Esperança

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You belong, you already belong

(Você pertence, você já pertence)

Joshua Radin – Belong

Meus pés se arrastavam pela terra molhada, amassando algumas folhas no processo, fazendo o som seco se misturar a minha respiração entrecortada

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Meus pés se arrastavam pela terra molhada, amassando algumas folhas no processo, fazendo o som seco se misturar a minha respiração entrecortada. Cada fôlego era poupado para que mais alguns metros de floresta fossem conquistados, e eu não sabia exatamente como ainda estava de pé.

Só sabia que precisava seguir naquela direção.

Os batimentos cardíacos que ecoavam em meus ouvidos me asseguravam isso, diziam, sussurravam com tamanha certeza que aquela era a direção correta. E que esse trecho da jornada estava acabando.

Eu não tinha forças para questionar, e sabia que, mesmo se tivesse, não o faria, pois nos últimos tempos havia aprendido que o melhor a se fazer era confiar naquele meu ritmo interno e segui-lo. Já que, no fim das contas, o que eu procurava estava intrinsecamente ligado a ele.

Só mais um pouco, o coração sussurrava. Continue.

Com um suspiro pesado, preparei-me para subir por um pequeno barranco, reunindo forças que não eram minhas para tomar o impulso e continuar em frente. No entanto, calculei mal e pisei em falso, percebendo-me de cara com a terra em poucos segundos.

Algo em mim se quebrou quando atingi o chão, a dor da queda não sendo o motivo das lágrimas nos meus olhos. Elas caíram, deixando um gosto amargo em minha boca. Tentei respirar, e mesmo o ar tinha gosto de veneno, invadindo meu sistema e fazendo os pulmões queimarem.

Usei os últimos resquícios de energia para me virar de barriga para cima e encarar o céu, sentindo todo meu corpo marcado por uma pequena camada de barro e poeira. Uma estranha calmaria me envolveu junto do pensamento de desistir. Eu podia parar ali, já havia caminhado tanto, mas tanto, que todas as minhas reservas estavam esgotadas.

— Não dá mais. — sussurrei para o nada, mais como uma confissão pessoal para determinar minha aceitação da realidade naquele momento — Não consigo.

Como assim?, aquelas batidas antes frenéticas do meu coração estavam começando a se acalmar sem o esforço contínuo, e os sussurros acompanharam no tom.

— Vamos parar por aqui. — eu ainda sentia as lágrimas caindo, quentes — Já procurei demais.

Mas por que parar aqui? Você quer tanto encontrar.

Mordi o lábio inferior, fechando os olhos com força como se me recusasse a ver tudo a minha volta. Senti uma onda de emoção vindo, e aquela era minha chance de contê-la, mas falhei miseravelmente.

Vamos continuar, logo chegaremos lá.

— Ah, por favor! — gritei, rindo com escárnio — Sejamos honestos, eu não tenho mais água nem comida, não tenho mais forças sequer para respirar. Por que continuar? É muito mais fácil aceitar de uma vez que nunca vou encontrar o que procuro.

Procurando AtmosferasOnde histórias criam vida. Descubra agora