Capítulo 8

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Amanda Butterman 

Ouço duas batidas na minha porta a abandono o livro em minhas mãos o deixando ao meu lado na cama, pelas batidas firmes só podia ser Axel e arredo mais para o canto da cama já que provavelmente deve estar na hora de tomar algum remédio.

-Entra -Encaro surpresa um Axel de olhos marejados e um pouco vermelhos -O que aconteceu? Cadê os meninos?

-Dormindo. Eu só... -Ele me abraça de repente me deixando surpresa e eu o abraço de volta. 

Não sei o que dizer, a surpresa me pega de jeito e ele me aperta mais um pouco o que chega a ser meio sufocante, lembro do dia em que ele fez o mesmo por mim e tudo que eu precisava era de alguém que não fizesse perguntas e me abraçasse. Só o abraço de volta e tento manter o silêncio mas me desespero quando eu vejo que ele voltou a chorar, as lágrimas quentes caindo na minha roupa e me molhando também, tento abraçar ele na mesma intensidade mas não consigo conter a língua. 

-O que aconteceu?

-Eu não quero falar sobre isso, você vai achar que quero alguma coisa de você.

-Não seja bobo Axel. O minimo que posso fazer por alguém que passa o dia todo com os meus filhos é ouvir. -separo o abraço e limpo o rosto dele.

-Meu sobrinho precisa fazer uma cirurgia. É muito cara eu não sei como a gente vai pagar e eu já tenho dívidas no hospital por causa de outros tratamentos dele.

-Vai dar tudo certo, você ta ganhando mais por ficar aqui o dia todo lembra?

-Não vai me dar sete mil oitocentos e noventa reais e sessenta centavos. -Ai. Ok não é uma quantia muito extravagante para mim mas eu nem sempre fui rica 8 mil da noite para o dia não é fácil de conseguir -E pode ter despesas extras

-Sinto muito Axel. Mas você vai dar um jeito -Beijo a testa dele. -Ta tudo bem, se você quiser uma folga ou voltar para o turno de antes

-Você quer fazer eu ganhar ainda menos?

-Se acalma ta, tô tentando ajudar. Respira fundo -Ele me obedece inspirando e expirando lentamente. -Melhor?

-Não muito, eu tô preocupado com ele.

-Deita aqui. -Ele deita com a cabeça no meu colo e faço carinho no seu cabelo, ainda não sei como eu consigo me aproximar dele com tanta facilidade em tão pouco tempo mas acho que é o que eu sou. Não dá para me parar quando alguém precisa de mim.

A gente passou um tempo assim, não sai do lado dele até ele terminar de colocar tudo o que precisava para fora, os olhos vermelhos retornando a cor normal de branco e por fim ele adormeceu ali deitado em meu colo. Ele se parece com alguém que amei, com o único homem que nunca saiu do meu lado e nem me abandonou, o pai dos meus filhos e a pessoa que me amou até o último suspiro. Suspiro e beijo a testa dele carinhosamente, faço carinho em seu rosto ajeitando o cabelo e colocando para longe do rosto, os traços grossos tão familiares agora, o cabelo loiro só um pouco mais escuro que o dos meus filhos e uma beleza genuína, capaz de superar a minha. E eu sou bem confiante.

É estranho ver ele se quebrando assim, sensível e sem ninguém para amparar mas o que me assusta é que ele recorreu a mim e não a algum familiar ou amigo. Eu sou importante assim? Eu sou importante só que... não para alguém fora o Logan e a Aurora. É estranho que o meu empregado se preocupe comigo e venha chorar no meu ombro. Ok, talvez ele só tenha recorrido a pessoa mais próxima no momento e não queria deixar o Logan e a Aurora tristes.

Vou tentar pensar assim e só aproveitar o momento. Quando ele se cansa de chorar e o olho, ele está cansado e machucado, é difícil ter que ser firme pela sua família e a ideia de perder o sobrinho claramente o apavora. Não posso mentir e dizer que vai ficar tudo bem como ele provavelmente fez com a irmã, nem posso prometer nada na verdade porque essas coisas nunca estão sobre nosso controle... Também não posso dizer que entendo porque eu não entendo! Nunca tive que passar por isso.

A Magnata e O BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora