Phoebe Reed carregava em seu peito um único sentimento: ódio. Ela não suportava ver alguém sendo feliz, porque isso a fazia se lembrar da sua antiga vida. De como tudo era falso. De como as pessoas eram sem escrúpulos. E o principal, de como o sorri...
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Eu nunca entendi o que passa na mente humana. De verdade, acho que é a coisa mais difícil de se entender em um ser humano.
Olho para as paredes lisas e sem cor do meu apartamento tentando entender ele. Tentando encontrar um motivo qualquer para o que ele fez, mas eu não encontro. Porque nossa noite tinha sido perfeita, até algo o fazer mudar. Mas o que?
Será que ele estava apenas me usando o tempo todo e eu não percebi?
Será que eu sou tão manipulável assim?
Acho que as respostas são todas verdadeiras. Eu sempre fui fraca. Eu sempre deixei as pessoas fazerem o que quisessem comigo, e agora, eu percebo que mais uma vez, estou voltando para o lugar escuro que eu passei grande parte da minha vida. Mas eu tenho que lidar com isso. Eu tenho que mostrar para mim mesma que eu não preciso de ninguém. Mas é horrível fazer isso quando não se tem mais um emprego, nem com quem contar. Minha vida girava em torno daquele escritório, e agora?
É decadente a forma como estou nesse momento. Sozinha e triste porque eu realmente entrei de cabeça nesse relacionamento, mas ele não. Ele veio com suas palavras doces e sorrisos charmosos, tomando conta de tudo na minha vida e derrubando as barreiras que eu passei anos para construir.
A única pessoa que pode me ajudar nesse momento sou eu mesma, como sempre é. Afinal, quando eu acho que finalmente achei alguém para me libertar de tudo que me cerca, ele simplesmente se vai, sem dar explicações, e ainda por cima, tira uma das únicas coisas que eu mais amo.
Não sei se posso algum dia perdoar ele por isso, porque eu só queria lógica para tudo, mas a cada dia que passa eu percebo que na minha vida pode existir qualquer coisa, menos sentido em algo.
Meu apartamento que antes parecia finalmente estar se tornando algo bom, por causa da presença dele, agora, parece algo mórbido, como eu.
Tento impedir as lágrimas de descerem pelo meu rosto ao imaginar como nada é fácil para mim. Não sei exatamente onde foi que eu errei, onde foi que eu acabei com tudo, mas a única coisa que eu tenho certeza, é que o problema só pode ser eu. As pessoas tentam se aproximar, e eu até tento fazer elas permanecerem, mas algo de ruim dentro de mim as impede de ficar, e eu queria saber porquê.
Pego a taça de vinho e levo a minha boca, tomando bem devagar pensando se realmente vale a pena viver nesse mundo onde nada parece ser bom para mim.
Desde que eu nasci tudo que gira em de mim é apenas caos e destruição. Primeiro, eu matei a minha mãe. Depois, ele disse que eu deveria servir para algo, afinal, eu tinha levado a mulher que ele amava, e por fim, ele cumpriu o que disse. Me usou. Destruiu a minha vida. Me levou ao inferno por diversas vezes, até eu fugir, e agora, eu sinto ele se aproximando. Porque só basta eu me lembrar de qualquer mísera coisa do passado, que ele volta.
