Passo as mãos em meus olhos me sentindo um lixo, assim como também estou me sentindo o maior idiota que existe nessa merda de mundo.
A maneira como Phoebe brincou comigo não tem explicação. Ela foi esperta. Sem escrúpulos e muito inteligente. Ela sabia que me conquistando poderia fazer o que quiser. Poderia enganar todos ao seu redor, e eu não iria perceber porque eu estava completamente de quatro por ela.
O dia de ontem começou estranho, na verdade, alguns dias antes, tudo já tinha começado a dar errado. Primeiro foi aquela mensagem ridícula dizendo que quem eu procurava estava perto. Depois, veio algumas outras mensagens com suposições, suposições essas que eu não dei muita importância, afinal, para mim, nada daquilo fazia sentido. Até ontem.
Quando ela se afastou, outra mensagem me foi enviada, e eu juro por tudo, que eu não queria acreditar no que estava escrito ali, mas eu acreditei.
Eu fui ao seu banheiro verificar se realmente fazia sentido o que tinham me enviado, ou se era alguma brincadeira sem sentido para prejudicar nossa relação. Mas eu me surpreendi ao ver, no meio das suas coisas, lentes de contato azuis. E ainda assim eu não quis acreditar. Eu não podia aceitar que a mulher que eu amo era a porra de uma assassina. Eu não podia.
Eu quis perguntar. Eu quis ver o que se passava por trás dos seus lindos olhos de esmeralda, mas ainda assim, eu só via a mulher que eu amava. Então eu a beijei, como se fosse a última vez, porque eu sabia que depois que eu procurasse a última pista da mensagem, tudo iria ruir. E eu quis acreditar que eu não veria o que eu vi. Mas eu vi.
Eu vi a tatuagem.
Ela tinha a porra de uma borboleta atrás da orelha. Idêntica a de todas as outras vítimas.
Então tudo pareceu fazer sentido.
Eu tentei achar uma lógica, eu tentei compreender, mas nada vinha. E eu posso dizer, nesse momento, que ainda há dúvidas, eu sei que há.
Quando eu sai do seu apartamento, a única coisa que eu queria era voltar lá e perguntar, ver sua expressão, entender o que estava acontecendo, mas eu não consegui, porque eu sei que ela tem um poder surreal sobre mim, um poder muito grande. E eu sei que qualquer coisa que ela me dissesse eu iria acreditar. Porque eu amo ela. Mas eu não sei se esse amor é capaz de suportar saber que ela é uma assassina, e que ela me usou.
Fico dentro do carro observando ela sair do departamento aparentemente arrasada. Eu sabia que não iria ser fácil. Mas não achei que fosse doer tanto.
Eu escolhi a minha profissão. O dever de descobrir quem é o assassino da borboleta. O dever de entender tudo o que está acontecendo, mesmo eu sentindo que eu já sei a resposta.
Eu escolhi tirar ela do caso apenas para poder a investigar.
Eu escolhi tirar ela da minha vida, para não ser a próxima vítima.
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IM(PERCEPTÍVEL) | ✓
RomansaPhoebe Reed carregava em seu peito um único sentimento: ódio. Ela não suportava ver alguém sendo feliz, porque isso a fazia se lembrar da sua antiga vida. De como tudo era falso. De como as pessoas eram sem escrúpulos. E o principal, de como o sorri...