Phoebe Reed carregava em seu peito um único sentimento: ódio. Ela não suportava ver alguém sendo feliz, porque isso a fazia se lembrar da sua antiga vida. De como tudo era falso. De como as pessoas eram sem escrúpulos. E o principal, de como o sorri...
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— Sabe o que eu acho? Acho que você nunca gostou de mim de verdade... Você me enganou, me fez acreditar que eu podia ter alguém, que eu podia confiar em você, mas na primeira oportunidade, você simplesmente foi embora, me deixou. Me apunhalou pela costas Axel. E eu odeio quem faz isso, eu odeio pessoas que usam as outras e depois somem, eu odeio quem finge amar o outro, eu odeio…
Escuto sua mensagem pela milésima vez, tentando entender porque eu não consigo aceitar que essa mulher pode ser uma assassina. Sua voz parece estar cansada emocionalmente, e eu queria ir até ela, nesse momento, e pedir perdão, mas eu não posso, não quando eu acho que não há motivo para mim fazer isso.
Até suas palavras me fazem duvidar dela agora e isso é uma droga, uma droga muito grande, porque eu acho que não tem como eu permanecer ao lado dela depois que confirmar.
— Terminei! — meu irmão diz, entrando no quarto e chamando minha atenção para ele — Não posso dizer que ficou perfeito, mas dá para reconhecer muito bem ela… Fiz alguns ajustes na foto que você me entregou e porra, ela ficou quente loira.
Semicerro os olhos para o seu comentário sobre ela.
Pego o papel da sua mão para verificar a foto, e realmente, ela ficou gata, mas ainda assim, muito diferente.
— Parece outra pessoa.... — sussurro, percebendo que talvez ela se transforme mesmo em outra personalidade.
Já ouvi falar de muitos casos que foram resolvidos dessa forma, geralmente algum trauma do passado leva crianças e adolescentes a criarem uma personalidade para se defender, quem sabe Phoebe não fez isso? Isso seria até uma resposta lógica para mim, e talvez, nem ela faça ideia dessa outra pessoa que existe dentro de si mesma.
— Olha, isso é coisa de louco cara… Não sei exatamente o que dizer sobre tudo isso, mas acho que tá na hora de você começar a pensar na possibilidades para o que vai fazer caso a criança confirme que é ela…
Continuo olhando para a foto pensando se eu fui tão enganado assim. Porque nesse momento, tudo parece ter sentido demais. A forma como ela ficou com medo quando meu irmão falou sobre o estúdio… Mas ela seria uma tatuadora na sua outra personalidade? Ela teria tempo para ter uma vida dupla? Ao mesmo tempo que algumas coisas se encaixam, outras não o fazem.
Ela iria tentar fazer de tudo para parar as investigações, não?
Mas quando ela não pôde ir até o garoto… Inferno, não sei mais o que pensar.
— Acho que vou embora ainda hoje… Não posso ficar muito tempo longe, e eu preciso ter a certeza disso o quanto antes.
Me levanto da cama, indo calçar meus sapatos. Posso sentir seus olhos me seguirem, e no fundo, me julgando.
— Espero que tudo isso seja apenas uma grande coincidência, porque pelo o que eu te conheço, você não sairá nem um pouco bem dessa história… Sei o que ela significa para você.
