Capítulo 5

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Axel Amon

Como eu fui tão idiota de não perceber antes? O jeito mais arrogante que o normal comigo, -Se é que isso é possível - a forma com que passava mais tempo em casa, como buscava a presença dos filhos e o jeito que a Nina evitava ir na casa. A parte mais óbvia foi como ela segurava o cordão do pescoço com força com muita frequência como se ele pudesse proteger ela de tudo. Amanda sempre usava o cabelo solto na altura dos ombros, as pontas cacheadas meio onduladas me faziam acreditar que o cumprimento era maior, apesar de estilos e cores diferentes ela usava aqueles terninhos que só de olhar me davam calor, cercada de algumas jóias e anéis para completar o look e às vezes um salto dependendo do bom humor.

Eu devia ter notado antes e o jeito que eu vi aquele dia foi desconcertante, não foi por pena só solidariedade, eu sabia que ela ia gostar de um abraço e não entendi a raiva no dia seguinte, fiquei realmente preocupado com ela e graças a mim ela não gripou. Mereci um agradecimento! Ela ia acabar dormindo naquele escritório com a sacada aberta para o frio entrar, não teria comido nada se eu não tivesse feito algo para ela comer. Um "obrigada" já teria me deixado feliz. Lá estava eu de volta a rotina da "Madame Frieza" quando me ligam dizendo que ela estava no hospital.

Sabe quantos pensamentos vieram na minha cabeça em questão de segundos? E eu sabia que não era um trote, quase ninguém tinha o número fixo da casa por questões de segurança, o que eu faria se aqueles pequenos perdessem a mãe? E é claro que a confusão que ela se meteu não foi nada pequena pelo que a polícia me contou, ela invadiu uma casa porque uma mulher estava apanhando do marido e ela viu uma criança lá dentro sendo obrigada a assistir, e sem defesa alguma ela simplesmente entrou lá dentro, fraturou uma costela por culpa do idiota e ela só conseguiu quebrar o nariz dele e deixar ele com alguns machucados por causa da unha. Ele acabou preso é claro mas ninguém tinha chamado a polícia para ele, chamaram para ela por ter interditado o transito da rua, a polícia passou duas horas procurando as chaves do carro que ela jogou num canto qualquer para o cara não acabar fugindo no carro dela. De onde essa mulher tira essas coisas?

Porém quando entrei no quarto ainda preocupado ela dormia tranquilamente, me sentei ao seu lado um pouco mais calmo ao ver seu rosto tão tranquilo e em paz, foi um alívio enorme. Como minha patroa podia ser tão idiota comigo e entrou numa casa estranha para ajudar uma desconhecida?

Eu não podia dizer "sem ressentimentos", ah eu tinha ressentimentos sim! Ela era uma pessoa capaz de arriscar a vida por uma estranha e não podia dizer um simples "obrigado" para pessoa que passa literalmente o dia inteiro cuidando das coisas mais preciosas que ela tem? Ok a casa não era tão cara assim mas definitivamente tinha algum valor sentimental certo?

Quando ela acordou, eu juntei toda a raiva que podia antes de abrir a boca para confrontá-la.

-Você esta bem?

-Estou -Ela se levantou um pouco e com dificuldade ficou meio sentada meio deitada ainda meio anestesiada na cama do hospital.

-O que você achou que estava fazendo? Seus filhos vão ficar sozinhos no mundo se perderem você, sabe que é a única coisa que eles têm. -Além de bilhares de dólares.

Ela me olhou, séria e depois fez a coisa que eu menos esperava que fizesse. Sorriu. Não era qualquer sorriso, foi aquele sorriso radiante, sapeca, aquele que uma criança faz depois de aprontar alguma coisa divertida, era a primeira vez que eu a via sorrir daquele jeito. Praticamente era a primeira vez que eu a via sorrir, ela sempre sorria para os filhos ou algo relacionado a eles então considero o primeiro sorriso genuíno dela depois de semanas e semanas que trabalho naquela casa. Ah... e como era lindo.

-Ela veio me ver. Ele foi preso, ela disse que apesar de ele não ter quebrado uma coluna nem nada assim ela realmente ficou feliz em ver ele apanhar de uma mulher. -O sorriso cresceu ainda mais radiante e contagiante, não pude deixar de sorrir também deixando toda a raiva se esvair de mim. -Ela estava feliz, pela primeira vez em muito tempo e apesar de insegura disse que tinha fé que ficariam bem, ela e o filho. A delegacia das mulheres pegou o caso, a polícia tirou meu depoimento e de algumas pessoas do bairro, vão levar ela e o filho para um abrigo seguro. Disseram que o menino vai ter todo o acompanhamento psicológico que precisar e prometeram que ninguém nunca mais ia bater nele nem machucar a mãe. Ele ficou tão feliz.

A Magnata e O BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora