para reorganizar minha cabeça, então sequer a abracei durante a noite que passei em claro. Lauren não faz questão de tocar no assunto final, e percebo que seria tudo o que eu teria; não seria me dado brechas, chances ou qualquer coisa do gênero. Lauren não quer saber. Eu respeito isso, mas também respeito meus sentimentos.

Por essa noite, ambos os atos foram dolorosos. O meu afastamento, e a maneira que Lauren gostaria de ficar ignorante.

Na manhã seguinte, Adam nos esperava com café da manhã pronto. Eu desço e me uno à eles, mas não toco em nada da mesa. Não sinto fome, e não tomo café da manhã.

— Se vai ficar emburrada com Deus sabe lá o que o dia inteiro, trate de enfiar alguma coisa no seu estômago para seu humor ser mais suportável. – Lauren que ergue a voz no silêncio, diretamente para mim.

Oh... O humor dela amanheceu azedo. E não é por falta de sexo porque não seria a primeira noite que passamos juntas e não transamos.

— Estou sem fome, obrigada pela preocupação com meu humor e como minha falta de alimento influencia ele. – Minha secura é a altura do azedume dela.

— Por favor, seja lá o que aconteceu ontem a noite, não estraguem meu café da manhã. Movam a bunda de vocês para a sala, se pretendem discutir. – Adam interrompe a resposta com muita calma.

— Desculpe! – Lauren respondeu de má vontade, apenas para a figura paterna dela.

Observo Lauren partindo o croissant com os dedos e olhando para a mesa enquanto comia silenciosamente. Eu pego apenas o suco de laranja para tomar, vendo Adam começar a comer também.

— Eu não sei em que momento abordar isso, visto que não vamos ficar aqui por muito tempo, então direi logo. – Adam começou a falar, mas dessa vez, foi para a Lauren. — Seus avós me ligaram. Eles souberam que você está na cidade e querem te ver.

Eu vejo a mão da minha namorada tremeluzir, mas tentar disfarçar o que sentia. Limpei a garganta, tomando outro gole do suco e olhando para Adam.

— Se eles tiverem postura semelhante àquele abominável, eu voto por não ir. – Digo com tranquilidade, vendo Adam negar com a cabeça.

— Fazem anos que eles não veem a neta. – Adam me explica, fazendo-me assentir.

— A decisão é de Lauren. – Digo, mantendo a normalidade da conversa ao girar a faca com a ponta na mesa de madeira enquanto tomo meu suco, brincando com o objeto.

Sim, essa decisão seria tomada totalmente por Lauren, e não seria eu a me intrometer nisso. Eu observo minha namorada considerar várias vezes e pensando em várias coisas enquanto comia em silêncio. O olhar dela caia em mim por muitas vezes.

— Podemos ir hoje... Não é longe daqui. – Lauren hesita, numa voz baixa e frágil. E ela me olha novamente. — Se for o caso, leve uma muda de roupas extra.

O Diabo veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora