As coisas começaram leve. Eu comecei a chorar em silêncio, mãe com o tempo tinha ido piorando, o olho vermelho, a dificuldade para respirar, o desespero. Fui para o banheiro, achei que um banho poderia me acalmar mas acabei soltando alguns soluços enquanto tentava me recompor, os pensamentos negativos, as memórias, lembranças. Tudo invadia minha cabeça sem pedir autorização e me fazia quase sufocar. Quando sai do banho os olhos pareciam ainda mais vermelhos e eu continuava chorando.Achei que tinha me acalmado diversas vezes mas não consegui, tentei respirar pela boca para me sentir menos sufocada, queria ter certeza que eu ainda respirava e achei que aquilo poderia me ajudar. Quando ouvi batidas na porta do banheiro não sabia o que fazer, não responder séria pior então fiz de tudo para parecer bem e falar com uma voz tranquila.
-Oi.
-As crianças já foram embora, sou eu o Axel. Acho que eu vou também.
-Uhum. Claro. Pode ir -Minha voz saiu mais embargada, e as lágrima já tinham piorado. Ele não saiu, não ouvi seus passos se afastarem. -Axel. -Soltei um soluço, foi automático ele abrir a porta depois disso. Como se fosse a certeza de que eu estava mesmo chorando.
-Amanda. -Eu estava sentada no vaso já vestida e ele se sentou no chão na minha frente agarrando minhas mãos. O choro piorou e eu não consegui conter o soluço.
-Eu tô cansada de chorar.
-Eu sei. Eu sei. E eu não sei o que posso fazer para te ajudar além de ficar do seu lado e deixar você chorar o quanto precisar.
-Chorar não vai aliviar a dor.
-Mas vai expressar ela. Isso também é importante.
Tentei limpar o rosto e ele tirou minhas mãos dali, levantou e me colocou de volta no chuveiro mudando para água gelada. Tive uma franqueza nas pernas e ele me segurou.
-Vou buscar uma cadeira. Só não se machuca -E saiu voltando minutos depois com uma cadeira de plástico e colocando onde a água batia.
-Não é mais fácil encher a banheira? -Ele colocou a banheira para encher mas ainda sim me colocou na cadeira
-Você precisa molhar a cabeça. Pelo menos me ajuda. -Ele beijou minha testa. -Mas eu não posso te dar banho. Te tocar vai piorar o que você tá sentindo e eu não quero ser nunca a causa da sua dor mesmo sabendo que é quase impossível evitar.
-Tudo bem. Só fica do meu lado. -Tirei a roupa ficando de calcinha e sutiã enquanto tomava um banho gelado e deixava a água correr. Não sei quanto tempo eu demorei em baixo da água mas ele não me abandonou. Eu desliguei o chuveiro e antes de me enrolar na toalha ele apontou para banheira. Eu deitei ali, afundei o corpo completamente e soltei o ar. Dava para ver através da água o desespero do Axel então subi rápido antes que ele fizesse isso ou achasse que eu estava tentando me matar. -Eu não ia fazer nada.
Os olhos dele se inundaram e eu repeti várias vezes a mesma frase fazendo ele chorar de verdade, tentei secar seu rosto mesmo com as mãos molhadas.
-Axel. Eu tô bem. -Eu não estava, não de verdade. Naquele momento, mesmo que fosse só momentâneo, eu me sentia morta por dentro. E as lágrimas não deixaram de cair enquanto eu insistia que estava tudo bem.
- Só... -Ele pegou a toalha e eu obedeci me enrolando nela. -Vou pegar uma roupa para você se trocar.
-Eu não sei se quero. Ou se consigo fazer isso de novo.
-Claro que você consegue, não vai dormir com a roupa molhada. -Ele buscou a roupa e me entregou. -Eu não vou fechar a porta toda. E tô bem ali do outro lado. Ok?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Magnata e O Babá
RomanceQuantas historias sobre magnatas você por ai? Um cara forte, bonito, aquele corpo perfeito e sempre de terno. E se eu te contasse que os papéis se inverteram? No caso de Amanda Butterman ela é a empresaria bem sucedida, comanda uma empresa famosa e...