26| Loucura

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Quando eu já estava desistindo de chamar, o senhor Coleman abre a porta, com um sorriso simpático no rosto

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Quando eu já estava desistindo de chamar, o senhor Coleman abre a porta, com um sorriso simpático no rosto.

— Como vai Phoebe? — indaga, me fazendo estranhar sua pergunta.

Olho para ele pensando em porque todo mundo que eu me aproximo parece agir dessa forma. Como se eu fosse um monstro. Isso só me faz confirmar, que de fato, eu posso estar certa sobre a minha teoria. Eu realmente sou uma louca psicopata.

— O Axel está aí? — pergunto, entrando na sua casa, assim que ele me dar espaço.

Seus olhos me avaliam calmamente, tentando não parecer nervoso com a minha presença e eu não pensei que fosse me sentir tão mal —  como estou me sentindo —  ao ver esse olhar. Acusatório.

A cada hora que se passa, percebo que a única coisa que pode ter feito Axel se afastar de mim tenha sido ter descoberto algo, afinal, isso também explicaria o fato dele ter me tirado do caso, sem nem me procurar.

—  Ele saiu, foi para sua casa… — diz, parecendo se lembrar de algo.

—  O senhor sabe dizer por que ele está me ignorando?

Me sento no sofá, tentando não parecer uma garotinha assustada, mas acho que não consigo disfarçar muito bem porque ele se aproxima, se sentando ao meu lado, com um olhar vago.

Me sentir da forma como estou me sentindo agora me faz lembrar do passado, onde eu não tinha ninguém para me ajudar, ou pelo menos, eu achava que não tinha. Passei tanto tempo acreditando que eu não podia falar, porque ele ia me matar, que eu terminei me fechando em um casulo, e isso foi tão errado, como é agora.

—  Não faço ideia… Vocês brigaram por algum motivo?

Percebo pelo seu tom de voz que ele está mentindo, e eu odeio mentiras, assim como eu odeio muitas coisas que me fazem lembrar do passado.

Me encosto no sofá, levantando a cabeça para o teto.

—  Você acha que uma pessoa pode fazer coisas e depois não se lembrar de nada? Como uma autodefesa?

Escuto seu suspiro pesado e logo depois um toque em minhas mãos. Levo meus olhos até os dele e o que vejo ali me deixa feliz, porque eu vejo compaixão, e isso é algo que eu estou precisando no momento.

—  Creio que sim… Mas eu não sei porque, mas a mulher que eu vejo aqui, na minha frente, agora, não parece ser essa pessoa. —  diz, com um sorriso de lado. Sua expressão parece estar mais suave e se sentindo bem com a minha presença.

— Eu sei porque o Axel não quer falar comigo… — tento impedir as lágrimas de descerem pelo meu rosto, mas é quase impossível — Eu acho que ele descobriu que eu sou uma assassina… Eu não me lembro de nada, de verdade, mas coisas estranhas vieram acontecendo, pessoas que tinham algum tipo de ligação comigo foram mortas… Coisas que não deveriam estar no meu apartamento começaram aparecer e agora, eu me olho no espelho e não consigo me achar, na verdade, eu acho que nunca consegui…

—  Phoebe… —  ele tenta me impedir de continuar falando, mas eu não paro.

—  Se eu parar para pensar melhor, eu tinha motivos para matar meu pai e todos os outros… Você trabalhou na minha casa durante toda a minha infância mas você não faz ideia do inferno que eu passei… Max Thompson era um demônio, ele me usou, destruiu a minha vida, fez eu acreditar durante 15 anos que eu merecia aquilo, porque eu era a culpada pela sua infelicidade… Eu me lembro até hoje de tudo… Da primeira vez… De cada momento que ele tocava no meu pequeno corpo sem eu permitir… Ele era o homem que deveria me amar… Cuidar de mim não é?

Olho para o senhor Coleman e sua expressão me surpreende. Seus olhos estão vermelhos e lágrimas cobrem seu rosto. Antes que eu fale alguma coisa ele me abraça, me dando um apoio que eu achava que não precisava.

—  Meu Deus Phoebe… Eu não fazia ideia minha filha…

—  Ninguém fazia senhor Coleman… Ele me ameaçava, dizia que se eu contasse ele iria me matar… Eu era tão ingênua, eu sempre tive medo, até quando eu fiz quinze anos, uma das únicas empregadas que trabalhavam lá e era da época da minha mãe me entregou uma carta dela, tava escrito o nome de Detroit e o endereço do apartamento que eu moro… Foi quando eu decidi fugir de lá… Acho que foi quando finalmente eu sorri de verdade pela primeira vez, eu estava livre entende? Mas foi um ledo engano, dias depois eu soube da morte dele… E eu fiquei feliz sabe? Muito feliz… Finalmente ele tinha morrido, por isso que eu decidi ser detetive… Eu queria achar a pessoa que o matou, e agradecer a ele… Mas eu podia ter feito, apenas me olhando no espelho. — sussurro a última parte, levando as mãos até meu rosto.

—  Pequena criança… Se eu tivesse ideia do que acontecia por trás daquelas paredes luxuosas… Pode ter certeza, eu o mataria com a minhas próprias mãos… E se você o fez, eu não te julgo. —  diz, me olhando com um carinho que eu nunca recebi na vida, de ninguém.

—  Mas eu me julgo senhor Coleman! E o pior de tudo, é porque eu não me lembro… É como se eu fosse uma louca sabe? Eu passei tanto tempo procurando por algo que eu não fazia ideia do que era, até eu me esbarrar com o seu filho de novo… Ele me fez sonhar… Eu criei um futuro na minha cabeça e eu não tinha pretensões para um futuro, até ele. Ai do nada, tudo desmorona, simples e fácil… E o que mais me dói, é porque ele não me explicou nada, apenas tomou decisões sem me comunicar de absolutamente nada.

Olho para as minhas mãos pensando em tudo que aconteceu. Acho que só agora eu pude perceber que nunca vai haver ninguém no fim do túnel, sempre será só eu.

—  Eu não expliquei, mas vou, agora. — escuto a voz do homem que vem me atormentando a dias, e quando levanto meus olhos para olhar para ele, não consigo focar nele, porque outra pessoa chama a minha atenção. 

—  Eu tomei alguma droga forte ou eu realmente estou vendo duas Phoebes na minha sala? —  escuto o senhor Coleman dizer, parecendo chocado. Suas palavras me fazem perceber que eu realmente não estou surtando, e sim, tem outra mulher, do outro lado da sala, idêntica a mim.

Fico olhando para ela como se eu estivesse vendo algum tipo de aberração, porque isso não é possível. Eu nunca, sequer pensei na possibilidade de eu ter uma irmã, ainda mais gêmea.

Fecho meus olhos e os abro novamente para ver se eu realmente estou vendo o que estou vendo, e me surpreendo ao ver ela lá, no mesmo local, com um olhar sombrio na minha direção.

— Você é tão patética…

Escuto ela dizer, se direcionando para mim e aí sim, eu me dou conta que isso de fato é real, então, não consigo me segurar nas minhas próprias pernas e apago completamente, não querendo aceitar isso.

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