A irmã

46.2K 620 99
                                    

- Você poderia pegar mais leve? - murmurei ao seu ouvido.

- Não defenda aquela fracassada!- gritou com sua voz estridente provocando olhares curiosos ao nosso redor.

- Ela é sua irmã, Karen.

– Ela não tinha que aparecer aqui, não a convidei. – repetiu no mesmo tom. Eu segurei o seu braço e a levei a contragosto para um canto da sala. 

- Não estrague a nossa noite por uma bobagem.

- Bobagem? Olhe para ela – falou procurando a irmã entre os convidados. Olívia estava sentada em uma poltrona, cabisbaixa. A mãe e o pai conversavam com ela. Certamente diziam palavras tão doces quando as que Karen proferiu quando ela chegou a nossa festa de noivado. - Como ousa vir vestida daquele jeito ao meu noivado, ela faz de propósito para me humilhar na frente dos meus amigos, é uma invejosa. Nunca aceitou que eu era mais inteligente, mais bonita e mais popular que ela. 

– Ela só veio para nos felicitar, querida. 

- Você está me repreendendo por causa daquele lixo – minha noiva, nos seus um metro e setenta agigantou-se com a sua ira. Seu grito, agora chamou a atenção de todos os presentes, inclusive da irmã. - Se está com pena, fica com ela! Leva o bichinho pra você! – disse com deboche e ironia apontando para a  Olívia. 

- Você ultrapassou os limites – falei dando as costas, caminhando até Olívia pegando a sua mão e praticamente a puxando para fora da casa. 

– Gregory! – Karen gritou nas minhas costa. – Volte aqui! Não ouse! Eu estou mandando você voltar aqui! 

Caminhei até a BMW estacionada em frente a casa que ficava num dos bairros mais elitizados da Capital. Abri a porta , Olivia entrou sem falar uma palavra. Não tinha ideia do que iria fazer, mas eu precisava tirar aquela garota daquele lugar, levá-la para longe da minha noiva que estava completamente fora de si. 

- Você não precisa - ela falou antes que eu girasse a chave.

- Onde você mora? - perguntei quando acelerei o carro. Olhei pelo retrovisor a tempo  de ver um grupo de pessoas se aglomerando no meio fio acenando numa tentativa de me fazer mudar de opinião. Entre eles, meu sogro e meu pai. 

- Você pode me deixar em qualquer lugar, por favor! Volte para a sua festa. - ela implorou. Finalmente olhei para ela, alguns segundos. Chorava. Aquilo me deixou mais furioso. 

– Diga o endereço ou ficaremos circulando pela cidade a noite inteira.  – Contrariada, ela balbuciou o nosso destino. Um prédio na periferia da cidade. O restante da viagem só não foi um silêncio constrangedor, porque era  interrompido pelo toque insistente do meu celular.  

Karen nunca me apresentou a irmã mais nova, Olívia não frequentava a casa dos pais. Fora colocada para fora quando tinha dezessete anos. Grávida. O namorado era o ajudante do pedreiro contratado para fazer a reforma da área da piscina. O rapaz de vinte e cinco anos seduziu a garota ainda adolescente. Os pais o acusaram de abuso, ele foi preso, mas Olívia o defendeu. Depois de muitas discussões fugiu com o rapaz. Longe da família e sem o dinheiro dos pais, o homem começou a maltratá-la. Ele a abandonou ainda grávida. Desesperada, procurou a família, mas o pai, intransigente, não a perdoou.  Um mês depois, ela perdeu o bebê. Foi o início de sua decadência, homens abusivos, álcool e drogas. Escândalos em aniversários, Natais e Finais de ano. Mas isso foi há dez anos. Nos últimos cinco, Olívia desapareceu. Voltando a surgir hoje, no dia do noivado da irmã. Estacionei em frente a um pequeno prédio de tijolos aparentes de quatro andares. Não era um lugar feio. Ela desceu e eu a segui. 

– Obrigada - falou finalmente me olhando nos olhos. Eu a observei pela primeira vez, os olhos azuis, os cabelos castanhos escuros, a boca carnuda, a pele pálida. Usava um vestido com botões na frente, comprido até abaixo das coxas e um sapato com um salto baixo. Era mais alta que a irmã mais velha. – Volte para sua noiva. Eu já causei problemas demais para a minha família, não quero ser a culpada de mais um. 

Encontros EróticosOnde histórias criam vida. Descubra agora