Eles nunca saberão o que nós passamos

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- Vamos para o pub? - Ryan se distraia em seu celular a espera do uber. Estávamos do lado de fora do restaurante, Kio e Lis já haviam ido embora. Meus olhos acompanham Gulf e Juni caminhando para seja onde for que eles vão. Já que Gulf recusou nossa oferta de carona. 

Juni segurava o braço de Gulf enquanto iam andando, claramente ele estava tenso. Eu notei que ele ficou estranho após a conversa se direcionar para ele e sobre sua relação com Juni. 

Não encarei a situação como grande coisa, não sabia o que o estava incomodando, mas obviamente foi algo relacionável ao que foi dito durante a interação. Tentei não responder seus olhares porque uma vez olhando para ele, havia grandes chances de eu não conseguir parar. Diante de Lis, que por si só já repara em muito, não a queria me questionando acerca do que acontecia entre eu e Gulf. 

Mas o que me prendeu e estava me corroendo, era a forma que Gulf me olhou no banheiro. Dizia tanta coisa através daqueles globos castanhos, na verdade, eu acho que consegui decifrar parte do que ele queria. E o tanto de sentimentos que ali se encontravam, eu não sabia como lidar por hora. 

- O irmão do Kio é fofo e a namorada dele também. Eles me lembram a mim e a Nancy. - Encaro o meu amigo e me surpreendo ao ver o seu semblante triste. - Se arrependimento matasse, eu estaria morto, certo ?

- Se arrependimento matasse, não sobraria muito da humanidade para se contar uma historia. - Respondo, preso em meus próprios pensamentos. - Quer saber Ryan, vou passar hoje. Tenho que fazer uma coisa.

- O que? Sério? Estou me sentindo preterido. - Dou um tapa solidário em seu ombro, fingindo que me importo com sua atuação. 

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Durante esse dias tentei me recompor para não ter de afasta-lo. Mas no fundo, eu sabia melhor. Eu não queria que Gulf se envolvesse demais comigo. Ao entender o que ele queria me dizer, eu não posso mais ignorar que ele gostava de mim. E eu gostava dele, mas eu não sei se correspondia no mesmo nível. Com toda certeza eu tinha mais experiência em relacionamento que ele e nosso ponto de vistas divergiam um do outro. 

Passo a mão no meu rosto, ansioso com o rumo dos meus pensamentos. 

Se apaixonar. 

A última vez que isso aconteceu foi anos atrás e com uma mulher tão sensível quanto Gulf. As coisas não deram muito certo para nós dois, e apesar de saber que Gulf e Hanna eram pessoas completamente diferentes, parecia que o rumo seguiria do mesmo jeito. Os dois compartilhavam o ideal de amor romântico em que a pessoa amada é o único que existe aos olhos do outro. O amor para eles era restrito a duas pessoas. Era limitador. 

Gulf era assim. Talvez, por hora, ele não pensasse em definições, mas logo, começaria sua necessidade que tenhamos um destino. Ele precisaria nomear nossa relação. Eu queria isso também? 

Paro na porta de Gulf, sem saber se ele estaria ali. Ele poderia ter saído com Juni para outro lugar, mas eu não queria ligar para confirmar. A porta abre após alguns segundos da campainha ter sido tocada. Sua expressão séria não me deixava dúvidas de que ele estava chateado comigo. O observo se sentar no sofá e encarar a tv ligada, me aproximo, sentando a seu lado, deixando certo espaço entre nós. 

- Eu sei que você não voltou com ela. - Decido começar por onde achava que ele necessitava saber. - Eu te conheço, você me contaria se tivessem voltado. Você não é o tipo de cara que se envolve com duas pessoas assim. 

Seu silêncio era indício de que ao menos ele estava me escutando. 

- Gulf, eu não acho que isso vai dar certo. - Materializo o que veio me acompanhando todo o caminho. 

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