Eu sei que não há retorno para nós agora...

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Os dedos de Gulf batiam incessantemente contra a bancada. Não podia ver, mas tinha certeza que seus pés moviam-se no mesmo ritmo. Subo meu olhar para encontra-lo mordendo o lábio inferior, fitando seu celular. 

- Gulf, vai dar tudo certo. - Tento manter a minha voz mais positiva possível, entretanto, seu humor já mudou tanto nessas últimas semanas que eu comecei a variar junto a ele. 

- Claro que vai. Eu só quero que eles cheguem logo para eu acabar com isso. - Acreditava em suas palavras, mas não era apenas isso. Gulf vinha mudando de ideia a cada dia sobre contar ou não sobre nosso relacionamento. Eu realmente nunca pensei que seria uma questão tão difícil para ele. Mesmo após decidimos não falarmos sobre, ele se sentia culpado por esconder nosso namoro. Tirando seus momentos de silêncios extensos, em que ele usava para pensar sobre seja o que mais o incomodava, estava indo tudo perfeitamente bem. Eu estava feliz. Ele me fazia muito feliz. 

Sua mãe ainda não aceitava, nosso primeiro mês jantando juntos foi interessante. Gulf poderia negar firmemente, mas os dois se pareciam demais em seus jeitos. E sentia que por mais contraria que ela dissesse ser, dentro de si mesma, já estava bem com isso. E mesmo assim, Gulf não tranquilizava. 

Infelizmente, eu não entendia de onde vinha a ansiedade dele, mas eu queria poder apoia-lo, por isso, faço o meu máximo para que ele não perca seu tempo pensando sobre o porquê dele não se sentir a vontade de revelar. Mas Gulf era um cara difícil. Se tornou mais difícil depois que começamos a namorar. Veja, eu estou completamente apaixonado por ele, mas nenhum sentimento me impedia de ficar esgotado de pedi-lo para ser mais organizado. A estadia dele em minha casa se tornou maior, era quase como se estivéssemos morando juntos, e tudo era perfeito, até ele bagunçar cada cômodo. 

Como uma pessoa conseguia fazer tamanha desordem é algo que eu não entendo. Ele consegue usar três toalhas diferentes em um único dia, papeis espalhados para além do escritório, as fitas antigas de vídeo games jogadas no chão da sala quando a caixa para guarda-las estavam exatamente ao lado. Gulf provavelmente tinha repudio em arrumar a cama, por as roupas na lavanderia e posicionar sua escova de dente no local apropriado. 

Eu ainda o amo. 

Mas esse tempo juntos me fez ver que eu ainda estava o conhecendo, ou lidando com esse seu lado que antes eu não precisava me preocupar. Porém, independente de tudo, Gulf era a melhor parte dos meus dias. Poder conversar com ele com o bônus de encontrar conforto em seus braços nos dias estressantes, estar aqui para ele sempre que precisar, seus beijos, sim, os beijos dele com toda certeza valia a pena. Independentemente de sua pouca organização, de seus silêncios e sua birra durante os jogos, eu sinto que estou vivendo uma das melhores relações de minha vida. Obvio que tínhamos que nos acertar em várias outras pautas, brigávamos por besteiras, como, Gulf rabugento de manha se opondo a comer o que eu faço, já que para ele era "sem glúten é demais para uma manhã azeda" , ou ele constantemente reclamar sobre minhas falhas e rasas tentativas de arrumar tanto o seu quanto o meu guarda-roupa. Sim ,e ele brigava comigo por eu tentar ajeitar as roupas. Coisas banais que fomentam nossa relação. 

- Ele é seu amigo, não acha que ele vai ficar chateado com você ? - Fecho meu livro e me inclino em sua direção. Seguro sua mão nervosa e lhe lanço o meu melhor sorrio. 

- Kio é um cara tranquilo, você sabe disso mais do que eu. E, se ele não aceitar, o que você vai fazer ? Terminar comigo ? - Gulf revira os olhos. 

- Seja como for não quero brigar com ele. - Sorrio o assistindo ignorar minha pergunta. Ele ficava com vergonha de coisas tão simples, era fascinante. - Me dá aquele seu chá horrível, minha garganta está doendo. 

Assim que repouso o chá a sua frente, seus me encaram sérios. 

- O que ? - Me sentia sendo acusado de algo. 

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