Resiliência

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Resiliência

re-si-li-ên-ci-a

s.f. (substantivo feminino)

1. Habilidade de se adaptar com facilidade às intempéries, às alterações ou aos infortúnios.

2. Característica mecânica que define resistência dos choques de materiais.

3. Particularidades apresentadas por certos corpos, quando estes voltam à sua forma original, depois de terem sofrido deformação elástica.

No mundo em que vivemos, somos todos exatamente iguais e absolutamente diferentes. Se você procura algo específico e espetacular em mim, provavelmente vai se decepcionar porque não existe cargo algum que me faça ser fria o suficiente para deixar de sentir intensamente. E o ponto de sentir intensamente, é que isso também inclui todas as coisas ruins no pacote... E eu sinto muitas coisas ruins e posso me tornar muitas coisas ruins.

A maneira que você vai me ver ou me pintar para o mundo, é um problema seu. Minha reação sobre isso, no entanto, sempre vem e pode vir com uma tremenda paciência ou me pegar em um dia muito ruim. Na invariável, eu sou o que sou, e não sou uma mentirosa.

Fazer alguém pagar, é tudo o que tenho para trabalhar no momento. Eu já não choro mais, mas mentalmente trabalho pela justiça. Eu não choro, mas é destrutivo observar como Lauren olha para Katherine Alice de maneira distante às vezes ou como ela chora baixo quando pensa que estou dormindo ao dormir na minha casa.

A coisa mais engraçada é que Lauren, desde a última noite que passou aqui, voltou para a casa do pai dela apenas uma única vez. Eu sei que – mesmo não tendo tido sexo com Lauren nesses pouquíssimos dias – ela ainda queria a minha presença para compartilhar da cama. Não queria ficar sozinha e ter a mente vazia o suficiente para pensar em baboseiras. Eu não me importo de tê-la comigo por esses dias porque também é o conforto que eu preciso.

Lauren se esforça para tratar Kitty como sempre tratou. Ela admitiu que às vezes tem vontade de correr, mas não fará porque é um pouco mais corajosa que isso. A morena de olhos intensamente verdes, os mesmos olhos que agora sei de quem minha filha puxou, tem medo de como Katherine poderia reagir a saber que é a mãe biológica.

O assunto só surgiu uma vez também. Não entramos em acordo algum sobre contar a verdade para Katherine e nem sei se devemos por agora. Ainda tenho medo de machucar minha filha com toda essa loucura, e não sei se ela vai entender que não foi abandonada, mas que Lauren não pôde criá-la. Inferno! Eu sequer sei se Katherine teve algum tipo de questionamento sobre uma família biológica antes disso tudo. Ela parecia feliz em ter a mim e Aurora, nunca perguntou sobre mãe biológica, apesar dela saber que é adotada.

Na noite que antecipou o meu aniversário de trinta e cinco anos, eu sentei sozinha com Katherine em sua cama na hora de dormir. Minha filha não estava sonolenta e me pediu para ficar um pouco.

— Kate... – Eu chamo em voz baixa, acariciando os cachos castanhos da menina que tagarelava sobre o concerto de piano dela. — Você já quis conhecer a... Sua mãe biológica? Não precisa ter medo de me chatear com a resposta.

Katherine Alice é uma menina muito inteligente. Ela tem inteligência sem conhecimento e isso é algo a se lidar no momento. Eu estou perguntando sobre as vontades de uma criança, e é tudo o que importa para mim. Observo como ela franze a testa e faz biquinho, a mesma expressão confusa que Lauren faz.

— Acho que não... Eu deveria? – Ela me pergunta duvidosa. Alice parece pensar nos próprios sentimentos agora, e isso faz a expressão confusa sumir aos poucos. — Nunca quis conhecer ela. Minha mãe é você.

O Diabo veste PradaOnde histórias criam vida. Descubra agora