25| Nunca mais ele me tocará

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ALERTA DE GATILHO:

Esse capítulo contém cenas consideradas perturbadoras (insinuação de abuso sexual) e que pode te afetar muito. Portanto, cuidado ao ler.

Silêncio, bebezinho, beba o seu leite estragadoEstou louca pra caralho, preciso da minha receita preenchidaVocê gosta dos meus biscoitos? Eles são feitos apenas para vocêUm pouco de açúcar, mas muito veneno também [

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Silêncio, bebezinho, beba o seu leite estragado
Estou louca pra caralho, preciso da minha receita preenchida
Você gosta dos meus biscoitos? Eles são feitos apenas para você
Um pouco de açúcar, mas muito veneno também [...]

Milk and cookies | Melanie Martinez

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10 ATRÁS

Olhar para esse lugar me faz ter vontade de vomitar. Assim como é quando ele me toca. Ou quando eu finjo que gosto. Tudo nele me dá ânsia. Mas nada é pior do que me ver no espelho. Nada é pior do que imaginar tudo que aconteceu comigo e tudo que não aconteceu com ela.

Nunca achei que fosse possível odiar alguém sem ao menos conhecer, mas ele me fez sentir isso por ela. Simplesmente o sentimento se apossou do meu corpo como se fizesse parte de mim. De cada fibra minha, e isso é assustador.

Eu passei quinze anos da minha vida aqui, presa, sozinha, sendo violentada quase todos os dias por ele, enquanto ela estava vivendo uma vida de princesa. Sendo amada. Tendo acesso a tudo.  E eu, simplesmente, era o brinquedinho dele. Isso me deixava com mais raiva ainda de me olhar no espelho, ou até mesmo ver alguma foto dela.

A filha perfeita.

Olho novamente para o meu rosto através do espelho pensando no que vou fazer quando sair daqui. Acho que a primeira coisa que eu pretendo é pintar esses cabelos, cortá-los talvez, usar lentes pelo resto da vida... Isso vai me ajudar a esquecer ela e tudo que me aconteceu. Pelo menos é o que eu espero. Nunca mais eu quero ouvir nada relacionado a eles dois. Nada.

Passo as mãos pela minha cintura, puxando a faca de serra e verificando se ela está realmente afiada.

Nunca nesses anos todos ele tinha trazido um objeto cortante para mim, até mês passado, quando eu fiz algo que ele queria muito e ele me recompensou me dando, pela primeira vez, um prato suculento de bife acebolado com batatas. Acho que nunca comi nada tão incrível na minha vida toda.

Sorrio ao perceber, assim que a passo levemente pelo meu braço que ela está perfeita para o corte que eu preciso fazer.

Hoje, Max Thompson será morto pelas minhas mãos, e finalmente, eu poderei sair deste inferno.

— Garotinha… Cheguei.  — escuto ele dizer, e automaticamente sinto todo o meu corpo gelar.

Corro em direção a cama, colocando a faca debaixo do travesseiro, ao mesmo tempo que ele abre a porta, me dando uma visão da sua imagem podre.

— Que bom, estava morrendo de saudades…

Ouvir as minhas palavras faz a bile subir com força, mas me controlo.

Só hoje. Só mais uma vez.

—  Precisava ouvir essas palavras querida, você acredita que aquela pirralha fugiu? Depois de tudo que eu fiz por ela? Acho que deveria ter deixado você lá ao invés dela… —  diz, se aproximando e colocando suas mãos podres em minha cintura.

Ouvir o que ele disse me deixa intrigada… Por que ela fugiria?

—  Sempre disse que você escolheu a errada para ficar lá… —  sussurro, passando as mãos em seu cabelo.

Ele sorrir, jogando a cabeça para trás adorando minhas palavras. Se ele tivesse noção de tudo que eu quero fazer com ele… Não chegaria tão perto assim de mim. Olho dentro dos seus olhos iguais aos meus, sentindo mais nojo ainda, porque isso me faz recordar de tudo, e principalmente do quão podre ele é.

Aproximo meu rosto do seu, levando minha mão para dentro da sua camisa social, tocando em seu corpo nojento — Só hoje. Só mais uma vez. — Penso, assim que o beijo.

Rapidamente ele entende o que eu quero —  na verdade, o que ele acha que eu quero —  então ele me joga na cama, puxando meu vestido, e eu fecho meus olhos, tentando pensar em qualquer coisa, menos nele aqui.

Só hoje. Só mais uma vez. 

Enquanto ele está concentrado, achando que eu estou adorando isso, passo minhas mãos por debaixo do travesseiro, sentindo a minha salvadora desse inferno tocar na minha pele. Nesse momento eu abro os olhos e o vejo, pela última vez, vivo. E sem pensar em mais nada, eu levo a faca rapidamente até seu pescoço, o cortando, antes dele sequer reagir. Seu sangue podre respinga pelo meu rosto e corpo enquanto ele tenta estancar levando suas mãos até onde eu fiz o corte e antes de qualquer coisa, eu o empurro, subindo em cima dele e dando repetidos cortes, incansavelmente. Porque agora, finalmente, eu estou livre.

Ele nunca mais me tocará.

Pela primeira vez na minha vida eu sorrio de verdade.

Pela primeira vez na minha vida eu sei qual é a sensação de felicidade.

A sensação de felicidade tem apenas quatro palavras:

Max Thompson está morto.

Max Thompson está morto

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