– Eu gostaria de agradecer, Senhor Kennedy, pela confiança – Julie disse após assinarem o contrato de patrocínio.
– Acredito que faremos uma ótima parceria, Senhorita Mackenzie.
– Certamente! – falou com um sorriso que ia de orelha a orelha. Natacha cumpriu a promessa e conseguiu um patrocinador para o Canal Investigativo que a garota tinha na rede, em sociedade com colegas de faculdade.
– Vou pedir para a minha secretária dar detalhes do caso que gostaria que investigasse. É uma rede de prostituição. Homens inescrupulosos que aliciam menores para fazerem programa. Usam como fachada um Instituição de Caridade.
– Meu Deus! – Kyle, sócio de Julie, exclamou horrorizado.
– Estamos trabalhando com a promotoria, mas esbarramos na burocracia da legislação. O que não ocorre com vocês. Quando o escândalo vier à tona, com a pressão da opinião pública, teremos como agir e colocar esses canalhas atrás das grades – completou o jovem advogado herdeiro de um dos maiores escritórios de advocacia da Capital e que, há algumas semanas, fora presenteado com fotos de sua esposa e um arquivo com provas contra a suposta Agência de Serviços Sexuais.
-o-o-o-o-
– Você não acha que estamos sendo usados? – Julie perguntou para Kyle quando entraram no elevador do elegante prédio comercial.
– Que seja, conseguimos o patrocínio e teremos o nosso primeiro furo de reportagem e de quebra faremos justiça.
– Não sei... – ela murmurou, pensativa, apertando em sua mão o pen drive com o material de investigação entregue pelo advogado.
-o-o-o-o-
Julie ficou lívida quando viu as fotos, listas de clientes, endereços, detalhes sórdidos jogados em seu colo como um brinde... Testemunhas brotaram em seu caminho, ela foi envolvida em uma teia de manipulação, onde não havia como escapar, não havia como protegê-lo. Quanto mais procurava uma saída, mais presa ficava.
– O que você aprontou, irmãozinho? – murmurou com lágrimas nos olhos ao ver o material pronto para a edição.
-o-o-o-o-
– Por favor, Kyle! – implorou ao amigo depois de mais uma discussão sobre a matéria que denunciava a Agência.
– Se não formos nós, serão outros, Julie.
– Mas é o meu irmão.
– Você vai acobertar um criminoso? Onde estão os princípios que sempre defendemos.
– Ele não é um criminoso, isso não pode ser verdade. Deve haver uma explicação.
– Você teve acesso a todo o material de investigação, você viu os vídeos com os depoimentos dos menores, o que mais você quer pra acreditar que o teu irmão é um criminoso?
– Eu não posso fazer isso.
– O que você pretende?
– Eu estou fora... – disse dando as costas e saindo do estúdio recém montado com os recursos do patrocinador.
– Você é a idealizadora desse projeto, Julie. – Kyle gritou. – Seremos famosos.
– Não às custas da minha família – ela respondeu antes de desaparecer no corredor.
-o-o-o-o-o-
– Precisamos conversar – Julie falou ao telefone, quando ele finalmente a atendeu. – Onde você está?