A Troca -Eve ( Quarto dia)

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– Quando éramos pequenas, sempre que passávamos em frente a este restaurante, ela dizia que um dia viríamos jantar aqui com o papai, nem que gastasse todas as suas economias – comentei para um John arrependido de ter se oferecido para me acompanhar às compras, naquela manhã de quinta.

– Você faz ideia de quanto custou para eu e seu pai pagarmos a sua faculdade? Sua irmã foi para uma universidade pública local para que você tivesse a oportunidade de realizar o seu sonho.

– Meu sonho, mãe? – gritei. – Alguém alguma vez me perguntou se eu queria fazer direito? – Eu sabia que aquilo era injusto, atormentei meus pais quando minha bolsa foi negada, o dinheiro que era reservado para uma aposentadoria tranquila, foi para a minha faculdade. Um ano depois eu abandonava tudo para seguir o sonho de outra pessoa.

– Você sempre disse que queria ser advogada.

– Para agradar vocês! – menti. Ela me olhou com tristeza, nunca esqueceria aquele olhar. Era o meu maior arrependimento, minha maior dor, até me envolver com Josh e descobrir que dores não se medem, elas sempre vêm fortes e destruidoras, nocauteando o seu hospedeiro, aniquilando-o.

– Eu devo isso a vocês – murmurei enquanto passávamos pela porta de vidro em direção ao hostess, um homem sisudo que observava o menu.

– O que você pretende? Vai me pagar um almoço? – o médico ao meu lado perguntou.

– Eu pretendia fazer uma reserva para o aniversário do papai, mas se você quer almoçar...

– Uma refeição nesse restaurante, sem o vinho, é o meu salário do mês – ele comentou preocupado com a minha proposta.

– Meus pais merecem – disse olhando para ele e sorrindo. – Eu quero que você me prometa uma coisa.

– O quê?

– Promete que eles vão ir ao jantar, mesmo que tenha que arrastá-los.

– Por que eu e não você?

– Pode ser que eu não... – esteja aqui. – consiga.

– Prometo que te ajudo a sequestrá-los para um jantar romântico. –disse parando de caminhar e segurando o meu braço. Eu o encarei intrigada, John sorria, seus dedos tocaram uma mecha do meu cabelo.

– Eu já falei que você é linda – comentou com a voz suave, meu coração acelerou.

– Não... – respondi, levantando na ponta dos pés e beijando levemente seus lábios.

– Você é linda... – disse beijando-me com intensidade.

– Pois não?– o homem de estatura mediana, usando terno preto e gravata borboleta havia deixado de examinar o menu para nos interromper. – Posso ajudá-los em alguma coisa?

– Gostaríamos de fazer uma reserva! – respondi com altivez para o senhor de olhar petulante que nos observava. Eram as minhas roupas de Sarah que o incomodavam ou o homem negro ao meu lado? Senti vontade de dar as costas, mas eu era Eve Armstrong e aprendi, durante a ascensão de Bruce, a lidar com aquele tipo de pessoa.

– Sinto muito mas a nossa agenda está fechada para este mês. – Olhei para ele de cima abaixo e sorri.

– Eu quero falar com o Gerente, por gentileza.

– Ele não se encontra, a senhorita e o... senhor que a acompanha podem voltar a entrar em contato no próximo mês ou se não querem esperar, recomendo a Lanchonete do outro lado da rua. – Olhei para ele incrédula.

– Eu vou falar com o Chef – comuniquei entredentes, passando por ele e caminhando em direção à cozinha. Faltava alguns minutos para o restaurante abrir ao público e o único movimento era o vai e vem dos garçons.

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