03| Perigo

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Eu tentei, juro como tentei de todas as formas não pensar na maneira como aquele homem me afetou, e o principal, a maneira como ele falou

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Eu tentei, juro como tentei de todas as formas não pensar na maneira como aquele homem me afetou, e o principal, a maneira como ele falou.

Deveria ser proibido as pessoas olharem para outras como ele me olha.

Algo em seus olhos escuros me deixa sem chão. Na verdade, eu sinto a sensação de que estou em perigo, mas é um perigo bom. E é por isso que eu não gosto. Geralmente isso tem a tendência a terminar mal, ainda mais para alguém como eu. Quebrada. Que em qualquer sinal de aproximação, consigo destruir tudo ao meu redor, antes mesmo de tocar.

Esses pensamentos me fazem levantar e ir em direção a janela verificar a cidade lá embaixo. Tudo parece tão repetitivo, todos os dias as mesmas pessoas indo e vindo, algumas fingindo estarem felizes e realizadas com suas vidas, sendo que na verdade, seus olhos entregam perfeitamente tudo que sentem. Nada. Assim como eu.

— Detetive, desculpa ter entrado sem avisar… — escuto a voz de Joshua e me viro rapidamente na sua direção, pronta para perguntar porque ele invadiu meu espaço sem a minha permissão. Mas ele se apressa antes que eu fale qualquer coisa. — Eu bati na porta repetidas vezes, mas não houve resposta, por isso entrei. — diz, com certeza se defendendo do meu olhar acusatório.

—  Tudo bem, pode falar o que você quer…

— Os peritos acabaram de enviar os arquivos da autópsia no corpo da vítima… O desenho da borboleta foi feito em outro local também… Não sei porque, mas dessa vez, ele mudou todas as suas táticas. —  conclui, me entregando a pasta. 

Abro a pasta, verificando as fotos que contém nelas.

Na clavícula. E com uma cor diferente. Vermelho.

Todos os outros desenhos sempre são azuis, e no pescoço.

— Chama o Coleman por favor… — peço, indo até o quadro de fotos colocando as duas mais principais.

Escuto a respiração pesada de Joshua sair e logo depois o cheiro amadeirado de Axel invadir minhas narinas.

— Observa essas fotos… Me diz o que você vê de diferente nelas. —  me afasto dele, porque essa aproximação não me deixa bem.

Seu perfil concentrado verificando cada uma das pistas me deixa intrigada.

Algo nele me faz lembrar de alguém, mas eu não consigo distinguir quem. Mas é alguém do meu passado.

Ele coloca uma mão em seu bolso, e continua passando os olhos por elas, lentamente.

Eu tento desviar meus olhos dele, mas não dá. Tem algo nele, que me puxa sempre para perto. Que droga! Isso não é bom.

— Os traços dos desenhos são bem delicados… E tem uma certa técnica em cada uma delas, o que me faz pensar que, talvez, nosso assassino possa ser um tatuador… Você já pensou nessa possibilidade? —  me pergunta, se virando na minha direção.

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