A Troca - Primeiro dia

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– Por favor ! – ela suplicou com seus olhos castanhos esverdeados piscantes. Por alguns instantes, lembrei da menina que me ludibriava com aquele olhar pidão, me levando a cometer as maiores loucuras. Mas desta vez, não!

– O que você está me pedindo é inconcebível, Eve – respondi tranquilamente, enquanto bebia minha taça com água.

– Eu só preciso de alguns dias longe de tudo isso, eu estou enlouquecendo! – Olhei para ela com seriedade. Minha respiração era compassada, disfarçando o embrulho no estômago.

– E por que, simplesmente, não viaja? Vai para um Spa, Resort? Tira um tempo para você?

– Você não entende? Eu sou vigiada 24 horas por dia, onde quer que eu vá tem um paparazzi me perseguindo. Agora mesmo, tem um nos fotografando do outro lado da rua – disse apontando discretamente o dedo para um carro preto estacionado a alguns metros. Olhei pela janela do restaurante, onde almoçava com a minha irmã, é lá estava ele, nem disfarçou quando nossos olhos se encontraram. Sorri e mostrei o dedo médio. Ele retribuiu o sorriso com uma foto.

– Eu preciso ser outra pessoa para realmente ter um pouco de paz – murmurou desanimada.

– E esta outra pessoa sou eu? – Em outras palavras, a minha vida pacata e sem graça lhe daria a tranquilidade que precisava.

– Nós somos gêmeas, ninguém notaria a troca – suplicou. – Por favor, Sarah!

– E o Bruce?

– Ele está numa turnê, não volta tão cedo.

– E por que não foi com ele?

– Por quê? Você já ficou nos bastidores da vida de um astro do Rock? – indagou me olhando nos olhos, aquela resposta era óbvia, por isso não me dei ao trabalho de responder. – Pois quando você está ao lado de uma estrela, seu brilho te ofusca e você acaba desaparecendo, se tornando invisível. Então sua vida perde o sentido, você vira uma sombra, um incômodo, algo que pode ser descartado.

– Você não é do tipo invisível, Eve!

– Eu sou a esposa do Bruce, as pessoas nem sabem o meu nome.

– Não sabiam, você quer dizer?

– Você está sendo cruel! – acusou e, por algum segundos, me senti culpada.

– Eu só não consigo entender... – respondi pensativa.

– Por que a sua irmãzinha se transformou numa atração circense para a imprensa sensacionalista?

– Você traiu o seu marido com o baterista da banda.

– Vai me julgar?

– Acho que já foi julgada o suficiente – Ela me lançou um olhar de tristeza, sabia que estava sendo severa, mas não podia compactuar com aquele absurdo que ela estava me propondo e, se baixasse a guarda, seria manipulada, facilmente, como sempre fui.

– Eu estava carente e foi só um beijo – defendeu-se sem muita convicção. – Como eu ia adivinhar que aquele fotógrafo estava nos seguindo?

– Um beijo? Você estava saindo do apartamento do cara – contrapus, incrédula.

– Alguns beijos... – ela corrigiu, fingindo constrangimento.

– Por que não separa? Se a coisa está tão ruim assim?

– Eu não quero me separar do Bruce, eu acho que ainda o amo.

– Acha?

– Ele foi o meu primeiro namorado, estamos juntos desde a faculdade, fizemos planos, passamos por tanta coisa juntos. Eu abdiquei dos meus sonhos para ficar ao lado dele. Não é justo, que agora que temos tudo, eu o deixe livre para usufruir. Depois ele me perdoou, mandou o Josh embora. – Seu sorriso era irônico e melancólico.

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