... mas os meus amigos com certeza não me amariam como você

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- Porra Gulf.. que merda cara! - Tin grita aborrecido. E eu não o culpo, estávamos em batalha e eu o ferrei as sete vezes seguidas, sem nem uma trégua. Eu juro que estava tentando, mas eu não conseguia focar totalmente. 

- Foi mal. - Murmuro, me ocupo em beber a cerveja barata e horrível que ele trouxe. 

- Cara, você anda muito distraído. - O que não era mentira. Mas não digo nada. - É por causa daquela foto que está rolando ?

- O que ? - Tin levanta os ombros e reinicia o jogo.

- A foto cara, tem uma foto sua com aquele seu amigo. - Tin retira seu celular do bolso , após alguns segundos me mostra. 

Eu evitei propositalmente o celular. Principalmente porque estava a pouco de atender Mew, mas não queria ceder. Ele merecia esse gelo e foda-se. A imagem estava perfeita, dava para ver que Mew olhava para baixo, havia um pequeno sorriso em seu rosto enquanto o meu estava pressionado na face dele. Lembro-me dele encarando uma menina a nossa frente, será que ele viu que ela tirou a nossa foto ? Porque não havia muitas pessoas ao redor e ela estava literalmente na nossa frente. 

- Sabe, você poderia ter me contato... eu não iria te julgar. - Sorrio para Tin, que parecia desconfortável em dizer isso. 

- Por que eu teria que te contar sendo que você nunca me contou que era hétero ? - Tin levanta suas sobrancelhas, captando o que eu disse e ele gargalha. Depois de um tempo, as palavras de Mew fez sentido. Não era necessário contar nada a ninguém, não era uma prioridade, e se sua orientação sexual importa para outra pessoa em quesito dela manter sua amizade ou não, talvez seja o tipo de pessoa que não valeria a pena ter em sua vida. 

- Porra, real! Foi mal, é só que, eu quero que você saiba, que não importa, eu ainda posso aturar sua bunda magra como amigo. - Reviro meus olhos. - Sem contar que sou o namorado de sua ex então, quase família agora. 

- Você sabe ser desnecessário. Vamos mais uma vez, vou te arrebentar. - Voltamos a jogar, mas não cumpro com minha fala. 

Eu ainda me sentia um idiota. Depois do mico que paguei para minha mãe, ela me forçou a ficar com ela, como se eu fosse a droga de uma criança perdida. Com toda certeza ela evitou falar sobre o que aconteceu, sentia que ela estava chateada. Eu estava uma bagunça sentimental, e tivemos uma conversa um tanto quanto reveladora. Ela admitiu não gostar de Lia, mas que agora que seria avó não poderia continuar com seu ranço. Tinha de cuidar da menina, afinal, ela não tinha mãe presente. Eu fiquei levemente chocado!

Pois, não sabia da gravidez de Lia e depois porque minha mãe admitiu que brigar não adiantaria nada, agora Kio já estava casado. O que nos levou para a segunda parte da conversa, sobre ela me avisar que podia contar com ela para tudo, contanto que eu nunca mais fizesse uma cena daquelas. Descobri, após matutar por um tempo e ligar dois mais dois, que Mew havia ido na viagem por causa da situação de Lis. Também fui até Cerly, precisava pedir desculpas pelo o que fiz com ela. Mew tinha razão, foi infantil. E ela parecia ser uma garota tranquila. Cerly era boa demais, me perdoou e disse que estava tão bêbada quanto eu, não se importou muito com o que rolou. Me senti aliviado, não queria ser um escroto por nada. 

Pensei diversas vezes em atender as ligações de Mew, ou até mesmo responder suas mensagens, mas sabia que assim que ele dissesse a primeira desculpa, eu já teria desistido de lutar. Eu sou fácil assim. A fase da raiva já passou e tudo o que me resta é uma falsa consolação de que quando nos encontrarmos, talvez ele não vá finalmente terminar comigo, seja lá o que for que temos. E eu estava protelando. Minha mãe me disse que o amor era fácil, as pessoas que complicavam. Foi tudo o que ela resolveu me dizer sobre minha relação com Mew. Fiquei feliz por ela não me repreender, mas acho que essa parte ainda está por vir. Enquanto mãe, penso que ficou sentida por quão abalado eu estava, e decidiu adiar suas opiniões sobre eu estar passando por uma fase. 

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