Desígnio (Prólogo)

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NOTAS: nunca achei que chegaria a esse ponto porque gostaria que vocês descobrissem com o decorrer, mas não é viável e é bom deixar claro. Karla é autista e tem dificuldades sociais.

EDIT/ Aos novos leitores e para evitar coisas antecipadamente: as partes da Camila são narradas em segunda pessoa. "O que isso quer dizer?" Quer dizer que tem alguém que conhece a Camila muito bem narrando a história. A terceira pessoa não se encaixou, e eu precisava fazer algo que desse um pouco da Camila sem que a primeira pessoa dê de mãos beijadas tudo sobre a personagem. A graça é a Lauren descobrindo tudo aos poucos. "Mas eu não gosto, posso pular?" A resposta é obviamente não. Se você pular, vai perder informações importantes e então se perder no enredo, quando piscar vai acontecer algo que você não entendeu, já que pulou partes da história. Reclamar o tempo inteiro da narração vai funcionar? Eu não acho que vá porque a narração vai seguir como segunda pessoa. Eu indico mais o esforço para se adaptar mesmo, mas se não conseguir, tudo bem também... Não dá para agradar todo mundo.

Só estou explicando e colocando sobre isso aqui, para facilitar a vida dos leitores e terem noção do que vai encontrar. Peço desculpas se soei grosseira, só estou tentando esclarecer.

*Trailer por @givndutra

Desígnio

(De-síg-nio)

s.m. (substantivo masculino)

1. Vontade de desenvolver alguma coisa; que demonstra intenção; Propósito; os desígnios do presidente.

A jovem tão bela e de feições delicadas saía de uma festa, completamente assustada. Aquele não era o seu mundo, não fazia parte de quem ela era e nem do que aprendeu a ser. Não tinha em si, nem uma gotinha sequer de algo que fosse aparente estar confortável ou conivente. Só queria sair dali de uma vez, e não esperaria por suas amigas de colégio. Seu coração estava acelerado e as lágrimas desciam livremente pelo seu rosto. Entendia que não deveria estar ali, então por quê? Qual o ponto estava tentando provar para alguém, seja quem fosse? Que suas habilidades de atuação estavam em dia? Não deveria ser assim.

E foi por isso, só por isso, que ela jogou a bolsa no banco passageiro e deu partida no carro após colocar o cinto de segurança. Tinha a crença de que estava fazendo o certo por ela naquele momento e nada poderia tirar essa sensação... Nada... Exceto tramóias e desígnios de alguém maior do que ela e menos ingênuo em seus atos.

(Play) Break my heart – Dua Lipa

Lauren Jauregui

Olho tão impaciente quanto consigo para a porta do elevador. Eu tenho dois minutos para fazer a secretária dar o aviso à editora-chefe da revista Vogue de que alguém, com entrevista marcada, está ali. Mas, curiosamente, estar fuzilando a porta de aço fechada daquela tranqueira não faria o elevador descer mais rápido. Será que eu poderia ter tolerância em atrasos de milésimos de segundos? Bom... Me avisaram que não. Não posso culpar a mulher que me entrevistaria porque eu sou a total responsável pelo meu fracasso iminente de chegar no horário quando necessário.

Eu sou formada em jornalismo na Universidade de Nova Iorque, tenho vinte e quatro anos, prestes a fazer vinte e cinco, porém sou um total desastre. Um total fodido desastre. Sempre caindo, com hematomas, distraída a ponto de cometer erros comuns, tais como atrasos. Olho pelo lado positivo de tudo isso, devo ser o meu próprio alívio cômico e também o azar. Tenho absoluta certeza que a poderosa sentada atrás de uma mesa para me entrevistar vai me considerar inapta e desajeitada demais para o cargo.

Um suspiro de alívio quando a porta do elevador se abre, e mais alguns segundos de agonia enquanto toca uma musiquinha ridícula e irritante que parece zombar do meu desespero e pressa até que a porta torne a se abrir. Disparo para o balcão, ofegante, ainda com o coração batendo feito um louco desvairado apenas para ser recepcionada por olhos castanhos mel de uma mulher muito bonita, em uma observação da planta dos pés à cabeça com um desprezo visível.

O Diabo veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora