09| Nada mais faz sentido

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Faz dois dias

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Faz dois dias. Exatamente dois dias que eu venho evitando ir ao trabalho por causa do meu parceiro.

A maneira como ele falou e como eu me rendi a ele me deixa completamente fora de mim.

Eu não estou acostumada a ter esse tipo de contato com as pessoas, não tão intimamente assim. E é por isso que eu não consigo olhar em seus olhos, porque eu sei, que dá forma que estou, sem controle das minhas ações, o deixarei fazer o que quiser, e isso não faz parte da minha natureza.

Eu sempre tive repulsa de imaginar qualquer homem me tocando, mas agora, é só eu sentir o cheiro dele que consigo imaginar coisas que não pensei serem possíveis de acontecer. Não comigo.

Por todas essas questões resolvi fingir que estava doente e marquei uma consulta com minha psicóloga. Ela vai me ajudar, ela sempre me ajuda.

— Phoebe Reed. — escuto ao longe a secretária dela me chamar.

Me levanto rapidamente, seguindo até sua sala.

Eu preciso de respostas, preciso entender porque não estou mais sendo como era, e porque tudo parece está indo contra mim.

— Achei que você tinha desistido das nossas consultas, tinha sumido por uns dias… — A senhora, que tem acesso aos meus segredos mais obscuros diz, com um sorriso simpático no rosto.

Por que para todo mundo é tão simples sorrir assim? — penso, afinal, eu sempre me pergunto isso.

Fazer isso para mim é como me obrigar a matar alguém, simplesmente não consigo.

— Só estava sem tempo… — respondo, me sentando na poltrona.

— Suponho que alguma coisa aconteceu, você está agitada… — diz, se sentando e puxando sua caderneta.

— Sim, eu não sou mais eu… É como se eu estivesse me perdendo, as vezes eu me olho no espelho e parece que estou vendo duas pessoas totalmente distintas uma da outra... 

—  Como assim? — indaga, parecendo realmente interessada.

— É como se a antiga Phoebe estivesse sendo substituída por outra, e o mais assustador, eu gosto, entende? Você já se sentiu assim?

São tantos pensamentos conflitantes, e tudo gira em torno de Axel Coleman. Ele é o culpado por isso. Ele me faz querer fazer coisas que não são certas. Coisas que não deveriam me fazer se sentir bem, mas eu me sinto.

— Você conheceu alguém? O que exatamente vem mudando?

Ela anota algo em seu caderno e volta a me olhar. 

— Por que você acha que eu conheci alguém?

A ideia de achar que só estou mudando por ele é tão estranha. Porque eu não deveria me sentir assim. Principalmente por tudo que aconteceu. Inclusive, a promessa que fiz a mim mesma de não me envolver com ninguém.

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