Teatral

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Teatral

te-a-tral

ad. (adjetivo)

1. Que diz respeito ao teatro: cena teatral.

2. [Figurado] Que procura efeitos para impressionar: atitude teatral.

Não ficamos muito tempo no parque e, apesar disso, minha filha se divertiu o suficiente. Heaven brincou em poucos brinquedos e enjoou muito rápido, então comemos lanche durante a tarde. A programação para noite, foram os ingressos para a peça teatral da Bela e a Fera que Adam tinha há semanas, porém o tempo não me permitiu aproveitar. Decidimos aproveitar esse momento.

Eu sempre tive bons instintos para pessoas, mas pouca vontade de me afastar quando necessário.

Carlos, o pai de Heaven, Ashley... Todos eles me passaram uma única coisa em comum: inconstância, e todos eles gostariam que eu os servisse para sexo. Confesso não me recordar de todos os momentos com Carlos, mas lembro o suficiente; ele não me desejava inicialmente, mas algo mudou e, dessa parte, só lembro do que Adam me contou. Sexo foi a forma de Carlos para me agredir e a maioria das coisas, ele teve que descobrir que aconteciam por si só porque eu nunca contei... Suponho que por medo. O pai de Heaven, nem mesmo sei o nome, mas eu fui exatamente o que imaginei que seria; uma noite de sexo e ele é o menos pior.

Então vem Ashley. Nunca consegui corresponder os sentimentos dela por mim, e geralmente, ela estava feliz em ter sexo de mim. Por muitas vezes, me peguei refletindo sobre ela e nos sentimentos que cultivou por mim. Sempre tudo foi tão esquisito que passei a acreditar que era por Ashley tentar se conter e não me pressionar porque ela é uma boa pessoa. E ainda assim, quando a conheci, havia uma amargura atípica em mim sobre ela, até o momento que cedi a uma noite de sexo, que viraram várias.

Nunca consegui a corresponder porque simplesmente parecia errado, por mais doce que ela fosse, por mais que eu gostasse da companhia e o toque tivesse se tornado familiar conforme os meses. Inconstante demais, porque Ashley me deixava nessa mistura de não saber o que fazer ou o que pensar. Ela foi perfeita comigo, então por que o amor romântico não veio com o tempo? Isso me fazia culpada. Eu já disse antes e repito: não pego uma linha de raciocínio muito boa sobre Ashley porque nem mesmo sei o que me fez dormir com ela a primeira vez.

Talvez eu fosse só uma grande paranóica e traumatizada com relacionamentos e com as marcas que meus pais deixaram em mim. Os meus pais me ensinaram o tipo de trauma que a negligência de figuras maternas ou paternas podem trazer, assim como o relacionamento conturbado que tive não me permite o apego real e sempre me torna desconfiada. O que vale é que tudo isso unido, eu não quero um relacionamento, não quero um casamento e muito menos uma madrasta para a minha filha.

Bons instintos, mas me afasto quando já é tarde demais. Tudo isso é apenas uma contextualização para falar sobre um ponto crucial e pouco fácil de entender.

No Teatro, sou pega de surpresa ao ver ela na bilheteria, de mãos dadas com a sua filha de intensos olhos verdes e cabelos encaracolados arrumados a um gorro cinza claro, como ainda não tinha tido a oportunidade de ver... E claramente, totalmente bem vestida pela soberana com um casaco de pele infantil, meia calça de tecido quente e refinado, botas prateadas e por fim um vestido de gola alta. Tudo da mesma cor que o gorro. Katherine é uma garotinha linda, mesmo vestida em roupas que ela não parece ligar muito.

Camila Cabello é ainda mais impressionante. Os cabelos lisos e longos estão soltos, com um trench coach social curto preto, calças de couro extremamente agarradas em suas pernas e uma blusa de gola alta (possivelmente de mangas cumpridas) branca, cachecol, botas de salto alto de cano curto... Abusava do preto, e essa era uma das melhores cores que já vi nela. Vê-se de longe o quanto as roupas são de marcas caríssimas que nem mesmo posso reconhecer, em uma mulher fatal e deslumbrante.

O Diabo veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora