A Magnata e O Babá

Capítulo 3

Axel Amon

Depois de algumas semanas o trabalho se tornou mais normal, aos poucos Amanda ia se acostumando com a minha presença e eu ia me acostumando com as regras dela e como tudo funcionava, ela não era muito organizada fora do trabalho mas o escritório sempre estava impecável mesmo que ela não gostasse que eu mexesse muito lá. Eu limpava mais o básico e nunca mexi nos documentos com medo de bagunçar tudo ou perder algo importante, apesar dela ter se adaptado a com a minha presença semana passada tivemos uma bela discussão. Rio ao me lembrar da expressão na casa dela ao ver as roupas intimas penduradas no varal ainda molhadas junto com algumas outras peças de roupas e algumas infantis já secas e dobradas para serem guardadas.

-Você lavou a roupa? -Achei ridículo o tom de voz ela usou comigo, hora essa.

-É claro. É meu trabalho.

-Não, seu trabalho é cuidar da casa e dos meus filhos. -Olho para ela confuso e ela fica levemente rosada ou de irritação ou de vergonha pelas palavras seguintes -Não é nada com você mas eu não gosto que outras pessoas fiquem mexendo nas minhas roupas íntimas e caso você ainda não tenha reparado uma lavadora vem buscar as roupas sujas todo sábado e entrega de volta na segunda, Gosto dela porque consegue se livrar das manchas na roupa das crianças.

É claro que eu não sabia, não trabalhava aos sábados. E porque a máquina de lavar se ninguém lava a roupa aqui? Ela torce tão bem a roupa que nunca vi pingar nem uma gota de água das roupas no varal! Até nas toalhas e cobertas grossas ou nos bichos de pelúcia fofinho que Aurora insistia em carregar para todo lugar, os tadinhos voltavam todos cheios de terra o lama para casa e eu ficava com medo de que ela pegasse alguma bactéria se tentasse dormir com eles então nunca parei de lavar os brinquedos. Tão pouco ouvi reclamações. Logan era extremamente fofo com aquelas bochechas rosadas se destacando mais que a da irmã pelo comprimento de cabelo, ele não andava com bichos nem dormia com eles para se mostrar corajoso! Dizia que era forte como um leão. Contei para ele que não tinha problema chorar nem agarrar os bichos de pelúcia nas noites mais escuras como costumava ver ele fazer escondido, porque até o mais bravo dos leões chora às vezes.

Amanda sempre foi fria comigo, achava que ela era assim com todos ao seu redor, não tinha muita chance de ver ela interagindo com os filhos até porque minha função era estar lá quando ela não estava. Mas mesmo assim aproveitava cada segundo em que os 3 se reunião para observar o jeito carinhoso que ela os tratava, as brincadeira, o modo como ela sempre parecia saber o que dizer e como se esforçava para manter contato com eles mesmo a distancia e se manter presente quando eles não estavam ao lado dela. Alguns dias eu passava mais tempo lá e ela mais tempo no trabalho, algumas vezes ela fazia chamada de vídeo com os filhos e como não dava tempo de passar em casa para comer os três comiam de frente para tela para se encararem e conversarem como se estivessem reunidos. Muita das vezes ela se esforçava para conseguir comer o mesmo que eles e até brincava fingindo roubar um biscoito do prato do filho ou algo assim o fazendo rir e exibindo a covinha linda e idêntica deles.

A covinha era a única parte dela que estava bem clara nos filhos, eu não sabia nada e não queria perguntar, nunca me achei no direito e ela não me da confiança para fazer perguntas tão pessoais assim, alias confiança nenhuma com aquele jeito mandão e evitando me fitar por muito tempo. Era estranho me sentir observado o tempo todo por alguém que não me olha nos olhos e ao mesmo tempo em que avalia meu serviço, às vezes me ignora por completo como se eu não existisse, outro dia quando "Tia Nina" veio nos visitar suspirou aliviada ao ouvir minhas queixas de problemas o que me deixou ainda mais confuso foi o que ela disse.

-Graças a Deus!

-Estou me queixando com medo ser denunciado e você comemora?

-Significa que ela confia em você -penso na ignorância dela e o jeito insensível que me deixa nervoso por ela não agradecer e quando agradece parece mais um comando do que qualquer outra coisa.