... bom, eu sei que existe um limite para tudo

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Gulf continuava a me ignorar. 

Eu estava irritado. 

Não conseguia pôr a mão até onde a situação o incomodava. Até então, achei que tivesse ficado com ciúmes  por causa das fotos. Achei que uma conversa poderia resolver isso. Mas ele continuou me ignorando por dias. Como uma maldita criança emburrada. E então, ele fez aquela merda na festa. Gulf era impulsivo, eu já sabia disso. Mas ele me irritou demasiadamente quando eu entendi o porquê dele ter feito o que fez. E com a minha funcionária. 

Aquela ação estava me corroendo, mas tudo se tornava mais cinzento com o fato dele ainda continuar a me ignorar. E já se passaram quase uma semana. Qual o plano dele? Me ignorar até qualquer um de nós esquecesse essa merda que foi nosso envolvimento? Eu conseguia reconhecer meu erro, e não vi muita coisa nele. Eu não fiz nada! Ao menos ele não me deu a oportunidade de me explicar. 

Talvez não só eu não esteja apto a ter um relacionamento. Se ele não confia em mim, como ele quer ter qualquer tipo de relação? Eu disse que não estaria com mais ninguém, se a minha palavra não basta e algumas fotos são fáceis de serem compradas como verdadeiras, o que  nos resta afinal ? 

Eu o escutei bem claro e definitivo. Ele estava ridiculamente bêbado. Foi graças a bebida que em primeiro lugar ele me beijou. A bebida deu a ele o poder de romper com suas próprias inseguranças e me dizer o que realmente sente. Isso me deixa preocupado, se ele não consegue ser sincero sóbrio, o que mais eu poderia fazer ? 

E pensar nisso estava voltando a me irritar profundamente. 

- Aquele garoto idiota. - Murmuro. 

- Quem? - Esqueço-me da minha irmã sentada ao meu lado. Ela surgiu no meu apartamento um dia após o casamento. De acordo com ela, era uma visita familiar. Não era incomum, mas com toda certeza ainda preferia que ela fosse para um hotel, no entanto, sua desculpa era de que sentia minha falta e toda essa merda de nossa família não ser unida. Não que eu não sentisse sua falta, eu a amo e com toda certeza tê-la ao meu lado esses dias foi o que me tirou da minha própria bolha de impaciência. E também me fez repensar se ir até ele agora me sentindo do jeito que estou seria uma boa ideia. 

- Ninguém, apenas pensando alto. - Torço para que ela deixe para lá, e ela se mantem quieta tempo o suficiente para eu achar que sim, até que volta a falar.

- É sobre aquele menino modelo? - Sua pausa foi apenas para se certificar se eu iria negar, não nego. - Você vêm sendo rabugento por esses dias, quer me contar o que houve ?

-Não estou rabugento. - Rebato como uma criança faria. 

- Está. Eu dividi o útero com você por nove meses...

- Viemos do mesmo útero em épocas diferentes, pare de forçar isso. - Janny sorri e se aproxima. 

- É serio, o que esta acontecendo? - Janny era alguns anos mais velha, mas nunca diriam isso, afinal, ela realmente parecia minha gêmea. Ou eu o dela. Quando mais novos, quando nossa mãe fingia ser uma mãe, ela nos forçava a usar roupas iguais para encantar os convidados. 

Janny sempre foi a primeira a saber de tudo na minha adolescência. Eu só tinha a ela. Depois que ela se graduou, eu sei que esperou que me graduasse também para que pudesse sair de casa. Por mais que houvesse espaço suficiente para nós e sempre fomos independentes, sair de lá era como se livrar de um peso. Não havia nada lá para nós. E cada um seguiu seu caminho. Janny é sempre a primeira a falar comigo, acho que ela ainda pensa que sou um garotinho perdido a enxergando como na imagem de minha mãe. Mas nunca foi assim. Ela só era o meu porto seguro, até eu entender que também precisava ser o dela. 

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