Se parasse para analisar os meus relacionamentos passados, não levaria tanto tempo. Afinal, eu só tive duas namoradas. Uma quando eu tinha quinze anos e outra com dezoito, a última, ficamos juntos por três anos.
Analisando cronologicamente, talvez poderíamos apontar que foi um longo relacionamento. Não senti como se fosse no entanto. Passou tão rápido. E muita coisa aconteceu. Inclusive, o término ocorreu de maneira crua, quase como se eu não estivesse sentindo o peso daquele final.
E foi um ano antes de terminarmos que eu conheci o Mew.
Eu trabalho como modelo desde os meus dezessete, não foi proposital mas eu era bom nisso. Constantemente as pessoas me diziam que eu era muito bonito para não ganhar nada com isso, minha mãe levou os elogios a serio e aqui estou eu. Mew entrou na minha vida quando fui chamado para ser um dos modelos de sua marca.
Aconteceu tudo muito rápido, ele era extremamente profissional e inteligente e como a empresa dele na época era pequena, ele participava das diversas etapas. E foi assim que nos conhecemos. Na verdade, eu já sabia quem era ele, sua marca tinha bastante popularidade, pois se diversificava das grandes e disseminadas.
Pessoalmente ele parecia mais bonito e intimidador. Os olhos grandes, o semblante que por vezes se passava muito sério, mas quando ele sorria, era como o sol no início da manha. Era deslumbrante. Ele foi gentil com todos os modelos que participaram do ensaio, inclusive comigo. Minha prima, Olive, era assistente dele, levando-o a focar em mim por mais minutos que fizera com os outros.
Senti minha orelha queimar sem entender o motivo, eu já havia visto aquele rosto, e mesmo assim, estar diante dele, sentir suas mão na minha, sua atenção direcionada, me deixou tenso.
Após meu primeiro trabalho com sua empresa, fiz outros também, a M&L não assinava contrato a longo prazo com os modelos, então, era uma via de mão dupla.
E de alguma forma, um dia, eu, Mew, Olive e algumas outras pessoas da equipe, saímos juntos. E desse dia em diante, Mew se tornou uma constante na minha vida. Ele era muito cuidadoso, gentil, protetor comigo, eu sentia e sabia que poderia contar com ele. Nossa amizade apenas se solidificou, ele também trabalhava como modelos as vezes, afinal, com um rosto como aquele.
Tivemos a oportunidade de fazermos alguns trabalhos juntos, inclusive uma filmagem para um cantor famoso. O que serviu para nos aproximar ainda mais. E eu tive mais vislumbres de um Mew que poucos tinham acesso. A saber sobre sua vida, alguns de seus medos, inseguranças e sonhos. Ele sempre foi determinado, sua mente funcionava de acordo a achar soluções e nunca focar nos problemas.
Aprendi muito com ele, como se fosse um irmão mais velho.
Mas ele não era o meu irmão, eu já tinha um. E ele não me tratava nem perto do modo como Mew me trata. O carinho era completamente contrastivo. Além do mais, eu gostava de estar perto do Mew, conversar com ele pelo telefone, saber sobre suas gafes e suas preocupações. Se o Kio me ligasse, geralmente, era para me pedir alguma coisa ou saber alguma coisa, conversas muito longas entre nós terminava em xingamentos, comportamentos de irmãos. Nada próximo a como eu era com Mew.
Acho que foi uma conexão genuína. Havia tudo para nos afastarmos, ele era mais velho, comandava uma empresa, viajava bastante, e eu era apenas um estudante e modelo, e mesmo assim, a gente conservava nossa amizade. Eu esperava fazer tão bem a ele quanto ele fazia bem para mim. Ninguém nunca me tratou do jeito que ele faz.
Conforme nosso aproximação foi acontecendo, eu e Juni fomos nos afastamos. Eu estava atolado com as programações do lançamento da marca de Mew, além de outros que eu tinha de dar conta, a faculdade era apenas um adendo a minha lista de afazeres. Quase não tinha mais tempo para ela, não era minha intenção negligencia-la. No entanto, chegou um momento em que eu só não sentia a necessidade dela. E isso me pareceu egoísta, não poderia manter uma relação em que eu mesmo não pudesse me dispor a dar o que a outra parte precisava.
Inclusive, conversei com Mew sobre isso. E ele me aconselhou a pensar melhor e ver se era realmente o que eu queria, afinal, problemas nos relacionamentos todos tinham. O olhando naquela noite eu tive a certeza, não sabia de onde vinha, mas estava lá, que eu precisava terminar as coisas com Juni. Mesmo com toda a precisão em minha escolha, terminar com ela doeu.
Existia um gostar, e acima de tudo, existia a importância dela para mim.
Depois de Mew, as coisas só foram acontecendo, mais trabalhos como modelo, de alguma forma alguns de nossos seguidores shippavam a gente, eu achava fofo. Elas faziam montagens e clipes com fundo romântico de nós dois. Meu número de seguidores aumentou, Mew expandiu a empresa, recebendo assim mais afazeres.
E dessa forma que nossa amizade foi se constituindo. E ainda se constitui. Não sei muito bem como era minha vida antes dele, parece tudo um borrão. E faz sentido ele estar nela agora. No entanto, de um tempo para cá, o termo amigos vem me deixando desconfortável, não que seja mentira, pois não é. Porém, era como se não encaixasse, soava estranho dizer isso em voz alta.
Era só que, por esses meses, eu me sentia mais suave que antes na presença dele. Eu entendi o que esta acontecendo, mas não parei para analisar, provavelmente, esse seria o conselho dele, entretanto, não queria fazer isso. Pois se eu entrasse no cunho crítico de certos sentimentos, era provável que eu tornasse tudo pior.
O mais constrangedor é o fato de que, desde o começo, esse sentimento que hoje me persegue, estava ali, eu só não me dei conta. E dois anos depois, eu entendi, ou meio que entendi o que aquilo significava. Mas para o público em geral, nós éramos amigos.
Sim, nós éramos amigos.
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Friends
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