CAPÍTULO ONZE

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Preparei tudo minimamente, bem, na verdade foi apenas a decoração

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Preparei tudo minimamente, bem, na verdade foi apenas a decoração. A comida eu pedi em um restaurante de sushi que aprecio demais, as bolinhos de arroz são uma delícia, super recomendo.

A única coisa que eu fiz na sala, foi deixar a mesinha se centro para usarmos sentadas no meu tapete. Gosto de seguir as origens asiáticas quando como comidas asiáticas. Geralmente eles costumam comer sentados na sala, no tapete. Gosto de fazer o mesmo.

Demonstrar respeito com uma cultura diferente da minha, é o mínimo a se fazer. Vejo muitas pessoas por aí desrespeitando, desprezando e até mesmo debochando da cultura asiática. Eu particularmente acho super interessante.

Resolvi vestir algo mais casual, um short jeans, um blusão da uma banda de rock preferida e fiz um rabo de cavalo no cabelo. Deixei meu cabelo crescer no decorrer dos anos, ele está bem grande e com a mesma coloração.

Preto.

Meu organismo está ansioso demais, hoje finalmente eu tiraria esse peso dos ombros. Preparei quarenta tipos de discursos diferentes para usar na hora, mas resolvi que o melhor era deixar rolar.

Não sei se Jennie vai me perdoar ou parar de me odiar, a única coisa que sei, é que vou ficar de cabeça limpa com esse assunto. À anos venho sofrendo em silêncio por guardar demais pra mim, por me apaixonar por Jennie e me culpar por isso.

Eu sei muito bem que não tenho culpa, as pessoas não mandam no coração, mas se caso eu tivesse evitado, ela não teria sofrido. Ainda acho mega estranho Jennie vir até o meu país e fazer uma aliança justamente com a minha empresa, porém seria meio bobo achar que ela só fez isso por minha causa.

O mundo não gira ao redor de mim, isso é fato, mas algo aqui dentro diz que Jennie tem algum tipo de carta na manga ou plano estranho. Afasto esse pensamento rapidamente quando minha campainha toca.

Me sinto deslocada em minha própria casa, isso não é nada legal. A campainha toca novamente e então eu lembro que preciso abrir, mas meu coração está tão acelerado, que tenho medo de cair durinha aqui no chão. De nervosismo.

— Oi. —  dou passagem à ela, para que entre.

Jennie adentra ao meu apartamento bem devagar, como se fosse uma gatinha avaliando terreno. Ela está com um vestido de alcinhas colado até a cintura e solto no resto, chegando um pouco acima do joelho. Um salto anabella também acompanha a roupa.

— Belo apartamento. — ela diz, quando me encara.

Fecho a porta. — Obrigada. — sorrio, guiando-a até a mesinha de centro, onde está as comidas — Pedi comida japonesa, você gosta?

— Bastante. — sorriu pequeno.

Jennie retirou suas sandálias de tira e sentou-se no meu tapete, eu dei a volta na mesinha e me sentei do lado oposto. Precisava nos servir com a comida e o vinho já que sou a anfitriã, mas minhas mãos estão tremendo demais.

— Você está bem? — ela perguntou — Está pálida.

Sorri nervosa. — É estranho estar na sua companhia depois de oito anos. — com toda coragem do mundo reunida, comecei a nos servir, tentando controlar o nervosismo.

Jennie me observou. — Lalis...

— Lisa. — a encarei — Apenas Lisa, por favor.

— Lisa. — ela cantou — Eu não quero ser muito rude, mas gostaria de ir ao assunto logo.

Eu a olhei, assustada. — Experimenta pelo menos o temaki de salmão.

Ela me encarou desconfiada por segundos, até pegá-lo com o rachi e comê-lo, com seus olhos nos meus. Não era pra ser, mas Jennie transformou uma fodida mordida em um temaki, numa coisa extremamente quente.

Eu tossi nervosa, bebendo um pouco do vinho da minha taça. Desviei o olhar do dela, porque é constrangedor demais admitir pelo olhar que ao meu ver, Jennie continua fodidamente sexy e muito mais atraente.

— É gostoso. — ela disse.

Limpei a garganta. — É bom mesmo, a comida de lá é ótima.

Jennie assentiu. — Agora me conta o que realmente aconteceu, — pegou sua taça e a movimentou levemente na mão — talvez eu pare de odiá-la.

Senti um amargar em minha boca. — Primeiramente quero dizer que sinto muito pela morte do seu pai, — eu falei — segundo, a culpa é toda dele.

— O quê? — Jennie arregalou os olhos, largando o temaki no prato. Eu permaneci em silêncio, esperando outra reação dela — Isso é algum tipo de piada?

— Não Jennie, eu nunca brincaria com algo assim. — falei, deixando transparecer um pouco de raiva — Eu...

— Por quê não me contou?

— Você conhece seu pai a vida toda, e eu conhecia à poucos meses... em quem você acreditaria, Jennie? — perguntei firmemente — E tem outra, eu não queria envenenar a sua relação com seus pais. Preferi ir embora.

— Por quê isso parece não ser suficiente? — seus olhos já estavam lotados de lágrimas, e ela as segurava.

— Porque não é só isso. — suspirei pesadamente — Seu pai me ameaçou duas vezes, a primeira foi quando eu terminei com você. Ele me fez prometer que iríamos nos separar, se não, ele a tiraria de lá. — expliquei — A segunda ele ameaçou meu pai, foi com a mesma chantagem porém disse que internaria você, então para protegermos você, preferimos voltar para a América.

Jennie se levantou e começou a andar pra lá e pra cá, com as mãos na testa, analisando e processando o que eu havia acabado de falar pra ela. Em parte, mesmo vendo seu desespero, eu estava livre e em paz dessa culpa. Esse fardo, não carregaria mais.

— Então você não terminou comigo por não me amar mais? — perguntou parecendo desesperada.

A encarei. — Não, Jennie eu realmente te amei. Muito mesmo. — sorri, sentindo as lágrimas chegarem — Por Deus Jennie, só eu sei o quanto eu te amei naquela época. Foi lindo, puro e intenso. — baixei os olhos para o meu prato, com bolinhos de arroz — Mas foi preciso fazer aquilo, para que você ficasse à salvo.

Ela se ajoelhou no tapete, me olhando. — Eu não sei se fico feliz ou se te dou um soco na cara!

Eu ri, sentindo uma lágrima descer. — Eu não poderia reclamar se levasse um soco, fui burra o bastante, tive medo de encará-lo e perder você. — de repente me senti fragilizada, odeio me sentir assim — Por todos esses anos me culpo por ter ido sem ao menos dar adeus.

— Quero que me conte nos mínimos detalhes, tudo mesmo. — Jennie me encarou, com a voz firme — Chega de omissões Lalisa, precisamos fechar esse ciclo e toda essa dor do passado.

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