ALERTA DE GATILHO: esse capítulo aborda ataque de pânico.
Respirar nunca pareceu tão difícil como agora. Assim que abro meus olhos, percebo que pela primeira vez, meus remédios parecem não ter efeito algum e isso é uma das coisas mais estranhas que já aconteceu, porque eles sempre fizeram efeito. Eu sempre consigo dormir, mas hoje, especialmente hoje, dois dias depois da morte do policial White, eu simplesmente não consigo. E isso é aterrorizador.
Me levanto, um pouco assustada e com medo dos motivos de hoje eles não terem funcionado.
Se eu não conseguir dormir, as lembranças do que me aconteceu volta com uma intensidade absurda, como tudo sempre acontecia a noite e é por isso que eu não suporto noites. Na verdade, eu odeio elas.
Fico olhando para as paredes do quarto, percebendo que os toques, os beijos, os gritos, e tudo que ele fazia começa a retornar, como se realmente estivesse acontecendo e eu odeio sentir isso estando acordada, porque quando estou dormindo, é praticamente impossível de não ver, mas pelo menos, eu estou em outra dimensão, mas agora, acordada, é mil vezes pior.
Passo minha vista pelo quarto procurando pelo meu celular, o vejo em cima da escrivaninha. Corro até ele, evitando olhar para outro lugar.
Tenho certeza que com Axel aqui será mais suportável, pelo menos sua presença me faz bem e me faz me sentir segura.
No primeiro toque ele rapidamente me atende, parecendo preocupado, provavelmente por causa da hora e porque eu nunca o chamei para dormir aqui, mas hoje, eu preciso dele, mais que qualquer coisa. E ele parece entender isso, porque ele diz que logo logo estará aqui.
Quando desligo o telefone, me deito na cama, em posição fetal, tentando abafar os gritos que estou ouvindo. Mesmo sendo impossível, afinal, eles estão dentro da minha fudida cabeça.
Um soluço abafado sai dos meus lábios ao sentir ele tão perto de mim, e mesmo eu sabendo que não é real, não consigo controlar as lágrimas que insistem em descer pelo meu rosto, como se fossem a minha vida. Porque é isso que eu acho, cada vez que eu choro, parece que estou vendo tudo que eu tenho escorregar pelos meus olhos. Como se fossem nada. Como se eu fosse nada.
Meu corpo começa a tremer, e eu sei que é de medo, mas também de raiva, ódio, e todo o sentimento ruim que eu sinto e sentia quando ele me tocava sem o meu consentimento. Alguém que deveria me amar e cuidar de mim, apenas me destruía, dia após dia.
Outro soluço alto escapa ao ouvir na minha cabeça sua voz dizendo que me ama. A vontade de gritar, é absurda, mas não o faço, porque a campainha toca, me alertando, que ele chegou. Axel realmente veio.
Me levanto, na velocidade da luz, não me importando com as roupas que estou vestida, apenas vou.
Assim que abro a porta, não deixo nem ele entrar, pulo em seu colo, querendo sentir ele, perto de mim, porque ele é real. Ele não me machucaria, tenho certeza.
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IM(PERCEPTÍVEL) | ✓
Lãng mạnPhoebe Reed carregava em seu peito um único sentimento: ódio. Ela não suportava ver alguém sendo feliz, porque isso a fazia se lembrar da sua antiga vida. De como tudo era falso. De como as pessoas eram sem escrúpulos. E o principal, de como o sorri...