E é por isso que amigos deveriam dormir em outras camas

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Se um dia eu fui irredutível acerca de qualquer outro envolvimento que poderíamos ter além da nossa amizade, com toda certeza não esperava me sentir tão bem conforme me sinto agora. Num dia normal de semana com Gulf já se configurava como algo relaxante, mas num dia normal de semana com Gulf sendo meu namorado era quase como se tudo ao meu redor estivesse em harmonia. 

Deitados em sua cama, o escuto contar sobre seus planos pós faculdade. Mantenho meus ouvidos atentos enquanto observo cada detalhe de seu rosto. Ele ficava tão lindo quando estava animado discorrendo sobre qualquer assunto bom o suficiente para faze-lo divagar. Quando franzia as sobrancelhas grossas, mostrando sua indignação com o rascunho mal feito de seu orientador, me recordo da primeira vez que o vi. Na época, ele não me chamara a atenção, parecia tão tímido. As sobrancelhas se mantinham unidas, quase como ele preferisse repassar seus pensamentos para quem estivesse próximo. 

Levanto minhas mãos e passo meu dedo sobre os fios lisos de sua sobrancelha. Gulf continua falando. Nunca imaginaria que estaria apaixonado por aquele menino sério de três anos atrás. Era uma sensação que já senti anteriormente, no entanto, o formato desse sentimento é completamente diferente. Eu sei que ele percorre os pensamentos sobre pertencimento, porém, eu não quero tê-lo, e sim, receber dele tudo o que ele quer e pode me dar abertamente. Tal como ele estava me recebendo, todo o eu, o lado negativo e o positivo. 

Não menti quando disse que não sei como será nossa relação. Me agarro na percepção de não magoa-lo, pelo menos, não propositalmente. Não estava preparado para entrar num relacionamento, e por mais que sua presença em minha vida seja algo que eu queira manter e preservar, tenho que trabalhar internamente essa questão. Quero que ele seja feliz comigo. 

Continuo reconhecendo seu rosto como sob meus dedos, traço a linha de sua mandíbula, subindo novamente para a raiz de seu cabelo. Deixo o meu indicador descer ao centro de sua testa e acaricio de leve o espaço entre suas sobrancelhas que continuavam franzidas. Seus olhos se fecham, suas palavras cessam assim que toco sua têmpora. 

- Você está me distraindo. - Reabre os olhos assim que desço o dedo pela extensão de seu nariz. 

- Eu não acho que já te disse isso, mas eu realmente amo seus olhos. São tão expressivos. - Os globos castanhos claros brilham em minha direção. 

- O que dizem ?- Gulf segura a minha mão, a abaixando e deixando entre nós. Seu polegar acariciando minha palma. 

- Que eu sou o homem mais lindo para eles. - Murmuro com escárnio. 

- Jura ? É isso que lê em meus olhos? - A risada dele me anima. Eu poderia por sua risada como meu despertador. 

- Não é minha culpa que você esteja completa, total e absolutamente apaixonado por mim. - Levando nossas mãos e beijo as costas da sua. 

- Hum... não se ache tanto. - Um sorrisinho tímido se forma em seus lábios e meu coração derrete. 

- Fofo. - Me inclino para ele, aperto-o contra meu corpo, agarrando sua cintura e deixo minha cabeça pousar em seu peito. As batidas um pouco aceleradas me fazem sorrir. Sinto suas mãos me rodearem, seus dedos se infiltram no meu couro. 

- Mew ? - Faço um barulho preguiço, era tão bom deitar com ele. - Já que estamos num relacionamento agora, vamos contar para as pessoas ?

Seu tom parecia duvidoso. 

- Se você quiser e se sentir confortável. - Inspiro o cheiro de sua camisa. Gulf mantinha o mesmo perfume a anos, eu nunca gostei daquela marca em especifica que ele usa, mas nele, eu amava a colônia. O amor era assim tão estúpido. 

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