Então eu poderia pegar o caminho de volta

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O sol me nutria de vitamina D e paz, enquanto a meu lado, Lis reclamava em seu tom rabugento com o garçom que parecia que iria desfalecer dentro de alguns segundos se continuasse olhando diretamente para a mulher decidida. 

- Sabe, ele é apenas um garoto, não precisava tratar ele assim. - Murmuro, tomando um gole do meu suco de maracujá. 

- Essa vaca! Ela só esta fazendo isso para dar em cima de você, vai aparecer aqui com o vestido mais curto que conseguir achar, odeio reuniões com ela. - Sorrio, sem precisar olhar para Lis, já imaginava a expressão de descontentamento. - Isso não é profissional, se ela quer flertar pelo menos que fosse em um restaurante normal? Com ar condicionado? Eu finalizei meu cabelo ontem para hoje esse sol ressecar. 

Após mais de sete anos tendo mulheres como minhas parceiras profissionais e centro de confiança principais, eu ganhei certa sensibilidade para questões que antes, não me comoviam. O  fato dos cachos de Lis ressecarem sem um creme propício quando exposto ao céu, era uma realidade que agora entendia. Assim como, os períodos menstruais deixaram de ser uma verdade afastada, todos os possíveis mitos foram desmanchados. Me tornei mais tolerante com situações que não me dirigem por ser homem, como o assedio e acredite, eu vi muito disso acontecer conforme os anos se passaram, infelizmente alguns de nossos clientes não tem senso. 

- Aproveite que é de graça, peça algo caro! Meu cabelo resseca nesse tempo também. - Encaro Lis com falsa modéstia. A face dela mostrava que se não fossemos parceiros de negócios acima de tudo, ela já teria me agredido. 

- Lá vem ela, esse poço. - Sussurra olhando atrás de mim, seu rosto evoca um sorriso tão natural que chegava a ser assustador.  - Parm, querida. Como você esta linda! 

A mulher recém chegada sorri alegre para nós, os olhos espertos saudando em primeira mão Lis. No começo eu não entendia a dinâmica entre elas, Lis não gostava dela, mas Parm sempre foi complacente com a outra. Na verdade, ainda não entendo, não estava na minha alçada, mas seja como for, Parm só falava comigo após elogios e mais sorrisos com Lis. 

- Mew, como está ? Parece mais jovem a cada ano que te vejo. - Não podia negar, Parm tinha um sorriso lindo, combinava com o rosto pequeno. 

- Obrigada, deve ser os cremes que você produz, eles retardam o envelhecimento. - Parm pisca, me dando um leve tapa no braço. 

- Pare de mentir que usa meus produtos, eu sei que isso ai é fruto das ervas que toma. - Solto uma risada e lanço um olhar para Lis, sua face estranhamente contente, porém, seus olhos fuzilavam a outra. 

Como o esperado, o encontro ocorreu tranquilo. Parm era muito jovem, em seus trinta e dois anos já tinha seu patrimônio e era responsável por uma das maiores marcas de produtos de beleza e agora maquiagem do país. Éramos parceiros desde sua iniciação, ela sempre foi fiel e assim como acreditou em nós, também acreditamos nela. Era um contrato benéfico para os dois. 

- O desfile então será de grandes proporções. - Lis parecia genuinamente admirada com a proposta de Parm. 

- Sim, a Lands é uma marca de roupa muito popular entre os estilistas de tv, seria uma apresentação da nova coleção da minha marca mais a deles, e como vocês sabem eu nunca que poderia fazer isso sem vocês. E quero que vocês façam a escalação de pessoal e claro, a sua marca é uma das mais em alta, expô-las também. 

Parm me encarou com um sorrisinho que ignorei o sentido por estar analisando a proporção do rendimento para tal evento. 

- Ótimo e nós agradecemos. Lands nunca fez nenhuma parceria conosco justamente porque também somos uma criadora de marca, como os convenceu ? - Questiono, sem desviar do rosto feminino. 

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