Capítulo 4

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Amanda Butterman

Por mais que eu odeie admitir Axel fazia um bom trabalho, a casa estava sempre arrumada, limpa e cheirosa e nem por isso ele deixava de cuidar bem dos meus filhos, Logan e Aurora pareciam bem mais felizes nos últimos dias o que me deixava cada vez mais feliz e às vezes eu me questionava se isso tudo vinha só dele. É claro que a gente se desentendeu algumas vezes e eu tive que brigar sobre "não mecha no meu escritório", "eu contrato alguém para lavar as roupas toda semana", "Isso é incenso?". Mas fora isso eu evitava analisar ele e o trabalho que ele fazia por tempo de mais, em algumas coisas eu podia ser bem perfeccionista e eu não quero demitir um bom funcionário por paranóia , eu precisava dar uma vez na vida um voto de confiança.

Mas a primeira coisa que eu vi ao entrar em casa foi o curativo no joelho do Logan enquanto ele e a Aurora viam desenho no sofá, eu não tenho estado bem nos últimos dias e por mais que pareça paranóia minha eu não consigo deixar de ficar louca ao ver o menor machucado nele. Eles são tão parecidos. Corro até ele largando a bolsa e tudo que eu segurava no caminho, acho que nem fechei a porta apenas me ajoelho no chão na frente dele checando o joelho e se ele machucou algum outro lugar, para o meu alívio só consigo achar o machucadinho do joelho coberto por um curativo enfeitado de desenho animado.

-Você esta bem?

-To sim mamãe eu só machuquei o joelhinho, o tio Axel cuidou dele para mim.

-Oh meu amor. -abraço ele e beijo sua testa ainda o apertando forte. Sinto meus olhos marejados mas eu não sei dizer se é de alívio ou de medo. Ou se é apenas culpa das minhas lembranças. Seco os olhos rapidamente antes que os dois vejam, é tarde de mais para evitar Axel e eu sei que ele viu. Abaixo de novo olhando meus dois meninos lindos, a coisa mais preciosa que tenho. Se eles não fossem tão iguais, eu me preocuparia menos?

-Não se preocupe Amanda, eu cuidei dele não era nada de mais. Se fosse eu teria te ligado. -Não posso deixar de ficar com um pouco de raiva mas não respondo, chamo eles para irem dormir mais cedo e levo dois para o quarto um no meu colo enquanto Axel busca o outro.

Quando os dois estão deitados na cama reclamando de ir dormir cedo Axel pega um livro e lê uma historinha para ele do mesmo jeito que fez quando o vi da primeira vez, agora com mais claridade percebo que o cabelo dele não tem nada de castanho escuro, é loiro um pouco puxado para uma cor escura mas não chega a se tornar castanho. Ele é mesmo lindo e forte como eu descrevi, os músculos se destacando no avental que aprendi a achar fofo, pela primeira vez noto a semelhança que ele tem com o meu ex e os meus filhos, nenhum dos dois me puxou e tinham a cara do pai o que era uma benção mas uma lembrança constante que me causa preocupação e a idéia de acabar fazendo isso com o Axel também começava a me apavorar de maneiras estranhas e bem distintas. Quem se preocuparia com saúde do empregado?

Estava se aproximando o aniversario do dia que o perdi, o trabalho tinha se tornado mais cansativo e vontade de ficar próxima dos meus filhos maior, é irracional mas eu tinha um medo maior de perdê-los nessa época do ano, como se só porque eu estou mais sensível eles também estivessem mais propensos a se machucarem. A dor me marcava profundamente e manchava por dentro, depois da morte dele eu não gostava de ser tocada, como se um simples toque pudesse me fazer lembrar de todas as coisas que passamos juntos, de todas as vezes que ele tocou o mesmo lugar mesmo que fosse um simples encostar nos meus dedos. Eu aprendi a lidar com isso com o tempo e melhorou um pouco mas ainda me incomodava, minha mãe disse que estava feliz que meu problema fosse fácil de evitar e que não influenciava na criação dos meus filhos, disse que eu tive sorte de não ter criado um vício em alguma coisa perigosa apesar da minha dificuldade para me conectar com pessoas novas.

Sem eu precisar dizer nada assim que as crianças pegaram no sono o novo babá foi comigo para o escritório, fechou a porta atrás de nós e dirigiu-se comigo para sacada onde não corríamos o risco de sermos ouvidos por dois loirinhos curiosos e sonolentos. Eu não sabia por onde começar a falar mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele reagiu e me abraçou me deixando surpresa de mais para retribuir.

A Magnata e O BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora