A negociação

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- Eu estou desesperada, não sei como vou pagar as contas, com essa recessão não vendo nada há meses.

- E o George? 

- Desde que foi demitido não consegue marcar nem uma entrevista se quer.

- Não consegue ou não procura?

- Ele manda currículo, Sammy, mas você sabe que o mercado de trabalho não está fácil. 

- Lanna, quando você vai perceber que o teu marido é um vagabundo? Faz um ano que não trabalha. 

- Ele não tem sorte - Lanna sabia que a amiga tinha razão, nos dois primeiros anos de casada o marido trocou, pelo menos, cinco vezes de emprego e no último ano, nem isso. Havia brigas, Lanna estava cansada delas e sabia que não levariam a nada. Mas ela o amava e separação era um assunto fora de questão. O que ela precisava é de uma venda. Uma única e a comissão daria para viverem bem por alguns meses e as brigas cessariam e tudo ficaria bem. Eles poderiam ir viajar, fazer uma segunda lua de mel talvez. - É aquela casa - disse apontando para que a amiga estacionasse. - Obrigada pela carona. 

- Quando precisar é só dar um toque. Que horas te pego?

- Não precisa, não quero te incomodar. 

- Hoje é domingo, querida. Estou em casa de bobeira, me liga quando terminar que te pego para comemorarmos a venda. 

- Deus te ouça - disse com um suspiro antes de sair do carro. - Eu te ligo. 

- Boa sorte - Sammy gritou quando acelerou o  Citroen. Lanna olhou para a casa onde uma placa de Vende-se enfeitava o jardim. Era uma bela construção, localizada em um condomínio de luxo no bairro mais caro da cidade. Se ela conseguisse fechar o negócio, seus problemas estariam resolvidos. Caso contrário, corriam o risco de serem despejados. Uma ironia, uma vendedora de casas, sem casa. 

Abriu todas as janelas e portas da mansão para deixá-la bem iluminada, enquanto aguardava o possível comprador. Já havia mostrado a casa para a esposa e os filhos adolescentes durante a semana, mas quem daria a última palavra era o marido, que estava em uma viagem de negócios e só disponibilizava aquele domingo para ver o imóvel. 

Já havia passado trinta minutos do horário marcado, Lanna caminhava nervosa pelos cômodos quando o barulho de um carro estacionando chamou a sua atenção. Desceu as escadas às pressas, a tempo de ver o homem com cabelos levemente grisalhos, corpo atlético, terno risca de giz, descer do carro falando ao celular. Ela sentiu-se patética quando sorriu para ele, que a ignorou totalmente e entrou na mansão falando ao telefone numa discussão acirrada. Teve pena da pessoa do outro lado da linha e o considerou um grosso, petulante e mal educado. Ela o seguia enquanto ele olhava os cômodos, examinava paredes, aberturas, observava a vista sem parar a conversa com algum funcionário da sua empresa que deveria ter feito algo e não fez. Já tinham caminhado por quase toda a casa, quando ele desligou o smartphone e, finalmente, prestou a atenção nela. 

- Agradeço o seu tempo, mas não é o que estou procurando - disse passando por ela. Lanna ficou em choque com tamanha grosseria. Respirou fundo e o seguiu.

- Senhor Green, eu poderia convencê-lo que essa casa é exatamente o que o senhor e sua família precisam – falou pausadamente, tentando não parecer desesperada. Ele parou e virou-se para ela. Lanna se arrependeu de sua ousadia, mas agora era tarde. Ele a examinou dos pés a cabeça e depois lançou-lhe um olhar  de desdém.

- Acredite, a senhorita não tem capacidade para isso. 

- Senhora - ela o corrigiu. - Eu só peço dez minutos do seu tempo. 

- Tem cinco. 

- Mas...

- Quatro - Lanna  controlou-se para não mandá-lo para aquele lugar, respirou fundo e pensou na melhor forma de apresentar o imóvel sem perda de tempo. Teria que improvisar.

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