Capítulo 6

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JOALIN

Sentamos numa mesa próxima a uma casa de chás. Sabina apoiou sua bolsa numa terceira cadeira. Fiquei olhando-a por alguns segundos, estudando os seus gestos naquele momento. Observando-a com meus olhos, duvido que algum de vocês cogitasse a possibilidade dela ser uma garota de programa.

Fiquei admirando aquela mulher a minha frente. Nossa! Como Sabina ofuscava Maria e a encrenca que havia dentro dela! Seu semblante parecia tão calmo... Notei também que sua face estava despida de qualquer vestígio de maquiagem, nem se quer um batom que lembrasse Maria. Seus gestos eram leves, doces, serenos, sensuais e sua voz pausada, levemente irônica, quero dizer... Completamente irônica. Seu olhar era firma, desafiador, ela olhava pra gente como se nada que fizéssemos, ou disséssemos a surpreendesse. Senti meu coração pulsar ainda mais forte diante daqueles pensamentos de análise. Será que eu estava mesmo apaixonada por aquela mulher? É! Eu estava sim! Tô fodida, né? Apaixonada por uma... Uma... Sorri de repente.

Acho que era o desespero mesmo, tenho essa mania, quando fico nervosa começo a sorrir. Tentei disfarçar, mas ela fitou-me no exato momento em que eu sorria. Sorte que o garçom se aproximou da nossa mesa impedindo qualquer pergunta da parte dela referente aquele sorriso bobo! Besta! Idiota! Desesperado? Ops! Já citei isso.

— O que desejam beber, senhoritas? – Disse o rapaz entregando o cardápio em nossas mãos.

— Um mate de morango – Ela pediu

— Uma água – Eu disse... Na verdade, dissemos ao mesmo tempo.

— Você não disse que seria água? – Perguntei.

— Eu menti – Sorriu da minha cara. Ela gostava de me provocar – O que você quer beber, Joalin Loukamaa?

— Tá brava comigo? Me chamando assim... – Escorreguei o dedo nas opções de bebidas que estavam organizadas pelo cardápio. O rapaz sorriu para mim, aquele sorrisinho sem graça, sabe? Acho que ele estava agoniado com a minha demora – Vocês tem Ballantines? – Sorri. Sabina erguei a sobrancelha e balançou a cabeça negativamente. Pela sua carinha, ela conhecia bem whisky.

— É uma casa de chás, senhorita... – Informou o rapaz.

— Que pena... Quero um mate com limão – Disse e logo o rapaz saiu nos deixando "enfim sós" – Há quanto tempo trabalha como... como...

— Stripper? – Completou ela.

— S-Sim – Eu ia perguntar garota de programa, mas não quis ser mal interpretada.

— Alguns anos... – Se limitou a dizer.

— Por quê?

— Gosto de dançar – Disse séria – E você, o que faz da vida?

— Tô no último semestre da faculdade de Educação Física e trabalho em uma academia.

— Filhinha de papai, imagino... – Afirmou com certo descaso.

— Errou! Sou bolsista mesmo.

O rapaz aproximou-se da mesa com nossos pedidos.

— Desejam mais alguma coisa, senhoritas?

— Não querido. Obrigada! – Disse ela sorrindo para o rapaz. Nossa! O garoto quase tropeçou no homem que estava na mesa ao lado. Sabina era sedutora com um simples sorriso, pode isso? Imaginem como essa mulher devia ser cobiçada...

— Coitadinho! – Sussurrei balançando a cabeça negativamente.

— O quê? – Fingiu que não ouviu. Ela se fez de desentendida com meu comentário, mas não deixou passar a oportunidade. Encostou os lábios no canudo branco de listrinhas vermelhas que acompanhava sua bebida e sugou o líquido enquanto me olhava com aqueles lindos olhos castanhos cheios de malícia, não consegui esconder meu desejo diante aquele ato. Se ela estava me testando, eu com certeza reprovei. Sem desviar meus olhos dos lábios dela que ainda estavam grudados no canudo, senti a umidade no meio das minhas pernas. Sabina ergueu a sobrancelha, esboçou um leve sorriso, que eu só notei porque estava vidrada olhando para os lábios dela, abandonou o canudo e ficou me analisando friamente.

𝑃𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑟𝑎 𝑀𝑖𝑚 - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora