Predestinação

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*Contém acidentes que podem servir como gatilhos.

Predestinação

pre-des-ti-na-ção

s.f (substantivo feminino)

1. Teologia Crença de que cada acontecimento é determinado de antemão por Deus.

2. Os defensores dessa doutrina argumentam que se Deus não ordenar cada acontecimento, não se pode dizer que Ele é Todo-Poderoso.

O carro derrapou no asfalto molhado, impossível de frear. O farol mudou de cor.

O farol vermelho, pela primeira vez, fez o sangue de Karla gelar.

Não tinha como controlar o carro. As ruas estavam escuras, e quanto mais tentava frear, pisando no freio com força, menos controle do carro obtinha.

Graças à sua noiva, você não tem mais o costume de ultrapassar limites de velocidade. Ela não gosta. A lentidão na direção de um carro estava como hábito em sua vida agora, por respeito.

As chamas obscuras de sua raiva estavam ali ainda. Esteve por tanto tempo em um lugar que não lhe pertencia, e agora, sentiu o desespero tocar a sua mente e atingir o mais profundo em seu âmago. Ainda tentava parar o carro descontrolado, a direção fazia zigue-zagues perigosos.

Pisou no freio com força, os pneus cantando quando o farol ligado iluminou a sua face do banco passageiro.

Sentiu quando a traseira do carro se ergueu, quase tombando, mas batendo de frente contra um poste grosso de luz que quebrou no mesmo segundo e a parte de cima caiu por cima do carro. A cabeça batendo no volante com força, os Air Bags falhando totalmente em proteger da batida, principalmente quando o teto amassou no lado direito de sua cabeça, quase rente a orelha.

O carro que vinha no cruzamento, percebeu no mesmo segundo que Karla havia perdido o controle do carro e pisou no freio, mesmo não impedindo o impacto entre os dois automóveis. O carro deu um meio-giro e parou de funcionar pela batida em potência. Karla foi para frente, mas os air bags ativaram, impedindo que ferisse a cabeça gravemente além de um pequeno corte quando voltou com tudo e bateu a cabeça na janela. Gemeu de dor.

Por sorte, um casal que vinha do lado oposto, se assustou com o barulho violento e se virou no mesmo segundo que o poste amassou o teto do carro. O homem não esperou um segundo quando sacou o celular e discou o número da emergência, já a mulher correu na direção do carro, tendo que quebrar uma janela para abrir a porta do carro e tentar tirar a jovem. O cinto emperrou, a ponto do homem ter que quebrar na força bruta para conseguir tirar a jovem desacordada.

— Oh, meu Deus! Peter, ela está grávida. – A desconhecida berrou, apavorada. Checou o pulso para se certificar de que ainda estava viva.

— Mas o que? – O homem tirou a própria jaqueta para tentar parar o sangramento na cabeça da jovem quando ouviu a ambulância chegar com as sirenes ligadas — É a filha do pastor. Deus tenha misericórdia dela e desse bebê.

Não era nenhum absurdo. O homem rogava por Deus por um milagre porque pelo estado da jovem, diria que só Ele poderia fazer qualquer coisa por ela. Pessoas rogam pela própria fé em momentos de pressão, pedem orientação. A religião e crença são intrínsecas de cada um, e um artefato poderoso nas mãos de quem sabia usar para o bem, não para o mal.

Em sua vida, Lauren Jauregui sempre acreditou que a crença em algo, salva vidas. Naquela noite, imediatamente, entrou numa sala de cirurgia. E na manhã seguinte, os médicos iniciaram uma série de exames porque a criança em sua barriga também sobreviveu. Uma equipe de cerca de vinte médicos especialistas para debater até onde aquele bebê que mal havia se formado, sobreviveria.

O Diabo veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora