Um homem de família - Segundo encontro

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Os cabelos em desalinho espalhados pelo lençol branco, a boca entreaberta, os olhos semicerrados, ela gemia a cada estocada, entregue ao prazer. Ele meteu devagar, fazendo-a implorar por mais. Seu membro duro se esfregava em seu interior, a espera de suas contrações, quando elas vieram, pensou em outra. Não era mais dentro dela que estava, mas de uma linda mulher, que conheceu em um hotel fétido. Seus movimentos se intensificaram fazendo-a gritar e seus lábios tomaram os dela, num beijo devasso. Derramou seu sémen no invólucro de látex, gemeu roubando o seu ar, o ar de uma mulher imaginária.

– Nossa, você está ficando bom nisso – ela comentou quando se afastou. Lenora era uma cliente assídua. Viúva, o recebia em sua casa. Uma mansão, num luxuoso bairro da Capital. Ele olhou para ela e sorriu. Sentando-se na cama. – Fica – ela pediu. – Pago pelo seu tempo extra.

– Eu ficaria, minha querida. Sabe que seria um prazer – disse inclinando-se sobre ela e voltando a beijá-la. – Mas tenho um compromisso inadiável.

– Uma mulher? – perguntou franzindo a testa, que mal se moveu pela ação da toxina botulínica. Quantos anos tinha? Mais de sessenta, certamente. Mas era bela e o corpo perfeito.

– Minha mãe – ele respondeu com sinceridade.

– Mentiroso – ela contestou, envolvendo os dedos em seus cabelos e o puxando para mais perto. – Ela é jovem?

– Minha mãe? – perguntou divertindo-se.

– A garota que te fez gozar como um adolescente dentro de mim... – Não respondeu, apenas olhou em seus olhos. Como Lenora percebeu? Depois daquela noite, só conseguia gozar quando ela vinha a sua mente. Ficava duro, saciando suas clientes e depois pensava nela e gozava com fúria e frustração.

– Só estou me aperfeiçoando – provocou. – Você gostou? – Ela sorriu.

– Te darei tudo o que desejar, Gabriel – falou com seriedade tocando o seu peito com os dedos longos. – Só peço exclusividade.

– Eu já tenho tudo o que quero.

– Deve haver algo... – disse com um olhar profundo. Como se tentasse ler seus pensamentos.

– Se houver, você será a primeira a saber – ele respondeu levantando e vestindo-se. Ela ficou na cama, nua, entre os lençóis. Escorou o rosto com a mão e o observou.

– Todos têm... Você ainda será meu – falou em um tom humorado.

– Eu já sou seu, Lenora – Gabriel respondeu se inclinando e beijando-a, antes de deixar o quarto.

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– Deve haver algo... – pensou em voz alta enquanto dirigia ao encontro dos pais. Havia tomado um banho e trocado o terno caro por uma camiseta e calça jeans. – Eles, havia eles. O que ele mais queria era o respeito e o reconhecimento dos seus pais. Eles eram as pessoas mais importantes da sua vida. Decepcioná-los seria imperdoável. Por isso o sigilo era imprescindível.

Eles moravam em uma cidade do interior e dificilmente vinham até à Capital. Hoje, era uma exceção. Gabriel convidou-os para passar uns dias em seu novo apartamento. Queria que eles se orgulhassem da ascensão profissional do filho, mesmo que fosse uma mentira, e queria presentear seu pai com um carro novo. Tirou o telefone do silencioso, enquanto estacionava no Shopping. Olhou as mensagens, nada importante.

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Ela o aguardava sentada em um banco, próximo às salas de cinema e teatros, um dia queria levá-la para assistir uma peça teatral, pensou com um sorriso bobo nos lábios.

– Onde está o pai? – ele perguntou beijando o topo da sua cabeça.

– Foi visitar o tio Arno, ele está internado no Memorial. Ficamos sabendo hoje, cirurgia no coração.

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