A Troca - Segundo dia

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Ela marcou em uma lanchonete, não muito longe de Alba

– O que você tem na cabeça? – perguntei encarando-a furiosa, assim que larguei minha mochila sobre a mesa. Estava exausta, havia circulado pela cidade procurando um lugar onde conseguisse tomar um bom banho e me livrar daquela sensação de ter sido usada. Acabei em um hotel de quinta categoria, não iria mais participar daquela farsa.

– O que houve? – perguntou num sussurro olhando para os lados para ver se alguém nos ouvia.

– Quando ia me contar que você e o Bruce se separaram? – Eve me olhou perplexa.

– Como você descobriu? Não faz nem 24 horas que trocamos de lugar e você descobre algo que escondemos da imprensa há meses.

– Ele me contou.

– Você encontrou com o Bruce? Onde? Ele te reconheceu?

– Não... acho que não – falei tentando dissipar da minha cabeça as imagens da nossa interação.

– Mas como vocês se encontraram? Ele está numa turnê e...

– A turnê encerrou ontem – a interrompi, Bruce não era o assunto principal, ainda não. – Ele veio para casa, que por sinal era o apartamento onde eu estava dormindo.

– É a cara dele se enfiar naquele tipo de buraco... – falou pensativa.

– Não troca de assunto... você não acha que seria essencial, para que esse seu plano mirabolante desse certo, eu ser informada da sua separação?

– Ninguém sabe, por que eu deveria contar pra você?

– Porque eu sou você! – falei alto demais provocando olhares curiosos. Eve se assustou e me lançou um olhar aflito.

– Mas não era pra vocês se encontrarem, como eu ia adivinhar? – disse desanimada. – Você não vai desistir, vai?

– Claro que vou... não existe a menor possibilidade de continuar com isso.

– E se eu te contar a verdade... – suplicou.

– Que verdade, Eve?

– A razão do divórcio...

– Você me deve isso. – Ela olhou, demoradamente, para as mãos, depois me olhou nos olhos.

– Ele sempre quis ter filhos, era quase uma obsessão. E como eu não conseguia engravidar, as brigas começaram a ser constantes. A cada exame negativo, minha vida se transformava num inferno. Até que eu procurei um médico e descobri que era estéril, eu não posso ter filhos, Sarah. – Ela começou a chorar convulsivamente.

– Que canalha!

– Não o culpe, por favor.

– Por isso ele pediu o divórcio? – ela fez que sim com a cabeça secando as lágrimas. – Idiota!

– Entendeu por que eu tinha que respirar? Eu estava sufocando.

– Por que não assina esse divórcio, Eve?

– Eu acho que ainda o amo... – disse voltando a chorar. – Mas agora eu vou ter que encará-lo – falou entre soluços. – Desculpa por metê-la em meus problemas.

–Não diga isso – falei sentindo culpa por acusá-la sem antes ouvi-la.

– Eu não vou mais obrigá-la a viver a minha vida. Ninguém merece isso...

– Você foi ver a mamãe? – perguntei tentando mudar de assunto para acalmá-la.

– Eu estava indo quando você ligou...

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