Um conto (clichê) de Natal

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– Lucy, você vai levar o Taylor na ceia  de Natal? – mamãe perguntou enquanto aguardávamos nosso pedido. Minha irmã mais velha me lançou um olhar de reprovação. 

– Por que ainda nos encontramos para almoçar na véspera do Natal, se vamos nos ver à noite?   – questionei mudando de assunto.

– Porque compramos os últimos presentes juntas – ela respondeu, bebericando o vinho. –  Já é tradição.

– Você e a Lauren compram, eu tenho que almoçar correndo para voltar a trabalhar – resmunguei olhando para o relógio, na verdade não precisaria voltar para o escritório se tivesse terminado o meu relatório. 

– O Taylor? – mamãe insistiu.

– O que tem o Taylor? – perguntei impaciente. 

– Iremos conhecê-lo ou não? 

– Ele queria muito ir, mamãe – confesso que havia deboche na minha voz. – Mas ele é muito ligado à família. Então combinamos que cada um passaria com a sua – menti sem ruborizar. Não estávamos juntos há mais de um mês. Ele me deixou por uma aluna da faculdade. 

– Lucy... – minha irmã, que sabia de tudo, até tentou, mas calou-se diante do meu olhar de "por favor, não".  Para meu alívio o garçom apareceu com os pratos. 

–Ok, então você não se importa de ser a ajudante do Papai Noel neste ano – Lauren quase engasgou com o vinho, segurando o riso.

– Eu faço isso desde os meus dez anos, mãe – falei revirando os olhos. – A Dorothy poderia ficar no meu lugar esse ano. Tipo ser uma passagem da irmã mais velha para a mais nova. 

– Pensei que você gostasse de ser uma duende ajudante.

– Quando eu tinha dez anos pode até ser... 

–  E depois a sua irmã vai trazer o namorado para o jantar.

– Mãe, ela só tem quinze anos – falei em choque.

– Ela fez dezessete, mês passado. 

– Mesmo assim... 

– Para de bancar a puritana, Lucy. Com dezessete você estava no terceiro namorado. Depois que encalhou. – Olhei incrédula para a minha irmã. 

– Isso foi cruel!

– Não mudem de assunto. Vai ser a ajudante do Noel ou não? –  Mamãe sabia ser insistente. 

 Função da  ajudante do Noel: Ler o nome nos pacotes de presentes para o Noel e  impedir que algum sobrinho capeta tente tirar sua barba. 

– Quem será o Papai Noel este ano? O Papai? O Tio Lincoln? 

– O seu pai acordou ruim da coluna e o tio Lincoln fez uma cirurgia e ainda  não se recuperou. Pedi para o Kaleb, mas o marido da sua irmã não se anima pra nada – falou lançando um olhar de reprovação para a filha mais velha. 

– Ele não leva jeito pra essas coisas – ela o defendeu.

– E ele leva jeito para alguma coisa?– Lauren revirou os olhos. 

– Eu vou falar com ele – ela disse, visivelmente, contrariada. 

– Poderia pedir para o Barry – mamãe ponderou. –  Mas ele vai levar a noiva.

– O Barry Andersen está noivo? – perguntei quase em coma. Os Andersen eram nossos vizinhos desde sempre. Durante a adolescência, Barry e eu chegamos a namorar. Um namorico sem importância. 

– Sim, da Cindy – minha irmã respondeu. –   Vão casar no verão. 

– A Cindy? A Cindy Barton?

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