Capítulo 20

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SABINA

Não conseguia parar de olhar para Joalin um só minuto, ela falava a respeito dos temperos que ia colocando no molho, tentava disfarçar o quanto estava atrapalhada. Queria fazer tudo ao mesmo tempo. Errou a receita do molho branco, ficou irritada, rasgou a folha do livro de receitas da Ana Maria Braga. Sorri quando ela queimou o dedo na panela, abriu o freezer e colocou a mão dentro para aliviar a dor. Confesso que aquelas horas que passei na cozinha da casa desta menina, me fizeram esquecer todo o mundo lá fora, esqueci de que eu sou e tudo o que fiz da minha vida antes daquele momento. Quando ela sorria, meu coração parecia saltar do meu peito. Joalin não me questionava como a maioria das pessoas, ela, em nenhum momento, me perguntou sobre os motivos que me fizeram começar a fazer programas. Fiquei em paz por não ter que reviver coisas tão tristes revelando a história da minha vida. Também perdi as contas de quantos sorrisos ela arrancou de mim naquelas horas ao seu lado…

Eu também estava adorando aquele joguinho de sedução que nos envolvia a todo instante. Jo sempre que passava perto de mim, dava um jeito de esbarrar no meu corpo; ora tocava o meu braço, ora segurava a minha cintura para passar atrás de mim, fingia desequilíbrio e pedia desculpas, dizia que era desastrada com um sorriso, aquele sorrisinho safado no cantinho dos lábios que mexe com a libido da gente, adorava aquele sorriso dela. Eu de vez em quando tocava de leve nas suas mãos, ou no ombro quando ia fiscalizar o que ela estava cozinhando; nessas horas, meus seios também tocavam nas costas da menina e eu podia ver os pelos do seu braço se arrepiarem. Só de imaginar que debaixo daquela roupa devia ter um sexo completamente molhado, pulsando de desejo, -assim como eu estava- era de enlouquecer. Eu não pensava em mais nada se não nas minhas mãos percorrendo o corpo dela, os seus lábios passeando pelos meus seios. Eu estava a ponto de abrir as pernas e pedi-la para me comer naquele instante. Estranho descrever pensamentos como esses…

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Já passava de uma da tarde quando fomos almoçar. Eu estava sentada à mesa conversando, ou melhor, tentando conversar com Josh, enquanto Camila foi ao quarto de D. Johanna para levar seu almoço. Não demorou nem dez minutos e a menina voltou desanimada informando que sua mãe não havia tocado na comida. Ver o olhar triste dela ao puxar uma cadeira e sentar-se ao meu lado, me fez agir por impulso.

— Posso falar com ela? – Disse surpreendendo-os.

— O quê?! – Perguntaram juntos.

— Quero ajudar a mãe de vocês… – Encarei Joalin.

— Ela não quer comer! – Falou Josh – É sempre assim. Daqui a pouco teremos que levá-la de volta para o hospital – Balançou a cabeça negativamente.

— Já volto crianças – Falei e sorri para Jo que olhava-me sem dizer nada. Levantei-me. Eu não precisava fazer isso, não precisava tentar fazer com que a mãe de Joalin se sentisse melhor, mas eu queria fazê-lo. Gostei daquela senhora e me partiu o coração ver os olhos da mulher que eu amo tão tristes… Aí Díos mio! Tem dois erros nessa frase. Primeiro eu disse: a mulher; depois completei com: que eu amo. Passei pelo corredor pensando nisso.

Estou enlouquecendo de vez! Amando uma mulher! É o fim do mundo mesmo…

Afastei a porta do quarto. Dona Johanna estava sentada na cama, uma das mãos no joelho, a outra segurava uma fotografia. Ao aproximar-me dela, identifiquei que a pessoa na foto era um homem da mesma idade que ela, olhos escuros, cabelos castanhos e um sorriso claro, polido com covinhas… Daqueles que parecem alegrar qualquer pessoa que o presencie, como o sorriso de Joalin. Toquei o ombro da mulher, ela virou-se de repente.

𝑃𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑟𝑎 𝑀𝑖𝑚 - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora