Axel Amon
A preocupação e o medo por Jhone me fez ignorar os riscos que aquele plano me colocava e apesar de morar o receio da Amanda não pude deixar de ir, afinal era um bom plano. Ela distrai ele e quando eu conseguir imobilizar o cara ela chama a polícia, e se tudo correr bem Jhone vai ficar seguro deitado na cama dele amanhã. Os eventos de hoje tinham me aproximado muito dela, de um jeito que não estava acostumado ou sabia lidar, Amanda rindo da minha cara, brincando comigo, me vendo desfilar e me deixando tocar ela sem surtar.
Nem tivemos tempo para falar sobre o incidente do banheiro, mas a reação dela não foi de alguém que pretendia se afastar ou que estava nervosa, talvez Amanda até quisesse me beijar e essa possibilidade me enche de esperança de coisas que eu devia afastar. Ter ela tão próxima, não só fisicamente mas em sentido de ligação mesmo, de estar com ela e me divertir com ela, isso foi incrível, uma sensação que não quero esquecer. É algo que eu quero repetir e que não me permite jamais cogitar em colocar ela em risco, eu não iria fazer isso nunca, entre Amanda e eu, prefiro que seja eu. A lógica do dinheiro foi uma boa desculpa mas o menor dos meus medos. Minha preocupação é em ela estar bem porque se ela morresse eu me sentiria morto por dentro.
Não dá para imaginar Logan e Aurora sem a mãe deles, a dor deles era algo que não conseguia nem projetar na minha cabeça, mas a dor que eu sentiria rasgava meu peito mesmo em uma mera imaginação que não chegava aos pés do sentimento real, eu poderia chorar de tanto que aquilo doída, chegava a ser realmente físico imaginar a falta que ela faria. Pensei em beijar ela para me despedir ou fazer alguma coisa mas Amanda não era uma pessoa de contato e ter uma discussão ali ou presenciar outro surto não parecia um bom plano para salvar Jhone do pai, tentei segurar sua mão e minha consciência não permitiu.
Quando ela me deixou ali plantado no meio da rua comecei a pensar na possibilidade de não existir arma de choque alguma com o motorista, o que me faria entrar em desvantagem. Amanda não ia me deixar ir sem nada e eu não teria coragem de contar para ela. Se ela soubesse não me deixaria ir e se eu não fosse ninguém ia salvar o Jhone e eu também não podia aceitar que alguma coisa acontecesse com ele, amava aquele garoto demais para isso e queria protegê-lo a todo custo, engoli em seco tentando reprimir o medo de entrar desarmado e a reação que Amanda teria sobre isso. "Jonathan é tudo que importa agora, você não precisa deixar de sentir medo. Só precisa ter coragem o suficiente para enfrentar seu medo por ele".
Foi a essa ideia que eu me agarrei quando o carro parou a minha frente e eu entrei nele, liguei o piloto automático afastando qualquer pensamento possível enquanto estava a caminho do que poderia significar a minha morte, esperei um tempo para conseguir dar chance a Amanda de ir na casa da mãe e voltar, depois entrei. Fiquei escondido observando ele andar de um lado para o outro brincando com uma arma na mão enquanto conversava no celular com outra pessoa, tive que ouvir ele falando atrocidades sobre a esposa e do que faria com ela, minha raiva foi de acumulando enquanto ele continuava dizendo absurdos. Quem ele pensava que era? Depois de tudo que a esposa sofreu ele ainda conseguia jogar a culpa nela? Eu jamais abandonaria um filho mas não julgo ela por ter feito isso. Se não tivesse talvez estariam os dois aqui agora sendo feitos de brinquedo por um cara pronto para matar eles no primeiro sinal de insatisfação.
Talvez a fosse uma péssima mãe para alguns, mas uma mulher capaz de abandonar o próprio filho para segurança dele, aos meu olhos era uma super heroína.
Quando ele ligou para Amanda meu coração disparou e eu comecei a sentir a adrenalina chegando no meu corpo, eles conversaram pelo que parecia uma eternidade e eu só queria que ela me ligasse logo, se Jhone estivesse realmente ali eu teria que rodar o lugar a sua procura e estaria exposto demais andando de costas para ele sem ninguém na retaguarda. E imaginar as coisas que ele poderia ter feito ao filho nesse curto tempo fazia meus olhos se encherem de água, a possibilidade de eu não ser o suficiente para resgatar o menino sozinho e a chance dele fugir sobe minha responsabilidade.... Tudo aquilo me sufocava e continuou sufocando até ela finalmente me ligar. Senti como se tivesse voltado a superfície depois de um longo mergulho e finalmente estivesse sentindo ar nos meus pulmões, dois segundos depois eu respirava como alguém tinha acabado de correr uma maratona pensando em como chegar até o cara sem levar um tiro no caminho. Eu só tinha que garantir que ele continuasse ali até a polícia chegar para prender ele.
Consegui me aproximar meio devagar para não fazer barulho e o agarrei por trás disparando o choque em suas costas, ele deixou o telefone cair no chão mas manteve a arma em mãos apesar da perda de equilíbrio, em um rápido movimento ele virou a arma na minha direção apenas virando o braço para trás, colei em suas costas porque ele não seria idiota o suficiente para disparar em si mesmo e joguei meu peso sobre ele antes de ouvir o disparo. Por ter me jogado em cima dele o cano da arma subiu o suficiente para ela ir parar em algum lugar no alto o que me aliviou por não ter atingido ninguém, levei a arma de choque até as costas dele de novo e só parei quando ele desmaiou por fim, o coloquei em uma posição que não conseguiria sair debaixo de mim quando acordasse. Não entendia sobre isso o suficiente para saber quanto tempo ele ia ficar desacordado e foi aí que notei a voz da Amanda gritando, coloquei a chamada no viva voz e ouvir aquilo foi a pior sensação que eu já tive, Amanda estava chorando por minha causa e gritando o meu nome e apesar de gritar de volta e tentar de todo modo fazer com que o celular funcionasse parecia inútil. Com meu microfone mudo foi obrigado a só ouvir Amanda chorando e me gritando incansavelmente, eu tinha vontade de abraçar ela e afirmar que tava tudo bem, como ela não gostava de ser tocada provavelmente fazer um chá calmante e uns biscoitos. Qualquer coisa para ver ela feliz e poder observar aquele sorriso de satisfação pela minha comida. Eu nunca tinha visto ela chorar e saber que aquilo era minha culpa me destruía por dentro, senti como se tivesse voltado para debaixo d'água sem equipamento nenhum, simplesmente mergulhado com tudo dentro do um balde de água fria, cada soluço dela era uma lâmina me cortando profundamente e me marcando de formas diferentes. Eu não tinha quem culpar, eu era o motivo do choro dela. Culpa, remorso e vários sentimentos se misturaram me fazendo sentir um enjôo forte e uma vontade de vomitar tão forte que senti subir e voltar pela garganta que queimava e ardia. Não me sentia no direito de chorar quando ela quem estava sofrendo sem saber se eu tinha morrido ou me machucado.
Quando ele começou a acordar eu dei um choque nele de novo e outra vez até a polícia finalmente chegar, eu queria ir correndo ligar para Amanda mas ela ficaria desesperada ainda mais se a chamada continuasse muda outra vez. Só quando o paramédico começou a cuidar de mim percebi que estava sangrando, o cara tinha um ferro ou coisa do tipo nas costas que deveria estar ali separado para quando chegasse a vez de bater na esposa, o metal conseguiu rasgar minha pele enquanto a camisa permanecia intacta contendo apenas a mancha de sangue bem pequena onde a camisa tocou o machucado novo. O médico limpou e deu pontos no machucado, me fez tomar um calmante e fiquei sentado na ambulância no meio daquela confusão de polícias e carros com a sirene ligada, imaginei no quanto aquele número era grande só por culpa da Amanda que ou fez um escândalo ou usou o próprio sobrenome, era difícil focar no que as pessoas diziam ou perguntavam quando eu olhava ao redor e não a achava lá.
Tentei esquecer aquilo mas na minha mente sua voz de choro e os gritos não paravam de me machucar, eu era estúpido por bolar um plano tão arriscado e cheio de falhas, era mais estúpido ainda por ter feito Amanda sofrer tudo aquilo sem motivo algum. Além do mais fui um grande idiota por deixar o Jhone em risco, por manter ele disponível para adoção mesmo sabendo que algum parente do pai ou o próprio poderiam dar um jeito de adotar o menino de volta e o traumatizar ainda mais.
Eu prometi fazer de tudo pelos filhos da Amanda e não fiz o que deveria pelo garotinho que tanto amo, passei tanto tempo focando no que não poderia ter que não me dei conta do que estava disponível e do que eu queria, não importava se eu não tinha dinheiro ou se tinha algumas dívidas ainda não pagas mesmo com o salário que Amanda me dá ou se passaria dificuldade financeira. Jhonatan Amon agora tinha um pai, um que jamais o abandonaria, encostaria a mão nele ou o machucaria como os outros fizeram. Ninguém nunca mais iria ameaçar ele porque agora ele era meu filho, custe o que custasse eu iria até o fim no processo de adoção.
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A Magnata e O Babá
RomanceQuantas historias sobre magnatas você por ai? Um cara forte, bonito, aquele corpo perfeito e sempre de terno. E se eu te contasse que os papéis se inverteram? No caso de Amanda Butterman ela é a empresaria bem sucedida, comanda uma empresa famosa e...